Funcaju destaca a Consciência Negra
A Biblioteca Municipal Clodomir Silva reuniu André Torres, Carlos Conrado, Gigi, João Santos, Marco Antônio e Reall numa grande noite de música e artes plásticas, com direito ainda a poesia de Cordel, de Zé Antônio para abrir a mostra Novembro Negro. “Esta é uma forma de integração cultural entre a comunidade e a biblioteca, que ajuda a reforçar a luta contra o racismo”, disse Sônia Carvalho, diretora da Clodomir. “O negro sempre se destacou pela arte e usamos isso para enfatizar que nó podemos tudo. Todos ser humano quer trançar o cabelo, imitar o negro, mas não sabe a nossa luta para chegar onde estamos hoje. O branco só passou a respeitar realmente o negro depois que o racismo passou a ser crime”, lembra Gigi, poetisa e representante do movimento negro de mulheres. O jovem músico e fotógrafo Marco Antônio reforça que “este é um momento em que todos devem fazer uma reflexão, através da interação do trabalho do artista. As gerações anteriores sofreram muito mais com o preconceito do que a minha geração, mas, o mais importante, é que os paradigmas e o preconceito estão sendo quebrados”.
A mostra Novembro Negro faz parte de um trabalho iniciado em 2001 pelo poeta Reall, com a 1ª Mostra de Poesia Afro-sergipana, na Galeria de Artes Álvaro Santos (GAAS). Em 2005, na Biblioteca Clodomir Silva, realizou a exposição 13 de Maio e lançou o livro de poesias, Crepúsculo. No início de novembro, em parceria com os artistas João Santos e Antônio Cruz, realizou a 1ª Mostra Novembro Negro, dando continuidade com a segunda, que segue até dia 10 de dezembro. “Atividades como esta são ótimas oportunidades de despertar o cidadão para o tema, pois muita gente desconhece a cultura do negro, a dança, as artes, a culinária e muito menos o quanto ele sofre com o preconceito. Por isso, o movimento negro tem que se manter ativo e atuante”, disse Reall.
A Escola Oficina de Arte Valdice Teles usou o espaço do Centro de Cultura e Arte da Universidade Federal de Sergipe (Cultart-UFS) para suas atividades. Alunos do grupo de capoeira Casa Grande, do Mestre Zé Pequeno; de Dança Afro, da professora Cleanes Maria; e de percussão, do professor Marcos Mancada fizeram belas apresentações, prestigiadas por diversos representantes do movimento negro. O assessor de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura Municipal de Aracaju (ASPIR), Djenal Nobre, realizou uma palestra no Teatro Juca Barreto. Ele exibiu um curta de 15 minutos, sobre a influência da cultura africana no Brasil, e fez um pequeno debate com os presentes. “Nossa intenção é discutir a realidade do negro brasileiro e buscar alternativas para melhorar. O discurso de igualdade é muito bonito, mas a realidade é bem diferente. Nós vivemos um verdadeiro apartheid social, com dificuldades de acesso à educação, ao trabalho, à renda, à moradia. A idéia é denunciar esta realidade e conscientizar a sociedade de que este é um problema dela”, disse Djenal.
Para Maria Geilma da Conceição, coordenadora estadual e coordenadora nacional de Organização dos Estado do Movimento Negro Unificado (MNU), a situação do negro no Brasil e em Sergipe melhorou. “Não chegamos num nível ideal, mas também não podemos dizer que o negro não teve conquistas e Sergipe tem acompanhado as mudanças nas questões raciais”, disse Geilma, que reforça que “atividades como esta surtem um bom efeito, porque há integração entre os movimentos e nos permite conhecer outras visões da questão, mas é preciso ter muito cuidado para não se tornar uma atividade folclórica. O debate e a forma como as atividades estão sendo conduzidas dão um caráter de formação, extremamente importante”.
Para Maria do Céu, coordenadora geral do grupo Rosas Negras, é importante que atividades assim se mantenham constantes. “Muitas áreas precisam ser trabalhadas, até porque somos uma entidade que atende a mulher como um todo, não apenas a mulher negra, mas a comunidade negra é que tem mais carência e precisa de atividades assim, para esclarecer e conscientizar o negro e a sociedade”, disse Maria, lembrando que a Rosas Negras é um grupo paulista que existe há três anos. Em Sergipe, foi fundado há um mês e já tem cem associadas.
“A nossa idéia é ressaltar uma cultura fundamental na nossa formação enquanto brasileiros. A cultura negra, bem como a indígena, fazem parte da vida do brasileiro e precisa mantida, conhecida, conservada”, disse Dinha Barreto, coordenadora artística da Escola Oficina de Arte Valdice Teles. “O dia 20 de novembro é um dia para reforçar a necessidade de fortalecer a consciência da sociedade para combater o preconceito e reforçar o respeito ao próximo enquanto cidadão de direitos e deveres. E isso tem que acontecer no dia-a-dia”, lembra Hidelbrando Maia, vice-presidente da Funcaju.[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]
- Funcaju destaca a Consciência Negra – Colagem de Reall (Fotos: Edinah Mary)