Governo do Estado promove ciclo de palestras aos irrigantes da Cohidro
Canindé de São Francisco, no Alto Sertão Sergipano, foi o município escolhido para dar início ao ciclo de palestras educativas sobre o tema “Racionalização do Uso de Agrotóxicos”. Ministradas pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), as primeiras palestras foram voltadas aos agricultores irrigantes ligados à Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), também parceira na realização do evento que se deu na manhã do dia 9 de outubro, no auditório do Ministério Público do Estado de Sergipe (MPE).
No mesmo local, uma segunda etapa de atividades vai acontecer hoje, às 15 horas e todos os agricultores do Perímetro Irrigado Califórnia (Pecal) foram novamente convidados. Iniciativa da Emdagro, as palestras tem o intuito de sensibilizar os irrigantes quanto ao uso correto de agrotóxicos, alertando a todos sobre os perigos causados pelo mau uso desses produtos. A ação vai se estender aos perímetros irrigados Piauí, em Lagarto, Poção da Ribeira e Jacarecica I em Itabaiana e Jacarecica II, situado entre os municípios de Malhador, Riachuelo e Areia Branca.
Fiscalização
Nesta primeira etapa do ciclo de palestras em Canindé, uma das palestrantes foi a engenheira agrônoma e gerente de Defesa Vegetal da Emdagro, Maria Aparecida Andrade. Seu departamento é responsável pela fiscalização no campo, nas revendas de agrotóxicos e nos postos de fronteira, quanto ao uso correto, comércio e a aplicação do receituário agronômico em todo Estado. Para ela, direcionar esse trabalho de conscientização aos irrigantes da Cohidro é fundamental, já que a irrigação promove uma alta produtividade nos perímetros, e isso condiciona o uso constante de agroquímicos.
Segundo a gerente de Defesa Vegetal da Emdagro, alguns agricultores irrigantes já foram notificados durante as inspeções realizadas pelo Órgão neste e em anos anteriores, por isso existe esta preocupação em levar atividades de prevenção aos perímetros irrigados. “Sabemos que esses agricultores familiares tiram seu sustento da terra e nem sempre tem acesso à informação quanto aos cuidados que são necessários para a correta utilização dos agrotóxicos. A partir da realização desses eventos, com o agricultor participando, buscando orientação e se conscientizando da importância do uso racional dos agrotóxicos, certamente menores serão as ocorrências, e consequentemente menores ou inexistentes serão as penalidades”, comentou Aparecida.
Meio ambiente
O promotor de justiça do MPE em Canindé, Dr. Emerson Oliveira Andrade, participou da abertura do ciclo de palestras e advertiu os agricultores presentes, quanto aos riscos causados ao meio ambiente pelo uso inadequado dos agrotóxicos. “Há uma preocupação quanto às áreas de proteção permanente (APPs) que ficam dentro do Perímetro Califórnia. Essas áreas também não podem sofrer com a contaminação por agrotóxicos”, disse, reiterando a importância da realização do evento e colocando o MPE à disposição das empresas públicas motivadoras do projeto, às convidando para participar de uma audiência pública a fim de discutir um plano de ação para o combate ao uso indiscriminado dos Agrotóxicos.
“É um momento ímpar para a comunidade, para o Alto Sertão Sergipano e eu até provoquei, tanto a Cohidro quanto à Emdagro, a chamarem para audiências públicas outros órgãos, como a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba), o próprio Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Ministério Público Federal também e agregá-los aos órgãos do Estado, à sociedade civil organizada, para que esse assunto venha a ser enfrentado com racionalidade e respeito ao meio ambiente”, ponderou Dr. Emerson.
Cartilhas educativas
Sônia Loureiro, gerente de Desenvolvimento Agropecuário da Cohidro, é uma das motivadoras dos ciclos de palestras. Durante o evento, ela reiterou a preocupação da Empresa quanto ao uso consciente dos agrotóxicos, relembrando a iniciativa que resultou na produção de duas cartilhas educativas voltadas ao tema. “Foi uma honrosa parceria da Cohidro com o Ministério Público do Trabalho e com o Sebrae, que resultou em duas publicações voltadas à qualificação dos agricultores. Uma foi intitulada ‘Racionalização do Uso de Agrotóxicos’ e a outra, ‘Produtos Alternativos para o Controle de Pragas e Doenças na Agricultura’, contendo métodos alternativos de controle possíveis de serem utilizados em agricultura orgânica, tais como receitas caseiras de produtos naturais para inseticidas e fungicidas naturais, compostagem, adubação verde, cobertura morta, entre outros”.
Uso racional
A racionalização do uso de agrotóxicos foi o tema abordado pelo engenheiro agrônomo da Emdagro, Marcos Paulo Pacheco Góis. “É importante que o agricultor leve em consideração a classe toxicológica dos produtos a serem utilizados. Não é por ter maior toxidade, como os de classe I – de faixa vermelha – que o agrotóxico será mais eficaz. Sempre recomendamos a utilização de produtos de classe toxicológica mais baixa, ou seja, menos agressiva, que compreendem as classes III e IV, de faixa azul e verde, respectivamente. Esses produtos oferecem menor risco de contaminação, mas isso também não quer dizer que não sejam tóxicos”, explica.
Marcos Paulo também desfez outro mito que é difundido entre os agricultores que usam agroquímicos. “Lavar o alimento, depois de colhido, não retira completamente o agrotóxico. Os agrotóxicos tem ação direta tanto na parte interna como na parte externa da planta. É preciso respeitar o período de carência e de reentrada na área onde foi aplicado o produto químico”, reforçou, lembrando que – por lei – para ter acesso aos agroquímicos, é preciso que o agricultor tenha em mãos a receita agronômica, emitida por um engenheiro agrônomo. Este documento explica tudo sobre o produto a ser adquirido, como a forma de aplicação, dosagem, carência e o intervalo entre as aplicações. Essas regras garantem o consumo seguro dos alimentos, protegido de contaminações.
Antônio Teles de Andrade, agricultor irrigante no perímetro Califórnia, considerou como positivas as palestras que assistiu e garante que vai influenciar em seus procedimentos com os agrotóxicos daqui em diante. “É um aprendizado para a gente se desenvolver melhor. A gente vai se cuidar mais e procurar explicar tudo isso para quem trabalha com a gente”, reiterou o produtor, que durante a palestra desabafou a dificuldade em conscientizar seus colaboradores, contratados para fazer a pulverização, quanto ao uso dos equipamentos de proteção individual (EPI) e dos cuidados a se tomar com os produtos químicos durante o processo.
Participando do evento, o secretário de Agricultura de Canindé, Heráclito Oliveira, apoiou a iniciativa dos órgãos do Governo do Estado, em levar ao Município palestras voltadas aos produtores. “Sendo Canindé um seleiro agrícola, baseado na irrigação fornecida nos perímetros irrigados Califórnia, da Cohidro, e Jacaré Curituba, mantido pela Codevasf, focar os irrigantes é essencial, para que o uso inconsequente do agrotóxico seja banido de nossas plantações. Senão, priorizar a substituição destas lavouras convencionais, pela agricultura orgânica, que além de eliminar o risco de contaminação por agentes químicos, oferece produtos agrícolas muito mais saudáveis e livres de qualquer risco aos consumidores”, relatou.
Para o presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano, é fundamental a iniciativa da Empresa co-irmã, em capacitar os agricultores dos perímetros irrigados da Companhia. “A iniciativa surgiu na Emdagro, que já vinha fazendo este trabalho de conscientização em suas áreas de atuação e se propôs a fazer as palestras abrangerem nossos perímetros irrigados. Fico otimista com o fato deles, além de fiscalizar, promoverem também essas palestras educativas para os nossos produtores. Temos uma responsabilidade enorme, em controlar o uso indiscriminado dos agroquímicos nos perímetros. Quanto mais parceiros pudermos contar para essa missão, melhor será”.
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- Maria Aparecida Andrade / Fotos: Ascom/Emdagro