Cohidro propicia cultivo de maçã, pera e caqui em Sergipe
Através de parceria com a Embrapa Semiárido e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) selecionou quatro produtores do Perímetro Irrigado Piauí, no município de Lagarto, para desenvolver projeto experimental na produção de maçã, pera e caqui. Serão os primeiros pomares das espécies cultivados, com supervisão técnica, no estado de Sergipe. As áreas estão sendo preparadas pelos agricultores e o plantio das primeiras mudas se dará no mês de dezembro.
Tudo começou como o projeto “Integração e avaliação de culturas alternativas para as áreas do Semiárido Brasileiro”, realizado pela Embrapa, em seus polos de pesquisa em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), com financiamento da Codevasf, Banco do Nordeste e Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe). A pesquisa já está em processo adiantado e hoje os primeiros pomares piloto, de mudas plantadas em 2010, estão em plena produção e alcançando resultados aptos a exploração comercial das espécies frutíferas que foram adaptadas ao clima nordestino.
Foi essa produção que os quatro agricultores de Lagarto, acompanhados pelo técnico agrícola do perímetro Piauí, William Domingos Silva, conheceram em Petrolina no início de Novembro. A visita possibilitou a eles descobrirem a viabilidade do plantio da maçã, pera e caqui em pleno semiárido. “Fomos lá e vimos in loco que é possível. Constatamos que eles conseguem uma produção de até 15 toneladas por hectare. A inserção dessas novas espécies vai possibilitar um incremento à fruticultura na região, que vem sofrendo com o baixo rendimento do cultivo da laranja”, ressaltou William.
Cada um dos quatro produtores do Perímetro Piauí reservou meio hectare de sua propriedade para o plantio das mudas, dois deles irão produzir caqui e os demais, um terá um pomar de maçã e ou outro de pera. “Em Sergipe foram selecionados produtores de Lagarto, a cargo da Cohidro, em Simão Dias, sob responsabilidade da Emdagro (Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe) e ainda serão aplicados campos experimentais das culturas no município de Porto da Folha. A abrangência do projeto ao nosso estado, terá a coordenação do engenheiro agrônomo Paulo Roberto, da Embrapa de Petrolina, que acompanhará conosco os resultados”, adiantou o técnico agrícola William.
Os produtores escolhidos para abrigar esses campos experimentais das variedades frutíferas, foram selecionados pela equipe do Perímetro Piauí, levando em consideração a atuação deles em projetos anteriores aplicados pela Cohidro. Foram avaliadas características como a assimilação das tecnologias e a capacidade de retransmitir aos demais agricultores tudo aquilo que aprenderam nas instruções práticas desenvolvidas pela Companhia. O projeto engloba o fornecimento das mudas frutíferas, os adubos necessários ao crescimento das plantas, o kit de irrigação e a assistência técnica da Embrapa durante o primeiro ano de cultivo. Os irrigantes entram com o fornecimento da terra e a mão de obra a ser aplicada ao pomar.
Gidelson Gonçalves dos Santos é um dos irrigantes assistidos pela Cohidro em Lagarto, ele foi pioneiro em Sergipe no plantio de tomate e pimenta Jalapeño em estufas em tela de nylon (plasticultura) vermelho. Será o responsável em fornecer o campo que abrigará as macieiras do projeto no Perímetro Piauí. “Muita gente está duvidando que eu consiga produzir maçã aqui, mas vou me dedicar à produção. Estou confiante, esperando ter o mesmo resultado que tiveram lá em Petrolina, onde tiram uma produção de até 15 toneladas por hectare”, comentou o agricultor. Suas mudas estão sendo preparadas pela Embrapa Semiárido, com chegada programada para junho de 2013.
O Senhor João de Souza, também conhecido como “Bosco”, sempre atuou sob a assistência da Cohidro, na produção de hortaliças. Nesse momento, prepara a terra para receber, já em dezembro, as mudas de caqui. “Fiquei animado com o cultivo do caqui, a visita foi muito proveitosa. Nosso solo é melhor que o do Sertão e temos mais chuva do que lá. Acho que temos condição de sairmos até melhor do que eles”, conta João de Souza, confiante de que a produtividade dessas novas frutas no Nordeste, possa superar até a dos locais mais frios onde sempre foram cultivados, regiões com variações bruscas na temperatura e alta pluviosidade.
Outro campo experimental de caquizeiros será o do agricultor João Pacheco. Experiente na horticultura orgânica, pretende implementar em seu pomar os mesmos princípios agroecológicos utilizados na produção de legumes e verduras livres de agrotóxicos. “Sem o apoio da Cohidro, não seria possível da gente participar desse projeto. Acredito sim que haja procura para essas variedades de frutas e sairemos na vantagem”, lembra o agricultor, se referindo ao fato de poder fornecer tais produtos diretamente a um mercado consumidor que hoje importa 100% que consome, arcando com o valor do longo e demorado deslocamento, além do custo com a conservação.
Agricultura consorciada
A fruticultura carece que as mudas sejam plantadas com uma distância média de 1,5m em fileiras, estas separadas por 4m uma da outra. Este intervalo acomoda um espaço livre que poderá ser utilizado na produção de plantas rasteiras. “No projeto que visitamos em Petrolina, os técnicos introduziram o plantio de melancia, mas podemos trabalhar aqui também com o melão, amendoim, batata doce e até hortaliças”, complementa o técnico agrícola William Domingos.
O fato das plantas arbóreas serem híbridas, modificadas geneticamente para uma produção precoce, ou seja, começam a produzir com pouco tempo de vida e devido ainda à poda frequente, o projeto experimental proporciona um pomar com altura média de 2m e copas ocupando uma área proporcional. Incidir pouca sombra, nesse espaço entre as árvores, é fator primordial para o desenvolvimento dessas culturas consorciadas que serão introduzidas junto ao cultivo das espécies frutíferas.
Transferência de tecnologia
Conforme explica o presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano, a transferência de tecnologia criada pela pesquisa da Embrapa e Codevasf foi possível graças à emenda individual de autoria do senador Antônio Carlos Valadares, aprovada na Lei Orçamentária Anual de 2012. Mardoqueu agradece o empenho do parlamentar sergipano em beneficiar também Sergipe com este projeto.
“A emenda do senador Valadares destinou R$ 300 mil para que o projeto abrangesse também nosso estado. Estamos gratos a ele pela oportunidade que nos dá com esta nova missão, de fomentar mais opções de cultivo e renda ao agricultor sergipano. Aproveito e agradeço também ao superintendente regional da Codevasf em Aracaju, Paulo Carvalho Viana, que procurou a Cohidro para participar do projeto”, conclui.
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- pera e caqui em Sergipe – O agricultor João Pacheco / Fotos: Felipe Coringa