Biotério do Laboratório Central será reestruturado para otimizar pesquisas
Em funcionamento há mais de 20 anos, o biotério (centro de criação de animais) do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) será reestruturado para aumentar a produção de pesquisas. Atualmente, a unidade conta com 108 matrizes de camundongo albino suíço. Desses, 72 são fêmeas e 36 são machos, utilizados no isolamento do vírus da raiva canina e humana.
A produção mensal dos camundongos hoje é de 120. Com a reestruturação do biotério, deve chegar a 360 animais por mês. “Eles são considerados como reagentes biológicos. Após a sua utilização em laboratório, todos passam pelo método da eutanásia”, afirmou o veterinário Carlos Henrique Lordelo, responsável técnico pelo biotério e centro de zoonoses do Lacen.
De acordo com o veterinário, muitos animais são sacrificados em laboratórios. Mas, em princípio, eles não devem sentir qualquer sofrimento. “Condená-los dessa maneira faz parte da luta pela sobrevivência do homem, tanto quanto se alimentar com uma salsicha feita a partir de um porco, também criado para morrer, só que sem anestesia”, comparou Carlos Henrique.
Segundo ele, os biotérios oferecerem tantos cuidados quanto um berçário. “Todo dia, os funcionários trocam cama por cama dos camundongos. Essas camas são forradas de maravalha de pinho, madeira que oferece menor risco de alergias durante os testes”, disse Lordelo, acrescentando que tudo, do bebedouro à comida, é esterilizado em autoclaves. O material também recebe banhos de ultravioleta, raios que têm ação bactericida.
Além disso, periodicamente, é feita uma série de testes em 10% dos animais, a fim de flagrar microorganismos indesejáveis. Os animais isogênicos (iguais geneticamente) exigem exames extras, com substâncias marcadoras de DNA, a fim de mapear seus genes, para verificar se continuam, de fato, idênticos entre um e outro.
“Um biotério com rígido controle dos parâmetros ambientais e com animais de origem estritamente confiável, em acordo com as linhagens aceitas e catalogadas pelos padrões internacionais, é de extrema importância para a qualidade das pesquisas, principalmente dos estudos em medicina”, destacou o médico veterinário.
Protocolos
Como todo criatório de animais, a unidade é registrada no Conselho Regional de Medicina Veterinária, com a renovação anual do registro. Todo o serviço do biotério e do centro de zoonoses do Lacen é realizado com base nos protocolos e normas preconizadas pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). O trabalho ocorre em parceria com a Vigilância Epidemiológica do Estado e dos municípios, a quem cabe a coleta das amostras.
No caso de Aracaju, as amostras são encaminhadas diretamente pelo Centro de Controle de Zoonoses. Para os demais municípios, o Lacen disponibiliza ainda um profissional a fim de realizar capacitação técnica destinada à coleta das amostras a serem encaminhadas ao órgão.
“Além de cães e gatos, no Lacen também analisamos, para diagnóstico da raiva, amostras coletadas de animais herbívoros, como bovinos e ovinos, em parceria com a Emdagro [Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe]”, lembrou Carlos Henrique.
Para o diagnóstico laboratorial da raiva animal e humana, o Lacen emprega duas metodologias. A mais rápida é a da imunofluorescência direta. “Por esse tipo de teste, o resultado é obtido em até 24 horas”, informou o veterinário. Segundo ele, o exame confirmatório para o vírus da doença é realizado a partir da inoculação da amostra em camundongos lactentes (que estão em fase de amamentação), criados no biotério.
Os estudantes universitários que tenham interesse em conhecer ou fazer pesquisas no biotério do Lacen devem procurar a direção técnica do órgão.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Biotério do Laboratório Central será reestruturado para otimizar pesquisas – Foto: Marcio Garcez / Saúde