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Instalado numa região inóspita do município de Canhoba, o povoado Caraíba abriga a Associação Quilombola Dona Paquesa Piloto, uma comunidade de remanescentes de escravos fugitivos, egressos de Matinha, em Águas Belas, interior do Estado de Pernambuco. 

Mais de um século depois de fundada no médio sertão sergipano, a comunidade quilombola é liderada por uma mulher de 33 anos e mãe de oito filhos: Xifronese Santos. “Meu objetivo é conquistar melhores condições de sobrevivência para o nosso povo”, declarou.

A líder afirma que a comunidade, com sua população de cerca de 1,5 mil habitantes, enfrenta dificuldades para continuar sobrevivendo e perpetuando o nome dos seus antepassados, mas sua busca por melhorias ganhou reforço com a recente aprovação pelo Conselho Estadual de Saúde (CES) de duas reivindicações dos quilombolas.

A primeira delas é a realização pelo Sistema Único de Saúde (SUS) do exame eletroforese, que identifica em adultos a presença da anemia falciforme, doença que atinge 90% dos negros e é responsável pela vida curta de seus portadores: os homens morrem, em média, aos 42 anos de idade e as mulheres, aos 48 anos.

“Como mulher e mãe me preocupo demais com esta doença. Por isso, recebi com alegria a notícia de que agora poderemos fazer este exame pelo SUS”, enfatizou a presidente da associação, sugerindo que o Estado viabilize a realização do exame, providenciando para que a coleta do sangue seja feita nas próprias comunidades quilombolas.

A anemia falciforme (ou depranocitose) é o nome dado a uma doença hereditária que causa a má formação das hemácias, que assumem forma semelhante a foices (de onde vem o nome da doença), com maior ou menor severidade de acordo com o caso, o que causa deficiência do transporte de oxigênio nos indivíduos acometidos pela doença. A doença não tem cura e provoca fortes dores e inchaço nas articulações, dores abdominais e tontura.

O segundo avanço promovido pelo CES, que tem como presidente o secretário de Estado da Saúde, Antônio Carlos Guimarães, trata-se da dispensação pelo Centro de Atendimento à Saúde de Sergipe (Case) dos medicamentos que são necessários ao tratamento dos portadores da anemia falciforme.

Mês da mulher traz boas notícias

Para Maria Neuma Santos Alves, 46 anos, receber as duas boas notícias no mês em que as atenções estão voltadas para a mulher é muito significativo. “Sou mãe de 11 filhos e avó de seis netos. Há muito tempo a gente fazia esta reivindicação. Agora podemos nos sentir mais otimistas, já que além do exame teremos também os remédios que são necessários ao tratamento”, disse.

Compartilhando do mesmo sentimento, Maria Luíza da Silva, 53 anos, portadora de deficiência visual, pede que os exames sejam realizados na comunidade. “Vivemos quase isolados e esquecidos. Aqui não temos transporte público, a não ser o ônibus de estudante que passa para Aquidabã e quando é possível fazemos uso dele. Para mim, será muito difícil me deslocar para a sede de Canhoba ou outra cidade para realizar o exame”, revelou.    

Quilombos

O Estado de Sergipe possui 52 quilombos, sendo que somente 15 deles são reconhecidos. A informação é de Maria do Céu Vieira Santos, coordenadora Geral da Sociedade de Apoio a Pessoas com Doenças Falciforme (Soatafi), e que realiza um trabalho de extrema importância com as comunidades.

“As pessoas que vivem nos quilombos precisam da atenção, do cuidado e de ações de melhorias que vão desde condições estruturais até condições de saúde, pois não podem viver no esquecimento. Tenho uma preocupação especial em relação à necessidade de se realizar uma ampla discussão sobre uma doença pouco conhecida da população, que é a anemia falciforme, e preservar essas comunidades de tão rica história de vida”, conclui.

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