HUSE atua na redução das filas de pacientes para transplantes
O trabalho da Comissão Intra-Hospitalar para Captação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT) do Hospital de Urgência de Sergipe Governador João Alves Filho (HUSE) vem contribuindo para reduzir a fila de pacientes que esperam por um transplante de órgão em Sergipe. De janeiro, quando efetivamente a comissão começou a funcionar, até maio, já foram realizadas 26 captações, todas notificadas à Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) e à Central de Transplante de Sergipe, que funciona anexa ao HUSE.
Segundo Rosângela Amaral, coordenadora da CIHDOTT, das oito captações de órgãos realizadas em maio, cinco foram de córneas, uma de fígado, outra de rim e a última de pâncreas. "Vale lembrar que no caso das córneas ou dos rins, cada captação na verdade representa a possibilidade de retirar mais dois pacientes da fila de espera por um transplante", explica a médica. Desta forma, somente em maio, o HUSE, que é cadastrado junto ao Ministério da Saúde como hospital captador de órgãos, abriu a possibilidade de realização de 14 novos transplantes.
No mês passado, a Comissão Intra-Hospitalar conseguiu, através de entrevistas, o consentimento de cinco famílias de pacientes para captação dos órgãos. Com o apoio da Central de Transplantes, a CIHDOTT realiza entre cinco e seis buscas ativas por potenciais doadores durante 12 horas por dia.
Ineditismo
Entre as captações viabilizadas pela CIHDOTT em maio, a de múltiplos órgãos realizada no dia 9 foi inédita no Estado e permitiu, pela primeira vez, a retirada de um pâncreas. Um jovem de pouco mais de 17 anos, natural de Capela, foi o doador do órgão. Ele também doou suas córneas, rins e fígado.
O procedimento para a remoção dos órgãos, realizado no Centro Cirúrgico do HUSE, durou quase seis horas e mobilizou cerca de 25 profissionais de saúde, inclusive uma equipe de Salvador (BA) e outra de São Paulo (SP), para onde foram transportados respectivamente o fígado e o pâncreas doados.
Dificuldades
Uma série de fatores, inclusive de ordem sócio-cultural, contribui para a recusa dos familiares em permitir a retirada de órgãos do paciente. De acordo com as estatísticas da CIHDOTT, além da falta de informação sobre o processo, o desejo dos familiares de sepultar o corpo íntegro e o desconhecimento da vontade do potencial doador quando em vida dificultam as doações.
A coordenadora Rosângela Amaral informa que também contribuem para inviabilizar a doação convicções religiosas e, em muitos casos, a incompreensão sobre o que é a morte encefálica. Especialmente no Nordeste, a morte ainda está muito associada à simbologia do coração e o seu funcionamento ainda é considerado um sinal de vida do paciente para a maioria das pessoas.
Outros fatores
Atualmente, o maior percentual de óbitos tem sido de pacientes acima de 70 anos, o que não possibilita a captação de órgãos. Somente são considerados aptos para o transplante os órgãos de pessoas com até 65 anos.
A falta de condições clínicas diagnosticadas em exames após o início do processo de captação pode inviabilizar a doação efetiva dos órgãos. É o caso de pacientes portadores do vírus HIV, hepatite B e C, imunologia pós Chagas, sífilis, toxoplasmose ou quadro de infecção generalizada causada pela presença e pela multiplicação, na corrente sanguínea, de microorganismos como bactérias, fungos ou vírus.
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- HUSE atua na redução das filas de pacientes para transplantes – Foto: Ascom/Saúde