Déda inaugura fábrica de corte e costura e brinquedoteca no Prefem

Uma nova história pode ser escrita a partir desta segunda-feira, dia 7, pelas detentas do Presídio Feminino de Sergipe (Prefem), localizado no povoado Taboca, em Nossa Senhora do Socorro. Com a participação do governador Marcelo Déda, foram inauguradas uma fábrica de corte e costura e uma brinquedoteca. As melhorias fazem parte das comemorações promovidas pela Secretaria de Estado da Justiça e Defesa ao Consumidor (Sejuc), em homenagem ao Dia das Mães.

A fábrica conta com 32 máquinas industriais e profissionalizará, inicialmente, 30 mulheres que confeccionarão fardamentos para os detentos e servidores das unidades prisionais sergipanas e lingerie, aumentando as chences das mulheres no processo de ressocialização por meio da profissionalização. Já a brinquedoteca melhorará a interação entre mães e filhos no momento da visita, promovendo um espaço interativo e de cunho educacional, fortalecendo os laços familiares. No espaço infantil há livros, TV, DVD, brinquedos, entre outras coisas. O investimento está orçado em R$ 73 mil, sendo R$ 77,8 na fábrica e R$ 5,2 na brinquedoteca.

Durante a inauguração, o governador visitou as dependências do prédio e conversou com as detentas. Em seu discurso, ele lembrou que as novas alas agregam bons equipamentos com o objetivo de ressocialização e de ocupação do tempo com trabalho útil e de preparar as mulheres para a liberdade. “A fábrica vai formar e qualificar aquelas que se interessarem no corte e costura para que amanhã, quando saírem, não cheguem lá fora sem uma profissão, sem a possibilidade de dar continuidade à sua vida em liberdade”.

Déda explicou ainda que, além de qualificar, o trabalho vai remunerar e formar uma poupança que vai ajudar nos primeiros passos fora do presídio. “O projeto é muito importante, porque o presídio dá a oportunidade de recuperar a vida que vocês deixaram”, ressaltou.

O secretário de Estado da Justiça, Benedito Figueiredo, afirmou que sua história é de compromisso nas lutas democráticas pela ressocialização e pela humanização. “O momento é de emoção, pois esse investimento ajudará na vida futura dessas mulheres”, ressaltou. Ele lembrou ainda que para cada três dias de trabalhado, um dia é reduzido na pena, e elas também são remuneradas, pois cada mulher recebe três quartos de salário mínimo mensalmente. “A renda é adquirida com o trabalho delas e dará a possibilidade de iniciarem uma nova vida após deixarem o sistema prisional”, enfatizou o secretário.

O prefeito de Nossa Senhora do Socorro, Fábio Henrique, ressaltou a conservação do Prefem, que foi inaugurado em dezembro de 2010. “Quem é administrador sabe que quando entregamaos uma obra pública, às vezes, em pouco tempo, a obra já está praticamente destruída. Na inauguração do presidio estive aqui e hoje retorno e encontro o prédio conservado e até mais bonito do que no dia da inauguração. Parabéns a todos que conservam o patrimônio público”, destacou. Na ocasião, ele ainda lembrou do recebimento de 1.300 bolas do Governo do Estado à Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro. “Agradeço ao governo que há 30 dias nos entregou 1.300 bolas fabricadas pelos detentos do sistema prisional, todas destinadas às escolas do município de Nossa Senhora do Socorro e que serão usadas nas mais diversas modalidades esportivas pelos alunos”, relatou o prefeito.

Resgate

Tráfico de entorpecentes é uma das causas em que leva a maioria das mulheres ao Prefem. Para o governador Marcelo Déda, a droga é uma destruidora de vidas e lares, e a única pessoa que ganha é o dono da droga. “As mulheres que estão detidas reflitam sobre as causas que às trouxeram para cá, para não voltarem nunca mais. Não há passado que não possa ser resgatado, não podemos voltar atrás, mas não é verdade que não podemos mudar o futuro”.

A diretora do Prefem, Lilia Melo, disse que a fábrica de corte e costura vai melhorar a autoestima das mulheres. “Elas irão começar a produzir e até tirar a masculinidade da roupa, porque vão criar seu próprio fardamento”, observou. O curso tem duração de três meses e as aulas de corte e costura são diárias.

Ivanete Leal da Paixão está há quatro anos e dois meses no Prefem por ter cometido, junto ao ex-companheiro, crime de latrocínio. A distância que a separa da liberdade, ainda são de nove anos. Mas isso não a faz perder a esperança de dias melhores. “Trabalho na ala de alimentação e farei parte da equipe da brinquedoteca, como monitora. Aqui, aprendi a bordar e hoje sou professora. Conclui o ensino fundamental e médio. Agora, já penso no Enem. Hoje tenho um conhecimento bem maior e, daqui pra frente é pensar em uma vida nova com meus três filhos e meu neto que está chegando”, relatou.

Ivanete lembrou do período em que viveu no presídio antigo. “Um ambiente bom ajuda no cumprimento da pena. Estive no antigo presídio e o que passávamos lá não é para nenhum ser humano. Aqui é organizado, limpo, independente de estarmos detidos ou não. A higiene pessoal de onde vivemos é fundamental, temos uma estrutura muito melhor”, contou.

Presenças

Estiveram presentes na solenidade de inauguração o vice-governador Jackson Barreto; os secretários de Estado da Inclusão Social, Eliane Aquino; da Casa Civil, Jorge Alberto; de Comunicação, Carlos Cauê; Especial de Políticas para as Mulheres, Maria Teles; de Segurança Pública, João Eloy; os deputados estaduais, José Franco e João Daniel; a vereadora Rosângela Santana, entre outros.