Jackson acompanha palestra e lançamento de livro da historiadora Anita Prestes
Filha dos militantes comunistas Olga Benário e Luiz Carlos Prestes, a historiadora Anita Leocadia Prestes esteve em Aracaju na noite desta segunda, 18, lançando seu livro ‘Luiz Carlos Prestes – O combate por um partido revolucionário (1958-1990)’, publicado pela Editora Expressão Popular. O lançamento – antecedido por palestra e debate com a autora – ocorreu no auditório da Reitoria da Universidade Federal de Sergipe (UFS), onde esteve presente o vice-governador do Estado, Jackson Barreto.
“Sempre fui um simpatizante da causa de Luiz Carlos Prestes. Também fui militante clandestino do partido Comunista durante a Ditadura Militar e acompanhei todo o processo da luta interna do Partido. Foi justamente nesse momento que deixei a militância, de modo que essa oportunidade me permitiu compreender melhor os acontecimentos. Nunca deixei de ser um admirador das causas pelas quais Prestes deu a sua vida e nunca deixei de ser um cidadão que sempre acreditou no socialismo”, ressaltou o vice-governador.
Ao cumprimentar Anita Prestes, Jackson remeteu ao ano de 1987, quando era prefeito de Aracaju e inaugurou a Escola Municipal Olga Benário, no bairro Santos Dumont. Na ocasião, Anita esteve na capital sergipana acompanhada do pai, fato que atraiu comunistas de todo o estado.
“Fico feliz em revê-la. Acho que Luiz Carlos Prestes deu uma grande contribuição para o nosso país e Anita Leocadia continua segurando essa bandeira como uma militante comunista e temos muito respeito pela história de Prestes. Com esse livro ela busca divulgar para as novas gerações a luta de seu pai”, acrescentou Jackson.
Em sua palestra Anita traçou um panorama geral sobre o livro que aborda a luta final de Prestes contra as tendências que considerava ultrapassadas na direção do Partido Comunista Brasileiro (PCB). “Ele trava uma luta grande para tentar modificar as posições políticas que vigoravam na direção do comitê central. Posições essas que ele considerava que se caracterizavam por uma abandono da perspectiva revolucionária, por uma postura reformista, pela perda de uma autonomia revolucionária”, destacou.
Segundo a autora, algumas dessas posições foram expostas por Prestes na Carta aos Comunistas, escrita em março de 1980, meses após seu regresso do exílio na Europa. “Havia uma peculiaridade. Na medida em que ele era secretário geral do partido, ele não podia se pronunciar de público a respeito das opiniões divergentes que ele tinha. Então tem uma série de documentos inéditos com os quais eu trabalhei porque na época ele não podia divulgar, mas que hoje estou trabalhando com esses documentos”, acrescentou.
A palestra de Anita Prestes que antecedeu a sessão de autógrafos de seu livro foi presenciada ainda por diversos estudantes universitários e integrantes de movimentos sociais.
Biografia
Anita Leocádia Prestes, filha do líder comunista Luiz Carlos Prestes e Olga Benário Prestes, nasceu no dia 27 de novembro de 1936, em Barnimstrasse, prisão destinada às mulheres na Alemanha Nazista, para onde sua mãe, judia alemã e comunista, foi levada após ser deportada do Brasil, por Getúlio Vargas, aos sete meses de gravidez.
Da companhia materna desfrutou apenas até os catorze meses quando a avó, Leocádia Prestes, conseguiu resgatá-la, após intensa campanha internacional. Em 1945, após o fim do Estado Novo, então aos nove anos, Anita chegou ao Brasil e pôde, finalmente, conhecer o pai, liberto após nove anos de prisão, na qual permaneceu praticamente incomunicável.
Professora doutora do Departamento de História do Brasil na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e historiadora, Anita iniciou sua trajetória acadêmica no Brasil, onde concluiu a graduação em Química Industrial (1964) e, no período da ditadura militar, obteve o titulo de Mestre em Química Orgânica (1966).
Perseguida pelo regime militar e indiciada por subversão (1972), foi condenada e julgada à revelia, sendo condenada a quatro anos e meio de detenção. Escapou da prisão por haver se exilado, no inicio dos anos 1970, na extinta União Soviética (URSS), onde recebeu o título de doutora em Economia e Filosofia pelo Instituto de Ciências Sociais de Moscou (1975). Foi Anistiada em 1979, como conseqüência da primeira Lei de Anistia no Brasil.
Em 1990 recebeu o título de Doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF), tornando-se por concurso público, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992), até aposentar-se em 2007.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Jackson acompanha palestra e lançamento de livro da historiadora Anita Prestes – Fotos: Marcelle Cristinne/ASN