Encontro Nacional de soropositivas discute ativismo na luta conta a AIDS
A secretária adjunta de Estado da Saúde, Mônica Sampaio, participou na noite desta quinta-feira, 24, da abertura do III Encontro Nacional de Cidadãs PositHIVas. Com o tema ‘Inclusão Social das Mulheres Cidadãs’, o evento contou com a participação de Mariângela Simão, coordenadora do Programa Nacional de DST/AIDS do Ministério da Saúde (MS), e foi promovido pelo Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas em parceria com a Rede de Solidariedade Positiva, Secretaria de Estado da Saúde (SES) e Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju, entre outros.
De acordo com Mônica Sampaio, a SES está trabalhando na formulação de políticas de saúde para os portadores do HIV em todos os setores do Sistema Único de Saúde (SUS), desde a Atenção Básica, passando pela Rede Hospitalar e a Promoção à Saúde até a Rede Especializada. "Queremos aprofundar cada vez mais o relacionamento não só profissional, como também mais afetivo para esta população. Vocês estão de parabéns por fazer um evento deste porte porque são exemplo de superação", discursou a secretária adjunta.
Conforme Mariângela Simão, coordenadora do programa nacional do MS, o Governo Federal está aberto a movimentos organizados como este. Um exemplo é a Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, que vem trabalhando um plano de políticas para mulheres, inclusive as cidadãs positivas. "Este encontro é fruto do movimento social. Algumas cidadãs soropositivas se reuniram e resolveram lutar pelos seus direitos e hoje já temos um número grande de participantes, com mulheres de todas as idades e classes sociais. E ainda somos referência para outros países", disse a coordenadora.
De acordo com o médico Almir Santana, responsável técnico pelo Programa de DST/AIDS da SES, o encontro conta com a participação de 200 mulheres de todos os estados brasileiros e de alguns países. "Elas mesmas se organizaram e escolheram Sergipe para sediar o terceiro encontro. Elas vão discutir várias questões, principalmente a questão da mobilização, do ativismo, como também o estímulo à conscientização da prevenção para as pessoas que já são soropositivas", explicou o técnico da SES.
Mobilização Social
Segundo Regina Porto, coordenadora da Rede de Solidariedade Positiva de Sergipe e responsável pela organização do evento, este encontro é realizado a cada dois anos, o primeiro foi em Belo Horizonte e o segundo na Bahia. "Nestes encontros discutimos principalmente políticas de saúde e também a feminização da AIDS", disse Regina, acrescentando que 40 sergipanas positivas participam do evento.
Jenice Pizão, uma das fundadoras em 2004 do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, ressaltou a importância do movimento e do encontro. "Nós trabalhamos para que as mulheres que vivem com HIV tenham qualidade de vida, sejam capacitadas para conviverem com o vírus, para que haja um controle social e a prevenção de novos casos. Desde o início da epidemia de AIDS em 1982, já temos mais de 140 mil mulheres contaminadas. Precisamos lutar. Porque contra o preconceito e a discriminação", enfatizou a paulista Jenice.
Para ela, é necessário que a sociedade tenha conhecimento das necessidades sociais e de saúde destas mulheres. "Temos parceiros incríveis, como a Secretaria de Saúde de Sergipe, mas ainda há muito a ser feito. Porque o que vulnerabiliza a mulher, além do preconceito e a discriminação é a desigualdade de gêneros e a violência com que ela é tratada. No início da epidemia, a doença era marginalizada, mas hoje não existem grupos de riscos", concluiu Jenice.
O Encontro Nacional acontece até o próximo domingo, 27, no Hotel D’Burguês, na Coroa do Meio, em Aracaju. Participam representantes do movimento de Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Itália, Argentina e Chile.
Aceitação
A dona de casa S.G.O., de 43 anos, descobriu há pouco mais de um ano que ela e o marido eram portadores do vírus HIV. "Eu sentia os sintomas, fazia exames, mas nenhum médico solicitou que eu fizesse o teste HIV, eu pensava até que estava com câncer até que um dia eu precisei fazer uma cirurgia para retirada de um cisto na região torácica no Hospital Universitário (HU) e foi diagnosticado que eu era uma cidadã positiva. Como eu só tinha relações sexuais com o meu marido, o médico solicitou o teste para ele e também o resultado foi positivo", contou.
Depois de descobrir que possuía o vírus HIV, S.G.O. foi em busca de auxílio psicológico e participou da reunião de adesão realizada todas às quartas-feiras no Centro de Especialidades Médicas de Aracaju (Cemar) e entrou para a Rede de Solidariedade Positiva.
"Hoje eu luto para que outras mulheres não passem pelo que passei. Tenho que auxiliar o meu marido, porque ele ainda não aceitou o fato de viver com HIV. Mas tomamos os coquetéis de medicação, usamos preservativos nas nossas relações, por causa da carga viral e temos uma vida normal", relatou.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Encontro Nacional de soropositivas discute ativismo na luta conta a AIDS – Foto: Wellington Barreto