Especialistas debatem qualidade e expansão do atendimento psicossocial
O Seminário Estadual de Saúde Mental da Coordenação de Atenção Psicossocial da Secretaria de Estado da Saúde (SES) reuniu cerca de 300 trabalhadores dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), residências terapêuticas e ambulatórios de Sergipe para discutir temas ligados à área no sábado, 17. Realizado no Delmar Hotel, em Aracaju, o evento foi comandado por alguns dos maiores nomes da Atenção Psicossocial no Brasil.
Durante a manhã, houve duas mesas redondas que debateram os temas ‘A atenção a usuários de substâncias psicoativas: do CAPS ao Território’, ‘Atenção à Crise no Território: desafio da desinstitucionalização’, ‘Saúde Mental e Atenção Básica: Interfaces’ e "A vida depois do hospital: dificuldades de uma casa chamada serviço’. Além disso, foram relatadas experiências de CAPS em Aracaju e Japoatã.
Segundo Antônio Lancetti, psicólogo, psiquiatra, autor de vários livros e atualmente consultor do Ministério da Saúde, a Luta Antimanicomial celebrada nesta segunda-feira, 18 de maio, reflete um grande sentimento de transformação no Brasil e no mundo.
"Comemorar este dia em Sergipe é uma grande honra para mim, porque ainda esta semana o coordenador Nacional de Saúde Mental, Pedro Gabriel, disse que este é o Estado que tem a melhor cobertura de CAPS do país e está se esforçando para construir a rede", informou Lancetti.
Ele destacou a necessidade de integração entre a Saúde Mental e a Atenção Básica. Para ele, esta parceria é promissora porque reduz a violência, uma vez que as equipes do Programa de Saúde da Família já têm a confiança do usuário e de seus familiares, o que torna mais fácil o acompanhamento das pessoas vivendo com transtorno mental. "Para termos uma ação mais efetiva, é necessária somente uma capacitação teórica destes profissionais porque, na prática, eles já adquiriram os conhecimentos", concluiu Lancetti.
Para Florianita Campos, professora e pesquisadora da FioCruz em Brasília (DF), o encontro em Sergipe acontece num momento oportuno, já que o Estado tem grande cobertura psicossocial e precisa reunir os profissionais para a criação de uma rede de atendimento que atenda às crises dos pacientes mentais em qualquer parte do território. "O pior para o louco não é a loucura, mas o desvalor. Mesmo porque, a loucura é uma condição que não deveria ser vista como doença", opinou Florianita.
Ao longo do dia também palestraram Graziela Barreiros, coordenadora do CAPS AD (Álcool e Drogas) de Santo André (SP); Wagner Mendonça, coordenador do CAPS AD Primavera de Aracaju; Juarez Furtado, consultor do Ministério da Saúde, e Yuri Montalvão, coordenador do CAPS de Japoatã (SE).
As debatedoras das mesas redondas foram Ana Raquel Lima, coordenadora estadual de Atenção Psicossocial, e Claudine Aguiar, membro da equipe da coordenação. Durante todo o tempo os participantes tiraram dúvidas e trocaram experiências. À tarde, houve debates e mini-cursos com os temas iniciados pela manhã.
Opiniões
Conforme a psicóloga Roberta Passos, recém-contratada para o CAPS de Salgado, o seminário foi um momento de muito aprendizado. "Tudo é novo para mim, porque o modelo de CAPS é novo, na faculdade nós vemos muito pouco sobre isso. Então estou em busca de conhecimentos e este seminário trouxe isso, até mesmo a oportunidade de conhecermos as pessoas que trabalham em outros CAPS e residências terapêuticas", disse.
O psicólogo do CAPS de Itabaianinha, Thiago Siqueira, ressaltou a ação do Estado no sentido de reunir os CAPS para formular a política de saúde mental. "Nosso debate aqui gira em torno da luta, para que não haja mais a lógica manicomial, ou seja, que acabem de vez com os muros para as pessoas que vivem com transtorno mental. Estou muito feliz de ouvir aqui em Sergipe pessoas como Lancetti, Florianita e Juarez, que têm vasto conhecimento sobre o assunto", afirmou Thiago, que durante cerca de dois anos trabalhou no Hospital de Custódia de Sergipe, antigo Manicômio Judiciário.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Especialistas debatem qualidade e expansão do atendimento psicossocial – Foto: Wellington Barreto