Hidratação em suspeita de dengue deve começar antes do atendimento médico

A hidratação oral imediata, com ingestão de bastante água e/ou líqüidos como sucos naturais, pode e deve ser feita por todos as pacientes com suspeita de dengue antes mesmo de receber atendimento médico. A orientação é do médico infectologista Marco Aurélio Góes, gerente de Agravos Transmissíveis da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e membro do Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar do Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE).

De acordo com ele, todos os pacientes que têm chegado ao hospital apresentando quadro de virose e febre alta estão sendo tratados como possíveis pacientes de dengue. "Estamos promovendo a reidratação oral imediata dos pacientes, principalmente as crianças, logo no acolhimento", explicou, ao informar que a hidratação venosa, com soro, deve ser feita nas unidades de saúde.

Sergipe tem 11 municípios em quadro de epidemia de dengue e outros cinco em risco epidêmico. As cidades em epidemia são Canindé do São Francisco, Nossa Senhora Socorro, Santa Rosa de Lima, Pedra Mole, Laranjeiras, Neópolis, Brejo Grande, Carira, Tobias Barreto, Divina Pastora e Campo do Brito. Estão em risco Aracaju, Malhador, São Cristóvão, Riachuelo e Siriri. Até o dia 7 de abril, havia 3.335 casos notificados de dengue e 1.693 confirmados, dos quais 20 registros de febre hemorrágico do dengue, 65 casos de dengue com complicação e cinco óbitos.

Estrutura

A demanda gerada pelo aumento do número de casos de dengue aumentou os atendimentos no HUSE. No Pronto-Socorro Infantil, por exemplo, entre os dias 1º e 8 deste mês, foram atendidos 1.633 pacientes infantis. No último dia 3, o PS Infantil registrou 323 atendimentos, grande parte de pacientes apresentando sintomas de dengue clássica, como febre e dor de cabeça, e de outras viroses.

Para atender a todos com a qualidade e atenção necessários, o HUSE disponibilizou desde o dia 3 novos leitos exclusivos para hidratação para pacientes com suspeita de dengue. Neste momento, 65 leitos estão em funcionamento em três alas: duas enfermarias do PS Infantil, uma na antiga Classificação de Risco e uma terceira onde antes funcionava a enfermaria masculina do PS Adulto.

A medida faz parte do esforço do Governo de Sergipe, através da Secretaria de Estado da Saúde (SES), para conter o avanço da dengue e garantir a assistência às vítimas da doença em todo o Estado. Além do HUSE, mas 66 leitos de observação e hidratação foram abertos  pela SES para atender a casos de dengue nos hospitais de Socorro, Itabaiana, Nossa Senhora da Glória e Ribeirópolis.

Nova retaguarda

De acordo com o diretor-geral do HUSE, Josias Dantas Passos, o antigo Centro de Trauma da unidade deve se constituir numa nova sala de retaguarda para pacientes adultos com quadro clínico de dengue. "Desde a segunda-feira, 7, estamos nos reunindo com o corpo clínico e profissionais de enfermagem do hospital, buscando alternativas de redimensionamento de pessoal para viabilizar a abertura desta nova ala", informou.

Por enquanto, a demanda de pacientes adultos com quadro clínico de dengue vem sendo absorvida na Área Azul (destinada aos casos menos graves) da clínica médica do novo PS do HUSE, instalado temporariamenter no prédio do futuro hospital infantil. O setor dispõe de 25 leitos, que vêm sendo utilizados também para observação e hidratação de pacientes com suspeita de dengue.

Outras medidas

Em articulação com os municípios, o Estado capacitou desde 2007 mais de 900 agentes de saúde para o combate à dengue. Além disso, a Secretaria da Saúde já reuniu médicos, enfermeiros, secretários municipais de Saúde e prefeitos para discutir estratégias conjuntas para combater a doença.

A SES disponibilizou 20 profissionais para auxiliar na luta contra o mosquito transmissor da dengue em Aracaju, confeccionou e distribuiu com as unidades de saúde sergipanas 600 adesivos gigantes com orientações para diagnosticar tratar a dengue e, desde o último fim de semana, o Centro de Hemoterapia de Sergipe (Hemose) está funcionando das 8h às 13h também aos sábados para coletar sangue e separar plaquetas, importantes para o tratamento de casos mais graves da doença.