Emdagro realiza encontro sobre cultura do coco
150 agricultores familiares estiveram reunidos, dia 19, no município de Japoatã, no I Encontro sobre a Cultura do Coco Seco nos Territórios do Baixo São Francisco e Leste Sergipano, promovido pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro).
O Encontro que contou com a parceria da Embrapa Tabuleiros Costeiros teve como objetivo promover amplo debate sobre o arranjo produtivo do coco seco nos territórios Baixo São Francisco e Leste Sergipano, discutindo as dificuldades e desafios encontrados pelos produtores, na perspectiva de buscar alternativas e definir um conjunto de recomendações consideradas essenciais para uma nova proposta de viabilização dessa cultura.
Participaram da solenidade de abertura do evento, o diretor presidente da Emdagro, Jefferson Feitoza de Carvalho, o secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, José Macedo Sobral e o prefeito de Japoatã, Gimarcos Evangelista de Alcântara.
Na oportunidade o presidente da Emdagro agradeceu a presença dos agricultores, lembrando que aquele evento foi fruto de uma demanda levantada pelos próprios agricultores, quando de reuniões realizadas pela Emdagro para discutir as cadeias produtivas. Jefferson enfatizou a importância da criação pelo Governo Federal da Agência de Assistência Técnica e Extensão, que fortalece, ainda mais, a parceria entre ATER e Pesquisa.
O secretário da Agricultura aproveitou a oportunidade para lembrar a importância da cultura do coco na história do estado de Sergipe. Ressaltou a importância do agricultura familiar diversificar a produção e lembrou a necessidade de se fazer análise do solo e se utilizar insumos adequados àquela região.
José Sobral enfatizou ainda a necessidade do agricultor planejar para melhor a sua venda, analisando a quem, como e quando comercializar. Outro assunto abordado foi a importância da organização, a exemplo das cooperativas, para se conquistar melhores preços.
Encerrando as suas palavras o secretário fez questão de parabenizar a Emdagro pela realização do evento, enfatizando a qualidade dos profissionais e do trabalho que executam e a determinação do Governo do Estado em oxigenar a instituição.
Honrado em acolher os agricultores, o prefeito de Japoatã agradeceu ao governador em exercício Jackson Barreto pela preocupação demonstrada com o Baixo São Francisco, onde se tem um bolsão de pobreza, refletindo em um êxodo rural crescente. Gimarcos fez uma retrospectiva sobre a cultura do coco, de como ele chegou ao Brasil e ao Estado de Sergipe. “Esse é um momento histórico para Japoatã, trazendo um debate com o objetivo de encontrar alternativas para a cultura do coco”, concluiu.
Encerrando a abertura do evento, a Emdagro e a Prefeitura de Japoatã assinaram um acordo técnico de cooperação.
Palestras
Dando continuidade ao evento, o engenheiro agrônomo da Emdagro, Walter Ramos, fez uma explanação sobre situação da produção do coco seco nos territórios do Baixo São Francisco e Leste Sergipano: uma reflexão sobre a realidade e as possibilidades para o desenvolvimento da atividade.
Walter Ramos iniciou fazendo um breve histórico sobre a cultura em Sergipe, homenageando os principais responsáveis pela instalação das primeiras indústrias de beneficiamento do coco no Estado, a exemplo de Jardelino Porto, que 1916 instalou uma indústria na Barra dos Coqueiros.
Em seguida, o agrônomo apresentou dados sobre o desenvolvimento da cultura, preços obtidos, custo de produção e características da produção em Sergipe. Mereceu destaque a abordagem sobre os principais fatores limitantes para a melhoria da cultura, a exemplo de baixos preços recebidos pelos produtores, forte intermediação na comercialização, incidência de pragas e doenças com pouco controle, pouca organização dos produtores e a falta equipamentos adequados a pulverização, maioria dos plantios antigos e decadentes, ciclo longo, dificulta retorno ao produtor, ácaro: limitação do controle (equipamentos , preço do produto ), ausência salvaguarda.
Objetivando levantar uma discussão com os agricultores Walter apresentou algumas propostas para a melhoria da cultura, através da utilização de programas como PAA e PNAE, presença da Embrapa – CPATC, instalação de unidades demonstrativas parceria Emdagro – Embrapa – Prefeituras, fortalecimento das organizações e capacitação dos produtores, agregação de valores ao produto coco: produção de fibra, de pó, artesanato, etc, incentivo a diversificação com mangaba, amendoim, criação de animais, etc, plantio de leguminosas: alimentação animal e adubação verde, desenvolvimento de equipamentos adaptáveis a carroças-tração animal, uso do feromônio para controle da rhina, viabilizar um programa de revitalização com mudas , ater, etc (gestão politica ), viabilizar uma politica de preço mínimo ( gestão politica).
Dando continuidade ao evento o engenheiro agrônomo da Embrapa Tabuleiros Costeiros,Humberto Rollemberg Fontes fez uma explanação sobre alternativas tecnológicas para a exploração sustentável do coqueiro gigante visando a produção de ‘coco seco’.
Iniciando a sua apresentação, Humberto apresentou uma caracterização do quadro atual que é de baixa produtividade, índice muito elevado de perda de frutos provocado pelo ‘ácaro da necrose’ e déficit hídrico elevado, ocorrência de doenças foliares – ‘queima das folhas’ e ‘lixas’, surgimento da doença ‘resinose do coqueiro’, ocorrência de pragas – dificuldades de pulverização, ausência de práticas de manejo e tratos culturais, ausência de adubação equilibrada, baixo nível de organização dos produtores, instabilidade do preço do coco – importação do coco ralado.
Para recuperação das atuais áreas de plantio, ele apresentou a necessidade da avaliação do coqueiral, eliminação de plantas doentes e improdutivas, adubação do coqueiral com base em análise de solo e/ou folhas, manejo adequado da vegetação nas entrelinhas e zona de coroamento o dos coqueiros, introdução de leguminosas arbóreas de múltiplo uso, consorciação de culturas, associação com a criação de animais.
O pesquisador da Embrapa falou também sobre as principais práticas de manejo recomendadas, vantagens do sistema consorciado de culturas, importância da adubação e as medidas necessárias para renovação do coqueiral.
Demanda dos agricultores
Os agricultores presentes apresentaram a aprovaram o envio de uma moção para os Ministros da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, alertando sobre os riscos do fim das Medidas de Salvaguarda do Coco, que limitava as importações do coco seco, solicitando o retorno imediato da Medida Governamental.
O agricultores também demandaram um Programa de garantia mínima para os agricultores familiares produtores de coco seco, a exemplo das catadoras de mangaba. Reivindicaram ainda a implantação de unidades demonstrativas onde pudessem ser avaliadas as tecnologias apresentadas pela Embrapa, comparando com as utilizadas pelo agricultor e a realização de visitas técnicas a Unidades da Embrapa.
No encerramento do evento o diretor de ATER da Emdagro, Gismário Nobre agradeceu a presença de todos, fez uma síntese da demanda apresentada pelos agricultores e se comprometeu a apresentar o relatório final do evento ao Secretário da Agricultura para uma análise e discussão sobre as medidas a serem tomadas.
Participaram do evento agricultores familiares dos Territórios Baixo São Francisco, Leste Sergipano, Grande Aracaju e Sul Sergipano, além dos técnicos da Emdagro, Embrapa e das Secretarias Municipais da Agricultura dos municípios envolvidos.
O Encontro contou com o apoio das Prefeituras de Neópolis, Pacatuba, Brejo Grande, Ilha das Flores, Japoatã, Pirambu, Japaratuba, Santana de São Francisco e do Colegiado do Território da Cidadania Baixo São Francisco.
Exposição de artesanato
Aproveitando a oportunidade, agricultoras familiares do Território do Baixo São Francisco expuseram peças de artesanato confeccionadas utilizando a casca do coco, a exemplo de quadros, bijouterais e outros. O trabalho de excelente qualidade foi motivo de elogios dos palestrantes e agricultores.
- Emdagro realiza encontro sobre cultura do coco – Fotos: Ascom/Emdagro