Ex-governador Seixas Dória recebe maior comenda da República

Numa solenidade marcada pela emoção, o ex-governador João de Seixas Dória recebeu do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a Ordem do Mérito Nacional, no grau de comendador. A insígnia é a mais alta comenda da República Brasileira e já foi concedida a personalidades históricas como o maestro Heitor Villa-Lobos, o arquiteto Oscar Niemeyer, o urbanista Lúcio Costa e o escritor Manuel Bandeira. A solenidade ocorreu das dependências do Centro de Convenções (CIC), na manhã desta quinta-feira, 26, com a presença do governador Marcelo Déda, do prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, da esposa do ex-governador, Mary de Seixas Dória, e dos familiares do homenageado.

Ao receber a comenda, o ex-governador Seixas Dória, figura marcante e representativa da resistência e da luta pela redemocratização do país, fez questão de expressar toda a sua emoção.

"É uma grande honra receber tão importante e significativa homenagem na fragilidade dos 90 anos. Compartilho esta comenda com todos os que dedicaram as suas vidas na luta pela liberdade", disse o ex-governador.

"Obrigado governador Marcelo Déda, pela lembrança, e obrigado senhor presidente, por me proporcionar este reconhecimento no ocaso da minha vida. Aproveito esta oportunidade para agradecer a meus familiares e às pessoas que, por toda a vida, sempre me apoiaram nos momentos de alegria e tristeza", destacou o ex-governador.

Atuação histórica

Reconhecido como valoroso orador, Seixas Dória protagonizou momentos importantes da história política sergipana e se notabilizou pela fidelidade aos seus ideais e resistência às pressões impostas durante o regime militar, quando chegou a ser preso e torturado.

No Governo do Estado, Seixas Dória construiu a Cidade dos Funcionários, instalou o Banco do Estado de Sergipe, a Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) e iniciou o arrojado plano de construção de estradas, dando, também, ênfase ao binômio educação e cultura. No entanto, o prestígio do seu nome e a situação do país, então governado pelo presidente João Goulart, exigia do governador presença constante nos eventos nacionais, nas articulações políticas e na defesa das reformas de base, como se viu no comício do dia 13 de março de 1964, na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, que acelerou a reação militar ao Governo de João Goulart.

Reagindo ao golpe de 31 de março com um manifesto histórico, Seixas Dória voltou a Aracaju no dia 1º de abril, sendo deposto e preso no Palácio Olímpio Campos, levado para a ilha de Fernando de Noronha, convertida em presídio, ao lado do então governador deposto de Pernambuco, Miguel Arraes.

*Com informações de Pesquisa de Sergipe/Infonet