Déda avalia perspectivas positivas na discussão sobre energia eólica no NE
Ao término do seminário ‘Diálogo sobre Energia Eólica’, promovido pelo Banco do Nordeste nesta segunda-feira, 16, em Fortaleza (CE), o governador de Sergipe, Marcelo Déda, considerou positivas as discussões sobre o potencial eólico do Nordeste, e sobre as oportunidades de investimento que se abrem a partir da definição da energia eólica como um dos componentes do modelo energético brasileiro.
O encontro reuniu o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, governadores de estados nordestinos, representantes de instituições financeiras, empresários, ambientalistas e autoridades vinculadas com o tema.
Potencial
Segundo Déda, a oportunidade aberta, a partir desse diálogo, é extraordinária, pois permite o avanço de idéias relativas ao incentivo de uma fonte de energia alternativa gerada sem poluição e sem agressão ao meio ambiente, além de aproveitar um imenso potencial existente na região, que são os ventos constantes.
"Por outro lado, a partir da utilização da energia eólica, pode-se complementar o sistema energético no Nordeste, que é muito dependente do ciclo de chuvas. Portanto, contando com um montante de energia produzida através dos ventos, poderia haver uma compensação para suprir a redução de produção energética no período da seca", afirmou o governador, baseado nas justificativas técnicas apresentadas no encontro que apontam que há uma intermitência entre os períodos de seca e a ocorrência de ventos mais fortes e constantes.
"A partir disso, nos momentos em que as usinas hidrelétricas de Xingó e Sobradinho reduzem o seu armazenamento e produção, devido à seca, é justamente o momento em que mais ventos sopram e, portanto, onde há possibilidade de uma maior geração de energia eólica", completou Déda.
Oportunidades de investimento
Durante o evento, o governador do Ceará, Cid Gomes, um dos estados pioneiros no investimento em energia eólica, e o presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Lauro Fiúza, apontaram um enorme mercado em potencial que pode ser desenvolvido a partir dos investimentos em energia eólica, atraindo investimentos internacionais e criando as condições para o fortalecimento de uma cadeia produtiva própria, gerando conhecimento, emprego e renda na região.
"Segundo dados do mapa eólico brasileiro, as regiões que apresentam o maior potencial para exploração da energia eólica são o Nordeste e o extremo Sul do Brasil, notadamente, regiões específicas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina", disse Cid Gomes.
Esta constatação, segundo ele, é reforçada com os argumentos técnicos do baixo custo operacional, uma vez que grande parte dos investimentos são necessários para a implantação das ‘usinas eólicas’, as características da região, que possui ventos com regularidade na velocidade, direção e sazonalidade, além de promover outros mecanismos de independência em relação aos combustíveis fósseis comumente utilizados para complementação do sistema energético através das termelétricas.
Já Lauro Fiúza apresentou dados que comprovam que as grandes nações do mundo já estão apostando no potencial eólico para produção de energia, a exemplo dos Estados Unidos, que preparam um programa ambicioso orçado em U$ 14 bilhões, para que até 2015, 20% do seu consumo de energia advenha das usinas eólicas.
"As grandes nações já investem nisso, e o Nordeste tem o potencial de produzir 75 gigawatts ao ano, superando em muito até a produção da usina de Itaipu com a energia mais limpa e ecologicamente aceitável no mundo inteiro", ilustrou o presidente.
Desenvolvimento tecnológico
Segundo o governador Marcelo Déda, os governadores nordestinos estão cobrando apoio para aprofundar os estudos sobre o real potencial dos seus estados, para que se viabilize os investimentos necessários ao desenvolvimento tecnológico para exploração dessa nova fonte de energia.
"Em Sergipe, por exemplo, só temos duas estações de medição de ventos, utilizando anemômetros, uma em Propriá e outra em Aracaju, que produziram dados que revelam potencial para construção de parques eólicos em nosso Estado", justificou o governador. "Ocorre que a tecnologia utilizada nessas medições já está ultrapassada e necessitamos de novas medições que provem um potencial muito maior também em outras regiões do Estado, sobretudo nas regiões mais elevadas", completou Déda.
Isto é indispensável, segundo ele, para avançar nas discussões e no conhecimento para construir um ‘atlas’ da potencialidade dos ventos em Sergipe. "A partir daí, poderemos atrair investimentos para o nosso Estado, pois há muitos investidores em busca de novas oportunidades na produção de energia eólica", concluiu Déda.
Ao fim do encontro, o ministro Edison Lobão se comprometeu em avaliar criteriosamente os novos dados que apontam para o potencial eólico no Nordeste e promover um encontro com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, representantes de entidades que defendem a questão, governadores nordestinos e investidores, mostrando o quanto a região Nordeste e todo o país podem lucrar e se destacar no cenário mundial com esta nova tecnologia que, somada à produção de biocombustíveis, poderá tornar o Brasil, além de potência mundial, uma referência em tecnologias sustentáveis e renováveis para produção energética.
Presenças
Participaram do evento o presidente do Banco do Nordeste, Roberto Smith, o presidente do Senado, Garibalde Alves, o superintendente da Sudene, Paulo Fontana, o deputado federal Marcelo Feitosa (SP), os governadores Jaques Wagner, da Bahia, Eduardo Campos, de Pernambuco, Wellington Dias, os vice-governadores do Maranhão, Luís Porto, e do Rio Grande do Norte, Iberê Souza e secretários de Estado representando os demais estados nordestinos.
Também participaram das discussões, representante de órgãos como BNDES, Chesf, técnicos do BNB, representantes do Greenpeace, empresários do setor e estudiosos do tema. Sergipe esteve representado, além do governador, pelos secretários de Estado da Casa Civil, José de Oliveira Júnior, e do Turismo, João Augusto Gama, e pelo diretor administrativo da Sudene, Saumíneo Nascimento.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Déda avalia perspectivas positivas na discussão sobre energia eólica no NE – Foto: Márcio Dantas/ASN