Museu Histórico de Sergipe celebra 50 anos em missa solene
“Hoje Sergipe comemora o aniversário de um dos seus maiores patrimônios históricos. Uma vitória para a arte, que é manter um museu por 50 anos funcionando normalmente, e que no momento passa por uma mudança tão boa e transformadora”. Estas foram as palavras emocionadas do poeta e ex-diretor do Museu Histórico de Sergipe (MHS), Manoel Ferreira, durante a missa em ação de graças ao cinquentenário do museu.
A solenidade ocorreu na tarde desta sexta-feira, 5, na Capela da 3° Ordem do São Francisco, localizada no Museu de Arte Sacra de São Cristóvão, e atraiu os amantes da história sergipana para a celebração.
“Essa missa é uma forma de agradecer aos fundadores e às pessoas que mantém o MHS pelo seu cinquentenário, tendo em vista que este é o berço da história sergipana”, afirmou o secretário adjunto da Cultura, Marcelo Rangel. O secretário explicou ainda que muitas festividades marcarão os 50 anos do MHS. “Estamos aguardando o término da reforma na Praça São Francisco para dar início as demais comemorações e inaugurações no Museu Histórico”, completou Marcelo.
Para o diretor do MHS, Thiago Fragata, a comemoração de hoje é uma forma de lembrar os idealizadores e fundadores diretos do museu, além de homenageá-los pelo belíssimo trabalho realizado em prol da cultura sergipana. “Há exatos 50 anos, Lauro Barreto Fontes, que atuava no Iphan, José Calazans, folclorista e historiador, e Maria Thétis Nunes, museóloga recém formada, puseram em prática o projeto de transformar o antigo Palácio Provincial em um museu que contasse a história do estado de Sergipe e do povo sergipano. Foi um trabalho difícil, onde o Governo adquiriu peças através de doações e também da compra de algumas obras, mas o que temos hoje é extremamente valioso, pois o MHS dispõe atualmente de um acervo de mais de três mil peças que retratam cada fase da história deste estado”, ilustrou Thiago.
Novos espaços
O Museu Histórico de Sergipe está localizado na Praça São Francisco, berço da cultura são-cristovense, que concorre pela Unesco à chancela de Patrimônio Histórico da Humanidade, sendo o MHS parte fundamental para a aquisição do título. A partir de então, diversos investimentos em prol da dinamização e modernização do espaço tem ocorrido.
“Muitas transformações ocorreram no MHS para que ele se adequasse às exigências da Unesco para concorrer a Patrimônio da Humanidade. Dessa forma, dia 17 abriremos uma sala de exposições temporárias com uma exibição em homenagem à mudança da capital e a lição de João Bebe Água para os sergipanos. Estamos avançando no projeto museográfico, pois o Governo do Estado está sentindo a necessidade de estruturar, dinamizar este espaço, além de qualificar as pessoas que aqui trabalham. Além disso, iremos reativar a sala Horário Hora, este grande sergipano que precisa cada vez mais ser reconhecido pelo seu povo”, complementou Thiago Fragata.
A dona de casa Eliésia Souza é moradora de São Cristóvão e se diz muito ansiosa por conhecer as novas instalações do Museu Histórico. “Este museu é muito importante para a comunidade de São Cristóvão, que é uma cidade que respira cultura. Infelizmente ainda não tive a oportunidade de conhecer as novidades depois da restauração, mas em breve irei prestigiar este espaço tão importante da nossa cultura”, disse.
Já o jovem Neverton da Cruz, estudante de Museologia e que estagia no MHS, declarou que sempre gostou muito do ambiente dos museus, e se sente honrado de hoje poder fazer parte do corpo de funcionários do MHS. “Na universidade, nós trabalhamos muito a teoria, e eu senti a necessidade de aliar meus conhecimentos à prática. Como sou são-cristovense, sempre fui apaixonado pelos museus desta cidade, assim, quando surgiu a oportunidade de trabalhar no MHS, aceitei com muito entusiasmo, não só pelo fato de lidar com o acervo, mas pelo contato que temos com as pessoas que visitam nosso espaço, além de poder aprender com mais afinco sobre a cultura sergipana”, acrescentou o estudante.
História
O MHS é uma construção de pedra no estilo neoclássico, linhas simples com sacadas ou púlpitos de vergalhões e nos cantos bolas de madeira, servindo como ornamentação. Ainda no frontispício, acima da porta-janela central, encontra-se o símbolo do Império, servindo como marco do Regime de Governo adotado na época da construção do prédio.
O patrimônio histórico funcionou no antigo Palácio da Província de Sergipe, na fase do Brasil Império. Com a mudança da capital, de São Cristóvão para Aracaju, a 17 de março de 1855, o prédio foi desocupado e teve outras funções, como as de Hospital, Cadeia, Exatoria e Escola.
A ideia inicial surgiu de uma reunião no Clube Sergipano, em 1959, entre Lauro Barreto Fontes, José Calazans, o governador Luis Garcia e seu secretário de Governo, Junot Silveira. Do encontro, Junot saiu incumbido de angariar doação e compra de objetos diversos para composição do inestimável acervo. Seu irmão Jenner Augusto, artista plástico, foi convidado para montar a exposição das peças.
Somente em 5 de março de 1960 o prédio é direcionado para abrigar o Museu Histórico de Sergipe, pelo então governador do Estado, Dr. Luis Garcia, através da Lei nº 988 de 21 de setembro de 1960 e integrado à Secretaria de Educação e Cultura pelo Artigo 44 da Lei 1.003 de 8 de novembro de 1950. Hoje, encontra-se sob a tutela da Secretaria de Estado da Cultura.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Museu Histórico de Sergipe celebra 50 anos em missa solene – Museu Histórico de Sergipe (MHS) em São Cristóvão / Foto: Lúcio Telles/Cultura