Literatura de cordel marca presença no Arraiá do Povo
Natural de Aracaju, Ronaldo Dória, 64, atua há dez anos como cordelista. Sua relação com a arte de contar histórias e fazer versos, porém, vem de muito antes. "Quando eu era pequeno, meu avô João Rodrigues reunia a gurizada, acendia um candeeiro e contava histórias a noite inteira. Isso me marcou", conta o autor. Apesar do contato precoce com as histórias, Dória se afastou da literatura e se tornou profissional de contabilidade. Já próximo da aposentadoria, porém, tomou uma decisão definitiva. "Disse a mim mesmo que nunca mais iria querer saber de números", disse aos risos. Hoje, o trovador contabiliza 76 obras de sua autoria.
Segundo ele mesmo, assunto é o que não falta. "Cordel é uma linguagem muito bonita. É possível falar sobre qualquer assunto e resumi-lo em oito páginas". Ainda para Dória, a literatura de cordel deveria ser melhor aproveitada para a educação. "Muita gente aprendeu a ler de tanto folhear o cordel". Olhando com orgulho para toda a sua obra disposta em cima da mesa, Dória disse estar satisfeito com o espaço disponibilizado para divulgar seu trabalho. "Não temos muitos lugares para expor nossos livros. Por isso esse espaço é fundamental para nós. A cultura deveria ser prioridade em qualquer lugar", destacou.
Já o recifense Pedro Amaro Nascimento, 70, se dedica aos versos desde os 13 anos. Dentre os assuntos de suas inúmeras obras, figuram teologia, literatura, história, política e até uma biografia do papa João Paulo II, que o cordelista enviou ao papa Bento XVI. Ex-repentista, Pedro Amaro ressaltou a importância do espaço do Arraiá do Povo para a restauração da força do cordel no imaginário popular. "Esse local é muito bom para nós. E aproveito para convocar os jovens, pois muitos cordelistas têm a minha idade. Se a juventude não se interessar pelo cordel, ele logo se acabará", disse.
Nos versos de sua obra "A Capital do Forró", Ronaldo Dória reforça a convocação."Tem festa no interior e também na capital. Temos folguedos na orla e no mercado central. Pois quem é bom forrozeiro vai dançar o mês inteiro neste grande arraial".
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]
- Literatura de cordel marca presença no Arraiá do Povo – Foto: André Moreira / ASN