Governo do Estado leva capacitação aos irrigantes da Cohidro em Itabaiana

Irrigantes do Perímetro Irrigado Jacarecica I, gerenciado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Itabaiana, se reuniram para assistir palestra educativa oferecida pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), sobre o “uso racional de agrotóxicos”. O encontro ocorreu no escritório do Perímetro, nesta quinta-feira, 7. Para o dia 19 deste mês, a partir das 9 horas, outra atividade está agendada para acontecer no Ministério Público Estadual (MPE), do mesmo Município e tem como foco a capacitação destes agricultores.

Esta atividade no Jacarecica I, dá continuidade ao ciclo de palestra organizadas pelo Governo do Estado, que teve início em Canindé de São Francisco em 9 de outubro e visa atender todos os polos de irrigação, voltados à agricultura, da Cohidro. Além de Canindé e Itabaiana, as palestras ainda vão ser estendidas aos perímetros Jacarecica II, situado entre os municípios de Malhador, Riachuelo e Areia Branca, no dia 20 de novembro e Piauí, em Lagarto, no dia 26 do mesmo mês.

Nesta edição, palestrou o engenheiro agrônomo Ricardo Romero dos Santos Viana, da Gerência de Defesa Vegetal da Emdagro. Ele frisou aos participantes a gravidade e os riscos que correm aqueles agricultores desatentos às leis e aos cuidados no uso e manuseio dos agrotóxicos. “Nosso objetivo maior é passar a informação sobre o uso do defensivo de forma consciente, que inclui os cuidados com a armazenagem dos produtos na propriedade, o uso correto dos equipamentos de proteção individual (EPI), que evita a contaminação de quem aplica, ocasionando desde problemas de pele até o câncer”, conta.

Descarte das embalagens

Para o agrônomo da Emdagro, o descarte dos vasilhames que foram utilizados por agrotóxicos é um ponto fundamental dessa conscientização a ser feita com os produtores. “Orientei que deve ser feita a tríplice lavagem antes de retornar ao revendedor ,pois a loja não vai aceitar recolher esse material sem esse cuidado. O que vai levar o agricultor a descartar de maneira irregular, queimando ou largando de qualquer forma no meio ambiente, causando a contaminação do solo, do ar e da água”, argumenta Ricardo, lembrando que após recolhidas pelo comerciante, as embalagens são destinadas à reciclagem, trabalho feito no Estado pela Associação dos Revendedores de Defensivos Agrícolas de Sergipe (Ardase), localizada no município de Ribeirópolis.

José Bispo dos Santos, mais conhecido no Jacarecica I por “Alemão”, é irrigante no Perímetro e utiliza defensivos agrícolas em suas lavouras de quiabo e batata-doce. Ele conta que sempre teve o cuidado de contratar pessoas capacitadas e equipadas para aplicação dos defensivos, mas considera dispendioso o trabalho de levar os vasilhames usados até o revendedor e acaba perdendo o prazo estipulado para a devolução à reciclagem.

“Eu uso bem pouco o agrotóxico e o produto dura mais de 1,5 ano, que é o prazo máximo para devolução quando tem o líquido na embalagem. Se houvesse alguém disposto a ir buscar essas embalagens na nossa propriedade, ficaria mais fácil. Mas eu sempre contratei pessoas que tenham o EPI para se proteger e que saibam usar”, relatou “Alemão”, focando na utilização do uso do equipamento que protege o agricultor durante o manuseio e aplicação dos defensivos químicos, tema que ele considerou o principal, na palestra proferida pela Emdagro.

Uso indiscriminado

O gerente do Perímetro Jacarecica I, Osvaldo Nunez da Cruz, relata que a Cohidro está sempre apta para orientar os irrigantes quanto ao uso dos defensivos, inclusive para a emissão da receita agronômica, que é único meio para que o agricultor consiga adquirir o agrotóxico nas lojas do ramo, mas o uso indiscriminado ainda acontece. “Eles usam por conta própria, compram sem que haja a indicação dos agrônomos da Cohidro e acabam que só vem nos procurar depois de ter tido algum tipo de problema na aplicação, como os efeitos de uma super dosagem, que pode até matar a planta”, revela.

Gerente de Defesa Vegetal da Emdagro, Maria Aparecida Andrade explica que o foco dessas atividades são os agricultores advertidos pela Empresa, mas que a sociedade em geral pode participar. “Já houve essa palestra do dia 7, e todos os agricultores do Jacarecica I vão ser convidados novamente para o treinamento técnico a ser realizado no dia 19, com o apoio da Cohidro, Secretaria Municipal de Agricultura e MPE. É importante eles participarem desta capacitação, para que quando eles voltarem aos seus lotes não continuem cometendo irregularidades”, argumenta a engenheira agrônoma.

Antônio Teodoro, engenheiro agrônomo da Cohidro, também participou da palestra do Jacarecica I. Para ele, a Companhia tem executado todo o processo do receituário agronômico e considera fundamentais as atividades realizadas pela Emdagro nos perímetros. “A Cohidro continua fazendo seu papel, primeiramente orientamos o agricultor a utilizar técnicas orgânicas, agroecológicas, para combater pragas e doenças. Mas se o produtor solicitar, prescrevemos a receita, com a maneira correta de aplicação e o produto indicado para combater a doença ou praga, de forma racional. Mas apesar de toda orientação, ainda assim tem quem insista em fazer da forma errada, por isso tem que ser feito este trabalho de conscientização constantemente”, reforça.

O Presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano, se solidariza aos agricultores que, muitas vezes, são taxados como únicos culpados pela contaminação causada pelos agroquímicos. “A lei que rege o uso de agrotóxicos deve ser seguida a risca, mas é dever das políticas públicas, além de fiscalizar, conscientizar o agricultor do porquê dela existir. O Governo de Sergipe, através da ação da Emdagro, com apoio da Cohidro, sensibilizou-se em levar essa informação ao agricultor, procurando trazer o trabalhador rural para o time de agentes transformadores da triste realidade que é o uso indiscriminado de agrotóxicos e que faz o Brasil ser, hoje, o maior consumidor mundial desses produtos”, conclui.