Cabeço e Saramém em fotos no Centro de Arte e Cultura
"Estamos mostrando a cara do pessoal para além de Brejo Grande". É assim que Flávio Hipólito explica a exposição ‘Olhar sobre si: dois povoados da foz do São Francisco’, que mostra os povoados Saramém e Cabeço, da cidade de Brejo Grande, em fotografias feitas e selecionadas pelos próprios moradores. A exposição foi aberta nesta quarta-feira, 9, no Centro de Arte e Cultura de Sergipe.
Flávio tem 60 anos de idade e nasceu no povoado Cabeço. "Nasci no povoado que foi engolido pelo mar. Saí de lá aos 17 anos, servi ao Exército e há oito anos voltei para fazer algo pelo meu lugar", disse Flávio. "A gente não sabia de nada, não saía para lugar nenhum. Hoje estou aqui, em Aracaju, mostrando o lugar onde moro para as pessoas", disse Maria de Lourdes Santos, de 66 anos. Ela nasceu no povoado Resina, também em Brejo Grande, mas mora no Saramém há quatro anos.
Eles são dois dos 25 brejo-grandenses que montaram a exposição ‘Olhar sobre si’. Todos os participantes marcaram presença na abertura. O trabalho reflete o olhar destas pessoas sobre si, sua história e sua realidade. São fotos antigas, que mostram os povoados antes da invasão do mar, a reconstrução das comunidades, e fotos atuais, retratando o cotidiano destas pessoas compõem a mostra fotográfica.
A exposição faz parte do projeto de pesquisa de e extensão dos estudantes Marcos Chabes e Daniela Nakamura, da Universidade de Campinas (Unicamp-SP). "Nossa idéia é fazer a comunidade se reunir, discutir sua realidade e pensar soluções", explica Marcos, que é estudante de Ciências Biológicas. "A gente quer discutir o meio ambiente e sua preservação dentro do contexto social, fazendo a comunidade olhar para ela mesma", disse Daniela, que estuda Ciências Sociais.
Elza Barreto, 64 anos, foi para o Cabeço aos 12. Lá, casou e teve oito filhas. Depois que o mar destruiu o povoado, ela foi morar no Saramém. "Aquele Cabeço não existe mais e as pessoas estavam um pouco esquecidas de tudo que aconteceu, das famílias que ficaram desabrigadas e tudo o mais. Agora, a gente voltou a olhar para a gente mesmo e a pensar soluções para nós mesmos", disse Elza.
"Estamos tentando buscar melhorias para nossa comunidade em conjunto. Até a nossa vinda foi discutida e resolvida por nós", disse Flávio. "Este trabalho é um estímulo para que a comunidade reencontre a auto-estima, busque autonomia e alternativas para suas vidas dentro da própria realidade", explicou Ana Lucia Menezes, secretária de Estado da Inclusão, Assistência e do Desenvolvimento Social.
O projeto conta com o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), da Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac) e do Fundo de Amparo ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Faepex), da Unicamp, e vem sendo desenvolvido desde janeiro de 2006.
A exposição estará aberta ao público até o dia 31 de janeiro, no Centro de Arte e Cultura de Sergipe, que fica à Avenida Santos Dumont, s/nº, na Orla de Atalaia.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Cabeço e Saramém em fotos no Centro de Arte e Cultura – Foto: Edinah Mary/Seides