[vc_row][vc_column width=”2/3″][vc_column_text]

Na arte do bordado, o estilo vagonite se caracteriza pela confecção de desenhos muito elaborados através de uma técnica econômica. Trata-se, portanto, de um grande resultado gerado por uma ação simples. Mas em um dos diversos estandes dedicados ao artesanato no Arraiá do Povo, organizado pelo Governo do Estado na Orla de Atalaia, há uma sergipana que, embora domine como poucas a arte do vagonite, também é versada em ações grandiosas. Artesã há quase duas décadas, Edna Alves Leite decidiu transmitir sua técnica voluntariamente para uma turma de alunas muito especiais: as 32 portadoras de câncer de mama do setor de Oncologia do Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE).

Agora, a sergipana comemora a oportunidade de ter um espaço para mostrar o resultado de cinco anos de dedicação. "É uma vitória sem tamanho podermos exibir esses trabalhos no Arraiá do Povo", vibrou a artesã. 

A satisfação de Dona Edna e suas alunas representa a satisfação de cada criador que expõe no Arraiá do Povo. Durante todo o mês de junho e a primeira quinzena de julho, centenas de criações genuinamente sergipanas estarão disponíveis à apreciação do público, oferecendo a artistas e artesãos uma oportunidade sem igual para divulgação de seus trabalhos. Desde o complexo bordado vergonite à tapeçaria, dos oratórios de madeira às pinturas em tecido, dos quadros e painéis à cerâmica, Sergipe está representado em cada objeto, em cada item exibido no maior arraiá do país. 

Curiosidade e identificação

"Você pega madeira MDF, que é usada pra fazer mobília, e dá uma pintada. Mas tem que ser de branco, pois todos preferem branco. Depois você põe a imagem da santa, acrescenta umas medalhinhas se quiser, põe um vidro pra fechar e acabou". Pronto. Seguidos os ensinamentos da artesã Marta Menezes, está finalizado o oratório, uma das peças artesanais mais procuradas pelo público que visita as casas de artesanato no Arraiá do Povo.

A criadora conta que passou 18 anos fazendo pinturas em porcelana até ter um ‘estalo’ e passar a realizar trabalhos em madeira. Hoje, juntamente com as artesãs Lícia Violeta e Mônica Schneider, Marta vibra com o sucesso da pequena peça, procurada tanto por sergipanos quanto por turistas. "Os mais pedidos são os de Santo Antônio, do Espírito Santo e de Nossa Senhora de Fátima", disse. 

A variedade de itens expostos no estande administrado pelo trio de artesãs é de encher os olhos. Além dos assediados oratórios de madeira, há bolsas, cerâmica, mosaicos, estandartes, painéis feitos de sisal e quadros que, de acordo com Marta, sempre encantam os visitantes. Entre eles, a professora sergipana Sandra Santana. "Esses quadros feitos com pedras e pedaços de vidro são interessantíssimos, me chamaram muito a atenção. Está tudo muito bonito, muito mesmo". 

A professora ressaltou ainda a importância do espaço para o reforço de valores e para o reconhecimento dos criadores sergipanos. "Não há como medir o quão é fundamental esse resgate cultural. Quem é de fora quer conhecer e quem é de dentro se identifica. Minha sogra mesmo. Ela é de Lagarto e disse que muitas das coisas que ela sempre viu lá quando era pequena estão representadas aqui", disse Sandra.

A dona-de-casa Luzinete Azevedo confirmou as palavras da nora. "Lá em Lagarto tem muito artesanato, costura, e tudo isso está mostrado aqui. Mas também tem muito mais coisa pra se ver nesse espaço, né?", disse. 

Grande chance

Já o estande do Centro de Cultura e Arte está completamente voltado para a força artesanal do interior. Abajur de jornal reciclado, bolsas e chapéus de palha de uricuri de Neópolis, descansos de palha de taboa também de Neópolis, bordados Richelieu de Tobias Barreto, as rendas irlandesas de Divina Pastora, entre outros itens, compõem o repertório rústico e genuinamente sergipano do espaço.

Para a atendente Josenilda Alves dos Santos, o Arraiá do Povo representa uma oportunidade ímpar para o artesanato interiorano. "Esse espaço fornece uma grande chance para o artesão do interior, aquele que não tem condições de expor por muito tempo ou de pagar espaço em hotel. Aqui eles estão sendo vistos por pessoas do país inteiro, durante o mês todo e sem pagar absolutamente nada por isso", contou. 

O turista Wagner Alberto Lemques, paulista da cidade de Santos, foi conferir de perto os trabalhos no Centro de Cultura e Arte em seu segundo dia em Aracaju e apreciou muito. "Gostei muito do abajur feito de jornais reciclados. Muito inventivo. Tudo isso é muito diferente do que temos em São Paulo", destacou. 

Sucesso

Opção é o que não falta também no estande da artesã e voluntária do HUSE, Edna Alves Leite. Ladeados aos vistosos bordados de vagonite feitos por suas alunas portadoras de câncer, tem pintura, tapeçaria, pátina (oratório em telha), macramê (tecido trançado), panos de prato, jogo de banho, pinturas em tecido, pinturas em seda e um item chamado ‘puxa-saco’, usado para facilitar o transporte e manuseio de sacos de lixo. "Ao lado dos panos de prato e dos jogos de banho, essa peça está entre as que tem mais saída aqui. Todo mundo precisa de um puxa-saco", brincou. 

Mas o sucesso comercial parece pouco para Dona Edna se comparado à sua satisfação de ver o trabalho de suas 32 alunas do HUSE devidamente recompensado. "Elas são guerreiras, lutam o tempo inteiro, até o fim. Inclusive há aqui peças feitas por pessoas que não estão mais entre nós".

Presente pela segunda vez no Arraiá do Povo, a artesã emociona-se ao vibrar com a oportunidade de divulgar o resultado de um árduo trabalho. "Pretendo fazer com que cada uma delas venha participar da venda de suas peças. Quero fazê-las vivenciar o próprio sucesso nesse espaço maravilhoso. É uma vitória sem tamanho podermos exibir esses trabalhos no Arraiá do Povo", disse.

[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text] [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Comments are closed.