Centro de Oncologia aumenta em 200% a assistência em domicílio
Tudo começou com uma espinha na bochecha e dali gerou uma infecção. Há 20 anos, Maria Madalena Alves, 63, vem convivendo com um tumor na face, desencadeado por um câncer de pele. Os longos períodos de exposição ao sol agravaram a lesão da agricultora, que passou por inúmeras internações, enfrentou cirurgias e diversos recursos terapêuticos. Há quatro meses, constatado o estágio da doença e a consequente impossibilidade de cura, Maria Madalena foi inserida no programa de cuidados paliativos do Centro de Oncologia do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse).
A agricultora retornou para casa, no povoado Duro, município de Itaporanga D’ajuda, e de lá passou a receber a visita semanal da equipe médica multidisplinar do homecare. Maria Madalena é hoje um dos 22 pacientes que recebem, em domicílio, assistência médica, psicológica e social custeada com recursos próprios do Governo do Estado. “Trata-se de um programa que vem sendo preconizado pelo Ministério da Saúde desde 1998, mas que em Sergipe somente foi estendido a pacientes do interior do estado nesta gestão”, explicou a coordenadora do Centro de Oncologia do Huse, Rute Andrade.
Segundo ela, de 2007 para cá, o serviço de homecare do Huse foi ampliado em cerca de 200%, saindo de três visitas por semana, para quatro. Essas visitas são realizadas por uma equipe composta de médico, técnico de enfermagem, psicólogo e assistente social. Como estrutura física, o programa conta com a disponibilização de um transporte exclusivo para o deslocamento dos profissionais, além dos insumos necessários para assistência em domicílio, a exemplo de materiais de curativo e analgésicos. “A assistência vai da fralda à morfina”, complementou a coordenadora do Centro.
Cuidados paliativos
Entende-se por cuidados paliativos o cuidado total de um paciente com doença incurável e progressiva. “É uma intervenção que é feita pelo médico oncologista, quando este constata que o paciente já não responde mais a cirurgias ou qualquer outro recurso terapêutico. Neste estágio, o paciente é encaminhado para casa para receber o conforto da família, já que no hospital ele apenas tende a generalizar sua infecção”, explicou a médica do Homecare do Huse, Vanderlúcia França.
De acordo com a médica, nos cuidados paliativos o foco da assistência é deslocado da doença para o doente. “Aqui já não interessa a doença, pois ela é irreversível. O que nos importa é minimizar a dor do paciente e proporcionar melhor qualidade de vida para que ele tenha uma sobrevida com dignidade”, acrescentou Vanderlúcia França.
Para que a assistência seja efetiva, os familiares também são inseridos nos cuidados paliativos e aprendem a cuidar do paciente. “Quando os médicos disseram que ela poderia ser tratada aqui em casa, nós dois ficamos muito felizes. Aqui é muito melhor para ela. Nós só temos um ao outro e no hospital eu sentia que ela estava infeliz. Aqui eu mesmo cuido dela, faço os curativos, dou banho, faço comida”, comentou José Bispo, esposo de Maria Madalena.
Assistência
Atualmente, o serviço de Homecare do Huse cobre a capital e os municípios com até 70km de distância de Aracaju. Além da assistência médica, o serviço conta com a imprescindível assistência de psicólogos e assistentes sociais.
“Já na primeira visita da equipe à casa do paciente, nós realizamos a abordagem social. Naquele momento, procuramos identificar quem da família será o cuidador, identificamos se o paciente tem direito a algum benefício, quais são os problemas sociais enfrentados por eles e a partir daí fazemos a mediação com a rede”, explicou a assistente social do homecare, Luciana Bittencourt.
O papel do psicólogo também é imprescindível na assistência familiar, inclusive em visitas após o falecimento do paciente. “No geral, a receptividade da família é sempre boa. Mas há casos de resistência ao cuidado paliativo, muitas vezes pela não aceitação do quadro de saúde apresentado pelo paciente. É uma situação que mexe muito com o lado emocional e que pode desestabilizar a família, que neste momento precisa ser forte”, ressaltou a coordenadora do Centro, Rute Andrade.
O Centro de Oncologia do Huse registra pouco mais de 12 mil pacientes cadastrados. Os casos mais comuns de câncer são o de próstata, entre os homens, o de mama, entre mulheres, e a leucemia, entre as crianças.
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