Cohidro inicia recuperação de áreas degradadas nos perímetros
Sempre envolvido com questões ambientais, o Governo do Estado, através da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), inicia o processo de recuperação de reservas de proteção ambiental que sofreram intervenção do homem durante quase três décadas. Nos perímetros irrigados administrados pela companhia, o entorno das bacias hidráulicas foi sendo ocupado de forma indevida ao longo de 28 anos, uma vez que os marcos que identificam essas áreas foram retirados com o passar do tempo.
Esta ação terá início no perímetro irrigado Jacarecica I, em Itabaiana. Lá serão construídos 23 km de cerca e cerca-viva no entorno da bacia hidráulica para delimitar a área de preservação ambiental de responsabilidade da Cohidro. Todo o material como estacas, arames, grampos e sementes de Sabiá (Sansão do Campo – planta de rápido crescimento) já foram adquiridos. A licitação para a contratação da empresa realizadora do serviço está em andamento.
“A cerca-viva feita com Sabiá é uma barreira ideal contra os invasores, uma vez que possui espinhos semelhantes aos das roseiras e bastante resistência. Ela será usada para delimitar todo o entorno da bacia hidráulica, que é uma Área de Preservação Permanente (APP)”, explica a gerente geral dos Perímetros Irrigados, Maria Lúcia Ferraz.
Ainda segundo a gerente, todas as pessoas que ocupam a área já foram notificadas sobre as mudanças. “Foi feito um cadastramento com os residentes do entorno da bacia e solicitado a eles que recuem seus terrenos aos limites originais, pois será levantada a cerca. Esse acordo foi firmado entre a Cohidro e os ocupantes da área, com a participação da Semarh/Adema [Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos/Administração Estadual do Meio Ambiente]”, afirma Maria Lúcia, informando que foram registradas aproximadamente 50 ocupações no local.
Ilha de Jacarecica I
Ainda na bacia hidráulica de Jacarecica I, cerca de 10 pescadores utilizam uma pequena ilha como ponto de apoio para suas atividades de pesca artesanal. Segundo Maria Lúcia, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) será firmado com essas pessoas para que continuem trabalhando no local sem, no entanto, causar danos à natureza.
“Eles continuarão usando a ilha como apoio para a pesca artesanal, mas terão que se adequar a algumas normas. Entre elas, a de que não pode haver energia elétrica nem qualquer tipo de edificação. Também não será permitida a entrada de terceiros e é importante que saibam que não haverá sucessão hereditária, ou seja, eles não passarão para os filhos o direito de trabalhar naquela ilha. Essas medidas serão adotadas para minimizar os efeitos causados pela ação do homem na localidade”, detalha a gerente.
Plano de Recuperação de Área Degradada
Após a demarcação da reserva, a Cohidro, em parceria com uma empresa especializada, fará o estudo do nível da degradação causada naquele local. Será feita a análise e elaborado um Plano de Recuperação da Área Degradada (Prad), conforme determina a legislação ambiental. O Prad servirá para definir que ações serão tomadas no sentido de reverter os estragos causados.
A gerente de Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, Sônia Loureiro, aponta outros benefícios do projeto. “Além de contribuir para a recuperação e preservação as áreas de reserva legal e as áreas de preservação permanente (mata ciliar), a construção da cerca e o plantio de mudas específicas irão favorecer a fauna e flora da região, estimulando a atuação individual e coletiva, visando a melhoria da qualidade do ecossistema”, declara a agrônoma.
Para o diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola, João Quintiliano, o projeto pretende, também, conscientizar aqueles que vivem e trabalham nessas áreas sobre a importância da preservação. “A Cohidro espera que esta ação sirva para alertar todos os agricultores sobre os problemas causados pelos desmatamentos nos perímetros e outras atitudes que possam pôr em risco a natureza”, afirma o diretor.
Demais perímetros
O presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano, antecipa que a mesma estratégia será adotada em outros perímetros irrigados que apresentam a mesma situação. “Além de Jacarecica I, os perímetros Jacarecica II, Ribeira, Jabiberi e Piauí têm problemas semelhantes. No início do próximo ano começaremos o mesmo trabalho em Jabiberi, no município de Tobias Barreto, e posteriormente nos demais. É preciso que utilizemos os recursos do meio ambiente dentro dos padrões da sustentabilidade. Essa é uma competência cidadã de todo e qualquer pessoa ou empresa que trabalhe diretamente com a natureza”, declara Bodano.
- Cohidro inicia recuperação de áreas degradadas nos perímetros – O presidente da Cohidro
- Mardoqueu Bodano / Fotos: Ascom/Cohidro