Cultura de raiz anima o Arraial Lampião e Maria Bonita, na Orla
"Estamos aqui pra reviver, para mostrar ao povo que vale a pena investir nas tradições juninas. Só assim conseguimos resgatar tudo aquilo que nossos antepassados até pouco tempo ainda viviam". Josino Ananias Santos Filho, marcador da quadrilha ‘Apaga a Fogueira’, falou pelo seu grupo. Mas sua declaração sintetiza o papel de todos que fizeram da noite deste sábado, 7, um dos pontos máximos do resgate cultural sergipano na programação do Arraiá do Povo. Durante toda a noite, no Arraial Lampião e Maria Bonita, danças típicas e ritmos de raiz apresentados pela quadrilha ‘Apaga a Fogueira’, pelo grupo de samba-de-coco Pisada Quente e pela banda de Pifes Três de Maio encantaram o público, que lotou cada espaço do local.
Pouco antes de entrar no Arraial Lampião e Maria Bonita, o marcador de quadrilha, Josino Ananias Santos Filho, era só ansiedade. Ele fez questão de ressaltar com detalhes a origem cultural do que a ‘Apaga a Fogueira’ iria apresentar para o imenso público que os aguardava. "A quadrilha tem origem francesa e é resultado da mistura de elementos estrangeiros com ritmos típicos do nordeste, como garranchê, ciranda e caracol", explicou.
Josino também destacou que o Arraiá do Povo está dando um sopro de vida em uma manifestação que, quando não ensaia desaparecer, se afasta de suas origens. "Sentimos falta das fogueiras nas ruas e grande parte das quadrilhas não quer mais se apresentar nos fundos das casas, nos arraiás. Por isso acho que este é um excelente espaço para que possamos manter viva a tradição junina", disse, antes de puxar os 40 quadrilheiros que fizeram a festa da platéia no arraial Lampião e Maria Bonita.
A professora Celma Nogueira não perdeu o passo para exaltar a festa. "Estou adorando a quadrilha, está tudo maravilhoso aqui no Arraiá do Povo. A cada ano que passa está melhor".
Samba-de-coco
O grupo de samba-de-coco Pisada Quente, do município de Santo Amaro, também contribuiu para a noite de revisão cultural no Arraiá do Povo e encantou a platéia. Maria Celestina Oliveira, coordenadora da atração, não hesitou em mostrar que também ficou encantada. "É esse o tipo de espaço que todos nós que fazemos cultura desejamos. Todos ficamos muito animados desde que chegamos", disse.
A animação referida pela coordenadora foi sentida no grupo. Formado por pessoas das mais diversas idades, o grupo Pisada Quente tem pais, filhos, sobrinhos e diversos aparentados em seu elenco. Gileno Teles dos Santos, 61, entrou influenciado pela esposa, Maria Celestina, e arrastou o filho José Everton Vieira dos Santos para o samba-de-coco. "Entrei no grupo tanto pra homenagear meu pai, quanto pra contribuir para que nada disso morra", disse Everton.
Para que a tradição permanecesse viva, foi fundamental a ajuda de uma integrante mais do que especial. Aos 71 anos, Eliete Ferreira de Jesus foi uma das principais responsáveis pelo resgate de uma manifestação que, há alguns anos, estava fadada ao desaparecimento. E depois de ter se apresentado para uma imensa platéia, comemorou sem largar seu jeito simples. "Que bom que o povo ficou alegre, né"?
Da platéia, o comerciário Antônio Rubens Oliveira acompanhou com satisfação a apresentação. "Esse espaço Lampião e Maria Bonita foi o que de melhor inventaram para o resgate da nossa verdadeira cultura. Sempre voltarei aqui".
Pife
Ainda neste sábado, a banda de Pife Três de Maio, de Poço Verde, animou o público da cidade cenográfica com uma apresentação itinerante. Uma zabumba, uma caixa e dois pifes – ou pífanos – foram mais do que suficientes para que todos ficassem contagiados com o ritmo do quarteto.
O zabumbeiro João dos Santos Souza não escondeu a satisfação de participar da festa. "É um imenso prazer trazer nosso folclore lá da Serra Grande pra cá", disse. Nos arredores do Arraiá do Povo, o público ainda foi presenteado com uma emocionante corrida de barcos de fogo. Os trios Coração do Nordeste e Forrozeiro do Norte complementaram o arrasta-pé no arraial Lampião e Maria Bonita.
A prestadora de serviços Maria Letícia Teles acompanhou de perto todas as atrações do Arraial e fez questão de destacar que o São João sergipano já está com outra cara. "Está tudo ótimo. O Governo do Estado está de parabéns. Se ficar melhor do que isso, eu acho que piora", brincou Maria Letícia.
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- na Orla – Foto: Márcio Dantas/ASN