Governo lança programa de diversificação da fruticultura
Preocupado com a crise na citricultura sergipana – reflexo do momento difícil pelo qual passa a cultura do citros em todo o Brasil -, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, através da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), lançou, na manhã da última terça-feira, 12, no município de Boquim, o Programa de Diversificação da Fruticultura, que prevê a distribuição de 105 mil mudas frutíferas e a assistência técnica e extensão rural a mais de 750 agricultores familiares dos 14 municípios da região citrícola do Estado.
O secretário de Estado da Agricultura, José Sobral, abriu o encontro destacando a importância do programa. “Esse é um dos maiores programas de socorro à citricultura, porque ele vai criar novas opções, novas relações de comércio para a agricultura familiar; é com ele que a gente vai assegurar renda, inclusão produtiva através de outros produtos que possibilitem ao agricultor ter mais uma opção de mercado, possibilitando que ele saia da dependência financeira das grandes empresas de suco que impõem ao pequeno produtor um preço muito baixo em seus produtos”.
Já o presidente da Emdagro, Jefferson Feitoza de Carvalho, ressaltou que o programa não significa por fim à cultura do citros na região. “Esse programa de diversificação não é para substituir a citricultura. Ao contrário, o que o Governo do Estado está querendo é fortalecer a citricultura. Nós estaremos distribuindo gratuitamente mais de 100 mil mudas a 112 comunidades. São mudas que vão desde as cítricas, como laranja lima, limão e tangerina, até as de acerola, açaí, cacau e cupuaçu. As mudas de abacaxi e banana também estarão compondo esse programa porque nós já estamos em negociação com a Biofábrica para a produção de mais de 140 mil mudas dessas culturas. Ou seja, o que nós estamos fazendo aqui é para tentar transformar o pequeno agricultor em um agricultor mais forte, para que em momentos de crise como essa, os citricultores tenham outra oportunidade”, explicou Jefferson.
O secretário municipal de agricultura do município de Boquim, Jadson Costa Santos, afirmou: “Quero dar meus parabéns à Emdagro e dizer que esse programa será exitoso porque serão 714 agricultores participando dessa experiência, que servirá de modelo para todos os outros”.
O evento aconteceu no Povoado Mangue Grande, em Boquim, e contou a participação de representantes do Banese e do Banco do Nordeste, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, autoridades municipais, Assessores, gestores e técnicos da Emdagro, associações ligadas aos trabalhadores rurais e agricultores familiares.
Depoimentos
O agricultor familiar Cícero Abreu Lemos, do município de Santa Luzia do Itanhi, apostou na diversificação e hoje afirma que não larga mais a prática. “Eu tinha e ainda tenho muitos pés de laranja na minha propriedade, mas associados a eles eu comecei a diversificar com o cupuaçu e hoje não me arrependo. Pra vocês terem uma ideia da diferença de preço entre a laranja e o cupuaçu, o mercado tem comprado a tonelada de laranja a mais ou menos R$ 300,00 e eu tenho vendido cupuaçu a R$ 10,00 o quilo de polpa”, contabilizou Cícero.
“Por isso eu digo: meus amigos, não é bom o agricultor ficar preso só à laranja, até porque quanto mais produtores têm produzindo laranja, mais o preço cai. Quando diversifiquei, vi que o cacau e o cupuaçu têm preços muito mais atrativos que o da laranja, e o melhor, o mercado dessas duas culturas vem crescendo muito. Por exemplo, eu comercializo a polpa para sorveterias e restaurantes do meu município e também de Estância”, relatou os agricultor.
José Ângelo, mais conhecido como Zé de Chico, é outro agricultor que vem lucrando com o comércio de cacau. Atualmente ele tem 3.500 pés de cacau plantados em sua pequena propriedade e diz que produzirá algo em torno de 100 arrobas. Ele diz que, no ano passado, produziu 30 arrobas de cacau e as vendeu a um preço de R$ 90,00 a arroba para uma empresa em Itabuna/BA. “Isso porque eu estava no começo do trabalho”, destaca. “Esse ano devo colher algo em torno de 100 arrobas (o que dá 1.500 quilos), para as quais já tenho comprador certo, que é uma empresa em Itabuna”, afirma, acrescentando que não abandonou a cultura da laranja. “Uma coisa é certa: com a diversificação quando uma cultura não dá, chega a outra para dar um suporte e, assim, a propriedade produz o ano todo”, conclui Zé de Chico.
Luis Augusto, do Assentamento Mangabeira, disse que os citricultores estão reféns da laranja. Quando a crise se abate, todo mundo sofre, pois sem outra alternativa de comércio, torna-se difícil sobreviver.
Investimentos
Com investimentos na ordem de R$ 373.500,00, o programa tem como objetivo contribuir para a modernização das cadeias produtivas que viabilizem a agregação de valor e a sustentabilidade na exploração; implantar no estado os conceitos e práticas de produção orgânica de frutas; e disponibilizar métodos e técnicas de monitoramento e controle para as principais pragas e doenças. Sua neta é distribuir 80 mil mudas de citros (laranja lima, limão e tangerina), introduzir em 380 unidades familiares um total de 6.000 mudas de acerola produzidas por enxertia de variedades selecionadas; e introduzir na região citrícola 380 unidades familiares com as culturas do açaí, cacau, cupuaçu, distribuindo para cada uma dessas culturas 7.000, 7.000 e 5.000 mudas, respectivamente.
Apoio à citricultura
Diante das evidências do acerto lógico da diversificação, o secretário José Sobral afirmou que a citricultura continua sendo apoiada pelo Governo do Estado, que tem buscado parcerias para o comércio da produção, a exemplo da Conab, que assegurou a compra de R$ 1.800 mil somente de agricultores familiares de Boquim, representando um total de R$ 3.600 mil de aquisição de laranja na região.
“As reiteradas afirmações críticas sobre redução no programa de mudas de citros esbarram na evidência do preço ofertado à produção citrícola. Em razão disso a regressão se efetivou pela oferta em excesso e a procura reduzida. O que desejamos representa o pensamento técnico, continuar fazendo citricultura, associando-a a outras culturas, pois o governo trabalha para o homem. E isso é desenvolvimento, incluindo a forma de chamadas públicas, com a Emdagro sendo apontada como das melhores, entre as melhores no desempenho desse programa. Assim sendo, este Governo tem sido sempre claro nas suas atitudes, e esse ato que acabamos de materializar com a entrega de mudas, representa modernidade, desenvolvimento, progresso e independência do agricultor que necessita sustentação e não, pode ficar refém da monocultura. Repito, o apoio à citricultura está expresso nas ações governamentais, e nestas fica patente o forte apelo da diversificação, comprovado por agricultores da região que deram um basta, e estão produzindo o que pode render bons mercados”.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Governo lança programa de diversificação da fruticultura – Fotos: Ascom/Seagri