HUSE realiza primeira captação de pâncreas para transplante
O esforço conjunto da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT) do Hospital de Urgência de Sergipe Governador João Alves Filho (HUSE) e da Central de Transplantes de Sergipe, que funciona anexo ao hospital, permitiu esta semana um registro inédito para o Estado. Na quarta-feira, 9, foi realizada com sucesso a primeira captação de pâncreas para transplante em Sergipe.
A retirada do pâncreas, assim como de outros cinco órgãos, duas córneas, dois rins e um fígado, foi feita durante cerca de seis horas no Centro Cirúrgico do HUSE. Todo o procedimento envolveu aproximadamente 25 profissionais, entre integrantes da CIHDOTT, da Central de Transplante, cirurgiões, pessoal do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de Aracaju, além de uma equipe de Salvador (BA) e outra de São Paulo (SP), para onde foram transportados respectivamente o fígado e o pâncreas doados.
O doador dos órgãos foi o jovem de 17 anos J.W.S., do município de Capela, a 67km de Aracaju, no norte do Estado. Ele deu entrada no Hospital de Urgência no dia 28 de abril, vítima de um acidente de moto. A morte cerebral do paciente foi constatada no dia 7 deste mês, pelo médico plantonista do HUSE.
Procedimentos
De acordo com Rosângela Amaral, coordenadora da CIHDOTT, dois exames neurológicos comprovaram a morte cerebral irreversível de J.W.S. "A partir do primeiro exame neurológico e da confirmação da morte cerebral, iniciamos os procedimentos definidos pelo protocolo do Conselho Federal de Medicina para viabilizar a captação dos órgãos a serem transplantados", explicou a médica.
Segundo ela, primeiro a família do paciente foi contactada para autorizar a remoção dos órgãos. Depois que a doação foi autorizada pelos pais do jovem, mobilizou-se a equipe da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) e foram realizados exames para fechar o diagnóstico da morte e checar as condições clínicas do doador, garantindo que ele não era portador do vírus HIV ou de doenças como a de Chagas e hepatite. O exame de imagem chamado ‘angiografia cerebral’ foi realizado no Hospital São Lucas, para onde o doador foi transportado pela equipe do Samu da capital.
Tempo
Segundo a coordenadora da CIHDOTT, além do pâncreas, fígado, rins e córneas, a família do paciente também havia autorizado a doação do coração. "Infelizmente, o paciente em melhor posição no ranking nacional para receber o órgão era do Ceará, mas não foi possível à CNCDO daquele Estado viabilizar a vinda de uma equipe e fazer o transporte em tempo hábil para o transplante", esclareceu Rosângela Amaral. No caso do coração, a captação e o transplante propriamente dito devem ocorrer num espaço de tempo que varia de quatro a seis horas.
Para as córneas, o prazo limite é de até 14 dias e, para o fígado, 12 horas. Transplantes de pâncreas devem ser feitos em 18 horas no máximo (o ideal são 12) e, para os rins, o limite deve ficar entre 24 e 36 horas. A escolha do paciente a ser transplantado é estabelecida através do ranking nacional de receptores, mas depende principalmente da compatibilidade entre o órgão doado e o paciente receptor, com prioridade para os inscritos no Estado onde for feita a captação.
Números
Desde que começou a funcionar efetivamente, no começo deste ano, a CIHDOTT do Hospital de Urgência, criada em cumprimento a determinação do Ministério da Saúde, já viabilizou 24 captações de órgãos para transplantes. A Comissão é encarregada pela busca ativa de órgãos e tecidos para transplantes e trabalha integrada à Central Nacional de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNNCDO), que compõe o Sistema Nacional de Transplantes, e à Central de Transplantes de Sergipe.
De janeiro a abril, foram realizadas 15 captações de córnea e três de rim. No mês de maio, até esta sexta-feira, 11, já haviam sido realizadas três captações de córnea, uma de rim, uma de fígado e uma de pâncreas.
De acordo Benito Oliveira Fernandez, coordenador da Central de Transplantes de Sergipe, existem hoje 603 pacientes receptores na fila de espera por órgãos no Estado. Deste total, 350 são pessoas que esperam por um transplante de córnea, enquanto os 253 restantes aguardam por um rim. Este ano, o trabalho conjunto da CIHDOTT e da CNCDO já permitiu a realização de 32 transplantes, 22 deles via Sistema Único de Saúde (SUS).
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- HUSE realiza primeira captação de pâncreas para transplante – Foto: Márcio Garcez/Saúde