Emdagro reúne mulheres rurais e técnicos em intercâmbio
A Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) promoveu dia 16 de julho, no Assentamento Priapu/Santa Luzia do Itanhi, um intercâmbio de experiências que reuniu os Movimentos de Mulheres de Trabalhadoras Rurais, dos Territórios da Cidadania Alto Sertão e Sul Sergipano, no município de Santa Luzia do Itanhi e técnicos da Emdagro.
O intercâmbio teve como objetivos dar visibilidade aos trabalhos produtivos das mulheres, sua organização e socializar informações sobre a conferência das mulheres realizadas no início de julho em Brasília e o conteúdo da revista 25 anos do Movimento da Mulher Trabalhadora Rural, onde constam 12 sistematizações de práticas agroecológicas de mulheres do Nordeste. A revista traz como tema, a luta pela terra.
Dentre as experiências registradas na revista, Sergipe foi destaque com as experiências das agricultoras Ivanete da Silva Neto – Assentamento Priapu/ Município de Santa Luzia do Itanhi e Alba Rafaela Andrade – Comunidade Barro Vermelho/município Nossa Senhora de Lourdes. Vale salientar que ambas as agricultoras são assistidas pela Emdagro através dos técnicos locais, Josefa Valderez Prata e Jackson Ribeiro de Carvalho (Santa Luzia do Itanhi) e Luiz Fernando Piedade (Nossa Senhora de Lourdes).
Os conteúdos discutidos foram centrados nas reflexões efetuadas pela coordenadora do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais, Maria Madalena de Santana, moradora no Assentamento Vitória da União, localizado em Santa Luzia do Itanhi, que destacou a necessidade de fortalecer a visibilidade da mulher como trabalhadora rural, a luta pela valorização da sua produção e a tomada de consciência de que a mulher é sujeito da história. Ainda foi feito um breve resgate da história dos assentamentos na região enfatizando a luta pela conquista da terra. “Aqui existe uma tradição de luta pela terra e a mulher passou a se organizar socialmente e politicamente como por exemplo, passamos a brigar pela água porque entendemos que a cabeça da mulher não ficou para carregar água mas para pensar”, enfatizou Madalena.
Na oportunidade foi projetado o filme “VIDA MARIA”, produzido no Ceará, que levou às participantes a uma reflexão sobre o conteúdo que retrata a condição da maioria das mulheres nordestinas, destacando a constante reprodução de suas precárias condições de vida e sua invisibilidade como mulheres e trabalhadoras rurais.
Outra atividade importante do dia foi a troca de saberes através do aprendizado pela prática, onde as anfitriãs levaram os visitantes até a propriedade da agricultora do povoado Priapu, Ivanete da Silva Lima, que relatou sua história de luta, sua paixão pela terra e ainda apresentou a grande diversificação de sua produção e criatividade para minimizar os custos. Dona Nete, como é carinhosamente conhecida, tem 21 anos que reside no assentamento. “Eu sou uma mulher que não tenho tanta saúde, mas quando piso na terra, tudo desaparece. Acho que existe uma ligação muito forte entre eu e tudo que eu cultivo na terra”. Falou emocionada a agricultora Ivanete”.
A propriedade de Nete tem a marca da produção de base ecológica destacando frutas, verduras, aves, bovino, fazendo uso de tecnologias simples e de baixo custo que impressionaram os visitantes.
Um das tecnologias que mais chamou atenção dos participantes foi o bebedouro de aves feito com garrafa Pet, que levou a agricultora Maria Marlice da Cruz Matos, da comunidade Barro Vermelho/Nossa Senhora de Lourdes, a querer copiar a experiência. “Eu crio galinhas com meu marido e gostei do bebedouro de dona Nete e com certeza vai ser a primeira coisa que vou fazer quando chegar em casa”, garantiu Maria Marlice.
Além do bebedouro dona Nete mostrou como faz o controle de pragas e doenças da plantas e criações utilizando vários produtos naturais. “E importante a gente ter a consciência de que os nossos consumidores estão se alimentando de produtos sem veneno, ressaltou.
Avaliando o evento, os participantes manifestaram suas impressões através de uma dinâmica, observando que esses tipos de visitas sempre trazem energia e servem para que possam medir o estágio na caminhada pela conquista de direitos; avaliaram que quando entraram no assentamento eram como ‘bichos’, mas foram à luta e conseguiram avançar. As mulheres rurais ressaltaram que na troca de experiência sempre fica alguma coisa, servindo para medir o estágio do que as pessoas fazem e para colaborar com os trabalhos das outras mulheres.
Para a articuladora da rede de Metodologia Participativa da Emdagro, Abeaci dos Santos, o evento revelou mais uma vez que as mulheres aos poucos vão ganhando visibilidade e conquistando espaços na sociedade, embora suas conquistas ainda sejam fruto de muitas lutas, mas observa que o importante nessa caminhada é a persistência dessas mulheres e a certeza de que só a luta vai garantir conquistas e cidadania.
- Emdagro reúne mulheres rurais e técnicos em intercâmbio – Fotos: Ascom/Emdagro