Rock Sertão: muita música e cultura em Nossa Senhora da Glória
Luzes. Som. Música. Distorção. Durante toda a noite da sexta-feira, 23, o município de Nossa Senhora da Glória reuniu, de uma só vez, jovens roqueiros, adultos curiosos, músicos extasiados. Foi o primeiro dia da 6ª Edição do Rock Sertão, evento que juntou em um único palco atrações independentes e consagradas da cena alternativa e do rock de Sergipe.
Na primeira das duas noites do evento, o punk rock da Rotten Horror, o heavy metal da The End e da Tchandala, o ‘Sambaião’ da Naurêa, o pop rock da Alapada e da Anjos Inocentes, o rap core da Justiça Cega e o regional da Unicampestre despertaram a cidade e fizeram a praça Antônio Alves Oliveira ser invadida por milhares de pessoas. Com o apoio do Governo de Sergipe, o festival, pela primeira vez em suas seis temporadas, recebeu estrutura profissional e o acréscimo de uma atração nacional em sua programação: o compositor maranhense Zeca Baleiro, que se apresenta neste sábado, 24.
Uma das principais atrações da noite de abertura, Alapada marcou presença no Rock Sertão pela quarta vez consecutiva. "Nos sentimos lisonjeados de participar de um evento assim, que mesmo organizado em uma região que não tem tradição no rock, dá ao público chance de acesso a outros estilos", destacou Nanah Escalabre, vocalista da banda.
Escalabre destacou ainda a excelência da estrutura oferecida na edição 2008 do evento. "Está tudo fenomenal, só tem o que há de melhor em som e iluminação. Não há nem comparação com as edições anteriores. Estamos com a faca e o queijo na mão para realizar uma grande apresentação", disse.
Já a Naurêa não é o que se pode chamar de atração roqueira. Mas mesmo propondo uma salada regional batizada como ‘sambaião’, a banda marcou presença pela segunda vez consecutiva no Rock Sertão e mostrou que o cultivo da diversidade foi uma das grandes pretensões do evento. Segundo Alex Santanna, um dos integrantes do grupo, a tendência é que os festivais em geral fiquem cada vez mais abrangentes em relação aos estilos. "O público só tem a ganhar quando há mais opção e diversidade", ressaltou.
O músico também destacou a importância do Rock Sertão para o fomento cultural no Estado. "Se você olhar bem, esse é o único festival que temos atualmente em Sergipe. E quando se tem um evento que valoriza o trabalho autoral, como esse, as pessoas são encorajadas a compor e tocar". Ainda de acordo com Santanna, o evento segue em ascensão. "Do ano passado pra cá melhorou muito mesmo".
Logo depois de apresentar seu heavy metal oitentista, a The End, de Poço Redondo, desceu do palco comemorando seu terceiro Rock Sertão em oito anos de estrada. Para o baterista Gilson dos Santos, o Dunga, o festival é uma verdadeira janela para as bandas de garagem espalhadas Sergipe afora. "Tenha certeza, se não fosse pelo Rock Sertão, seria ainda mais difícil para as bandas independentes do que já é. Esse evento nos dá um degrau a mais na trajetória", disse.
Glória nas alturas… volume também
"Sempre gostei de rock. Quando cheguei em Glória há alguns anos e vi que estavam precisando de apoio para montar um festival, resolvi dar uma força". A frase acima poderia muito bem ter sido concebida por alguém diretamente ligado a música ou a produção cultural. Mas na verdade saiu de Márcio Gonzaga, padre do município de Nossa Senhora da Glória. Há cerca de seis anos na cidade, Padre Márcio acompanhou de perto o crescimento do Rock Sertão. E hoje soma-se aos principais colaboradores do festival na cidade. "Os ajudei por gosto pessoal mesmo. Procurei usar minha influência para buscar mais incentivo para o evento, que é uma gratificante manifestação cultural".
E o padre garante que sua relação com o estilo não se limita à vida pessoal. "Uso muito o rock para evangelizar nas minhas celebrações, para pregar a solidariedade e a valorização da vida". Logo depois de celebrar sua missa na sexta-feira, ele não perdeu tempo e se juntou à festa na praça. "É importante que as pessoas saibam respeitar o diferente. O Rock Sertão contribui para isso, pois ajuda a afastar todo o preconceito que gira em torno do rock", frisou.
Sucesso
Para os organizadores do evento, o Rock Sertão está cumprindo bem seu papel de aglutinador da cena cultural sergipana. "As pessoas estão se organizando para vir, a cidade está movimentada, as pousadas estão lotadas. Tudo isso porque aqui se tem uma oportunidade única para quem quer apreciar outros estilos", frisou Kleberson Silva Souza, membro da comissão organizadora.
E já há planos para que o festival cresça ainda mais nas próximas edições. "A idéia é que o Rock Sertão se torne um evento multicultural, com oficinas e outras atividades paralelas às apresentações’, revelou Danilo Santana, também da equipe de organizadores. Já Fábio Aragão, outro à frente do evento, sintetizou em uma frase o que já parecia estampado nos rostos das milhares de pessoas que compareceram à praça Antônio Alves de oliveira. "Sergipe precisa de mais eventos como o Rock Sertão".
Acompanhe a programação deste sábado, 24. Os shows começam às 17h:
– Dark Visions (Tobias Barreto)
– Bago de Bruxa (Estância)
– Snooze
– Fator RH (Nossa Senhora da Glória)
– Zeca Baleiro
– Maria Scombona
– Scarlet Peace
– Forte Paradoxo
- Rock Sertão: muita música e cultura em Nossa Senhora da Glória – Foto: Cesar de Oliveira/ASN