Agricultores de Organizações de Controle Social participam de intercâmbio em Ribeirópolis
Com a proposta de estimular a troca de conhecimentos entre agricultores familiares das regiões agreste e leste sergipanos, a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) promoveu no dia 28, em Ribeirópolis, um intercâmbio intermunicipal entre Organizações de Controle Social (OCS´s) daquelas duas regiões, a fim de conhecerem experiências vivenciadas quanto à produção agrícola na linha orgânica.
O intercâmbio ocorreu nas propriedades de Sebastião Francisco de Góes, com 2 tarefas, e na de Givaldo Pereira da Costa, com 7 tarefas, localizadas na comunidade Sítio Velho, em Ribeirópolis, e contou com a participação de 26 agricultores familiares, do presidente do Sindicato Rural, dos secretários municipais de agricultura e saúde, além de técnicos da Emdagro e representantes das OCS`s.
Os agricultores foram recepcionados pelo diretor de Assistência Técnica e extensão Rural da Emdagro, Gismário Nobre, que destacou a importância do intercâmbio na melhoria dos métodos e procedimentos voltados para um cultivo mais agroecológico. “Um dia como esse vale mais do que cinco dias de sala de aula. O que os produtores viram aqui é muito válido e tem aplicação direta. Essa iniciativa merece toda a nossa atenção e nosso apoio porque as pessoas à vezes querem consumir um alimento saudável, mas não encontra já que a gente não uma produção que possa atender a demanda, nem uma diversificação maior de produto”.
O diretor lembrou ainda alguns dados demonstram os riscos a saúde em função do consumo de produtos com agrotóxicos. “Segundo pesquisas divulgadas, atualmente, 400 mil casos de câncer são diagnosticados no Brasil em função do consumo de agrotóxico. Para se ter uma ideia, uma pessoa consome por ano algo em torno de 5,2 litros de veneno em virtude da contaminação dos alimentos por agrotóxicos, isso significa dizer que a gente tem que buscar meios de reduzir o consumo de produtos nocivos à saúde”, revelou Gismário.
Foi feita uma apresentação pelos técnicos da Emdagro de Ribeirópolis quanto às atividades desenvolvidas nas duas propriedades. “As atividades praticadas são a exploração pecuária, que vai desde as atividades de pequeno (que são os galináceos, avicultura caipira, ovos caipiras), médio (suínos) até o de grande porte que é bovino; e a exploração agrícola que é diversificada, tendo como carro chefe as olerícolas e, dentre elas, duas são plantadas com maior frequência que são a batata-doce e o amendoim. Mas, além dessas culturas, essas duas famílias investiram na produção de hortaliças, chamando a atenção para que tudo o que é produzido nessas propriedades, inclusive todos os insumos utilizados, é feito no sistema agroecológico e orgânico produzido na própria propriedade”, detalhou o técnico Adalberto de Carvalho Sena.
Já o técnico Mário Caíres, aproveitou a oportunidade para demonstrar em valores o custo-benefício das propriedades, demonstrando a viabilidade da produção orgânica em sua forma diversificada, quanto aos preços comercializados na feira da agricultura familiar do município. Segundo ele, as principais culturas ofertadas na feira são alface, cebolinha, couve, coentro, tomate cereja, macaxeira, banana, feijão de corda e ovos caipiras. ”É importante registrar que os agricultores vão à feira com a cesta cheia e retornam vazia e isso significa dizer que cada uma das famílias obtém um lucro de aproximadamente R$ 150,00 por semana”, relata Mário.
Mário acrescenta ainda que, além da feira do município, os agricultores também participam do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), fornecendo para as escolas alface coentro, couve, cebolinha, ovos, tomate, dentre outros produtos.
Um dado importante apresentado no intercâmbio diz respeito à produção da batata-doce, um dos principais cultivares da região. Aos participantes, foi mostrado seu custo/benefício, fazendo ver que o valor investido nesse tipo de cultivo, incluído aí os preços dos insumos utilizados, é muito inferior ao valor da receita obtida. Para se ter uma ideia, nos 0,3 hectares das propriedades de Sebastião e Givaldo, a produção da olerícola chega a pouco mais de cinco toneladas, o que lhes rendem uma receita de R$ 4.900,00. Desse valor, R$ 1.487,20 são retirados para cobrirem as despesas com a produção e, assim, o lucro a ser dividido entre os dois agricultores é de R$ 3.412,80.
Ao final do evento, foi feita uma breve avaliação, quando os participantes tiveram a oportunidade de expressar um juízo de valor em relação ao intercâmbio; sobre o qual, todos foram unânimes ao afirmarem ter sido altamente positivo.
- Agricultores de Organizações de Controle Social participam de intercâmbio em Ribeirópolis – Fotos: Ascom/Emdagro