Estado investe na assistência ao paciente grave atendido no HUSE
A garantia da assistência ao paciente grave vem sendo uma das prioridades da Secretaria de Estado da Saúde (SES) para tornar o maior hospital público de Sergipe numa referência em serviços de suporte avançado em vida. Nos últimos dois meses, a Saúde Estadual licitou aproximadamente R$ 6 milhões para reaparelhar os serviços de alta complexidade no Hospital de Urgência de Sergipe Governador João Alves Filho (HUSE), tornando setores como o Pronto-Socorro e a UTI alguns dos mais bem equipados do Estado.
Entre o novo maquinário adquirido, destacam-se os modernos ventiladores respiratórios digitais ‘Inter 5 Plus’, que auxiliam na respiração de pacientes instáveis que estão na UTI ou na área amarela do pronto-socorro, e os monitores multiparamétricos, que agregam num único equipamento diversas funções importantes como o acompanhamento da pressão arterial, da saturação de oxigênio, a realização de eletrocardiograma e a monitorização cardíaca.
"Estamos investindo os recursos do Estado nas áreas mais importantes para acabar com o antigo conceito de indigência que permeava há décadas a Saúde pública de Sergipe. Mudar não é fácil, mas esse é o nosso desafio. Estamos mudando porque acreditamos que os cidadãos merecem ser tratados com respeito e dignidade, e esta vai ser a nossa bandeira até o fim desta gestão", destacou o secretário de Estado da Saúde, Rogério Carvalho.
Segundo o coordenador da Central de Equipamentos Médicos Hospitalares do HUSE, Luis Humberto Costa, os novos equipamentos possuem os principais parâmetros necessários para tratamento intensivista. "Com o pleno funcionamento deles, podemos afirmar que nossos pacientes estão monitorados com o que existe de melhor, ou seja, a condição de trabalho referente a equipamentos que os profissionais intensivistas têm no HUSE não deixa a desejar a mais ninguém", afirmou.
De acordo com a coordenadora do Centro Cirúrgico e da UTI do HUSE, Cristina Costa, a utilização dos novos equipamentos tem permitido uma evolução mais rápida dos pacientes graves que têm chegado ao HUSE, diminuindo o tempo de permanência deles na unidade, e, consequentemente, gerado uma maior rotatividade dos leitos de UTI no hospital. "O HUSE nunca teve uma demanda tão grande de pacientes graves como a que vem registrando nesses últimos dois anos graças a boa eficiência dos Serviços de Atendimento Móvel de Urgência do Estado e da capital", explicou Cristina.
Alta tecnologia
O ventilador respiratório pulmonar é um equipamento utilizado nos casos de insuficiência respiratória para realizar o bombeamento de ar enriquecido com oxigênio para o interior dos pulmões, permitindo, de forma cíclica, a lavagem do CO2 – daí o termo ‘ventilação pulmonar’. Os 68 ventiladores respiratórios adquiridos para o HUSE num investimento superir a R$ 2,1 milhões já estão em funcionamento.
Já para a aquisição dos modernos monitores multiparamétricos, a SES investiu mais R$ 1,7 milhão. Os aparelhos têm facilitado o trabalho cotidiano das equipes de enfermagem na medida em que proporcionam maior segurança para que o profissional realize um acompanhamento mais detalhado do paciente crítico. Os 128 aparelhos também já estão em funcionamento no HUSE e contam com oxímetro de pulso, controle de freqüência cardíaca e eletrocardiograma acoplados, permitindo acompanhar com maior segurança e precisão alterações clínicas do paciente.
Segundo a coordenadora do Pronto-socorro do HUSE, Genisete Pereira dos Santos, o hospital dispõe atualmente de total estrutura para atendimento ao paciente grave, até mesmo fora da UTI. "Atualmente, o PS do HUSE é um dos mais equipados do Estado para atender ao paciente grave. Aqui na área amarela, por exemplo, depois da chegada dos novos equipamentos, passamos a contar com uma estrutura semelhante a de uma ala semi-intensiva", explicou Genisete, lembrando que somente na área amarela 16 leitos são equipados com os novos aparelhos.
Além dos ventiladores pulmonares e dos monitores multiparamétricos, outros equipamentos novos também chegaram ao HUSE, a exemplo dos oximetros de pulso, laringoscópios (adulto e pediátrico) e os guias de entubação (adulto e pediátrico).
Classificação de risco
A reorganização do fluxo de atendimentos com a introdução do conceito de classificação de risco, que agora estabelece a prioridade de atendimento para o paciente mais grave e acaba com o conceito ultrapassado de ordem de chegada, também permitiu a separação de pacientes graves de pacientes estáveis, melhorando as condições de trabalho de quem atua no atendimento e evitando que pacientes venham a óbito enquanto aguardam por atendimento.
"Isso acaba com situações antigas, como casos de pacientes morrerem de infarto ou AVC na porta da unidade sem receber sequer o primeiro atendimento", disse Genisete, que trabalha na Hospital de Urgência de Sergipe há 15 anos.
O modelo de Acolhimento com classificação do risco já é referência nos principais hospitais do mundo e em Sergipe deverá ser adotado em todas as unidades que integram a rede hospitalar do Estado. Antes de ser escolhido para Sergipe, o modelo já havia sido implantando em Aracaju há seis anos, quando Rogério Carvalho era secretário de Saúde da capital.
Para implantar o modelo no HUSE, uma equipe técnica da unidade composta por membros da diretoria Geral, Técnica e Clínica, além de gerentes de enfermagem visitou quatro hospitais do país que já se destacam no uso da tecnologia. As unidades visitadas foram a Rede Conceição de Hospitais, em Porto Alegre (RS), o Hospital de São José dos Campos (SP), o Hospital Regional de Guarulhos (SP) e o Hospital Pimenta Bom Sucesso (SP).
Na classificação do risco, a organização do espaço está ligada à lógica de atendimento, na qual a prioridade é de quem necessita mais. Quatros áreas – azul, verde, amarela e vermelha – organizam o serviço no prédio de acordo com a gravidade, separando os pacientes estáveis de pacientes com risco iminente de morte.
Os casos graves são levados direto para a sala de estabilização, pertencente a área vermelha, onde uma estrutura semelhante a de uma unidade semi-intensiva já está devidamente equipada para receber pacientes críticos. Os outros casos vão passar por uma triagem e logo após serão encaminhados para a área azul, verde ou amarela.
Segundo a enfermeira Dalva de Oliveira, o novo método melhora as condições de trabalho dos profissionais de saúde por minimizar tumultos e separar pacientes estáveis de pacientes com risco de morte. "Eu já conhecia este modelo por meio de estágios que realizei aqui mesmo no hospital e acho que ele ajuda bastante no nosso trabalho, deixando sempre o ambiente mais harmonioso".
Vidas salvas
O bom funcionamento do novo Pronto-Socorro do HUSE tem gerado elogios da própria população. "Não sei o que seria da vida do meu filho se não fossem os médicos deste hospital". As palavras usadas pela dona de casa Rosana Conceição descrevem o atendimento recebido por D.R., de apenas 12 anos. Vítima de fogos de artifício, o garoto foi internado na pediatria do HUSE, onde ficou durante 11 dias, após passar por um procedimento cirúrgico nas duas mãos.
De acordo com a mãe do paciente, assim que D.R chegou ao PS, foi avaliado pelos profissionais e imediatamente transferido para o Centro Cirúrgico. "Fico triste porque ele perdeu a mão esquerda durante a explosão da bomba. Mas na outra, os cirurgiões plásticos conseguiram recuperar quatro dedos. O importante mesmo é que a vida dele está salva", explicou.
O pequeno E.S., de seis anos, entrou no hospital pela área vermelha, onde são recebidos os casos de emergência. O menino recebeu o diagnóstico de pneumonia e após ficar por uma semana sob os cuidados da pediatria voltou para casa recuperado. "Vim da cidade de São Cristóvão desesperada, com meu filho tossindo bastante. Depois que fizeram uma drenagem no pulmão dele, tudo ficou melhor. Não tenho do que reclamar quanto à assistência prestada pelos funcionários daqui", contou, aliviada, Maria Aparecida dos Santos.
Novo PS
De acordo com o direto-geral do HUSE, Josias Passos, nos próximos meses, o antigo prédio onde antes funcionava o pronto-socorro do hospital passará por reformas e uma nova unidade será construída, ampliando consideravelmente a capacidade do hospital de acolher pacientes em situação de urgência.
"Com a construção do novo PS, vamos triplicar a capacidade do hospital de acolher pacientes em situação de urgência, passando atender até 100 pacientes ao mesmo tempo. Isso vai nos possibilitar melhorar o atendimento e torná-lo mais rápido, facilitando um melhor fluxo do acolhimento e da classificação do risco", disse Josias Passos.
Ele explicou que o aumento da capacidade de acolher no HUSE será possibilitado não somente pela ampliação do espaço físico e a reorganização do fluxo de trabalho na unidade, como também pelo aumento do quantitativo de profissionais disponíveis. O Governo do Estado vai realizar um concurso público ainda este ano.
O novo espaço do PS será amplo, o que vai ajudar a minimizar o grande fluxo de pacientes nos corredores e favorecer a existência de um ambiente harmonioso para as práticas de saúde. "No novo PS, vamos reservar cadeiras, poltronas e macas ao atendimento de pacientes com necessidades especiais", informou Josias Passos.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Estado investe na assistência ao paciente grave atendido no HUSE – Foto: Márcio Garcez/Saúde