Com auxílio do Governo, Lagarto planta as primeiras mudas de caqui no Estado

Um novo capítulo na história da agricultura sergipana começou a ser escrito na manhã de terça-feira, 20, ao ter início o plantio de 1000 mudas de caqui, nos lotes de dois irrigantes do Perímetro Irrigado Piauí (Pepia), gerido pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), em Lagarto.

Para setembro, é previsto a chegada de mais 2000 mudas frutíferas de pera e maçã, também desenvolvidas no projeto experimental “Integração e avaliação de culturas alternativas para as áreas do Semiárido Brasileiro”, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
 
A ação no Pepia se deve ao convênio firmado entre a Cohidro e a Embrapa Semiárido, de Petrolina-PE, que ainda tem como parceiros a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Banco do Nordeste e Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), que financiaram o Projeto. A partir de uma emenda individual, de autoria do senador Antônio Carlos Valadares e aprovada na Lei Orçamentária Anual de 2012, Sergipe foi favorecido com a transferência de tecnologia desenvolvida pela pesquisa.
 
A gerente de desenvolvimento agropecuário da Cohidro, Sônia Loureiro, comemora o passo dado no meio agrícola em Sergipe, frisando a importância da inserção de novas variedades que ampliem a oferta de produtos no mercado de alimentos. “O fato tem relevância histórica, por se tratar de ser a primeira vez que é feito um plantio, em escala comercial, da variedade no Estado. Talvez seja esse o primeiro pé de caqui plantado em solo sergipano”, externa a engenheira agrônoma, enquanto auxilia o agricultor João Pacheco a fixar ao solo a muda frutífera.
 
Escolhidos

Cinco agricultores do Pepia foram escolhidos pelos técnicos da Companhia para receber as mudas e participar do projeto experimental em Lagarto. João Pacheco é um deles e está sendo o primeiro a ter suas mudas plantadas, sob a supervisão da Cohidro e Embrapa.  Depois de fazer a viagem técnica a Petrolina e conhecer o experimento lá iniciado em 2008, se fez apto a participar do projeto e foi capacitado pelas equipes das duas Empresas. O irrigante está confiante e explica como foi orientado a preparar a sua área e como se darão os tratos culturais em sua plantação de caquis.
 
“Depois de arar a minha área de meio hectare, para as 500 mudas de caqui, fiz as covas no espaçamento determinado pelos técnicos, de 2 metros entre uma planta e outra e de 4 metros entre as linhas. Ao plantar as mudas, entra junto a adubação de fundação e depois vou aplicar a adubação de cobertura. Vou plantar outras culturas entre as linhas de caquis, começando com pimentão e depois amendoim. Assim, trabalhando sempre a terra em volta dos caquizeiros, vou manter o lote sempre limpo de ervas daninhas”, conta Pacheco, que recebeu da Embrapa, além das mudas, o kit de irrigação em gotejamento e os insumos para manter as plantas. Ele entrará só com a terra e sua mão de obra. Já a Cohidro contribui com a assistência técnica e o fornecimento da água, já canalizada ao lote de João.
 
Responsável pelo setor do Pepia que abrigará as plantações frutíferas e técnico agrícola da Cohidro que acompanhou os irrigantes na viagem à Embrapa Semiárido, William Domingos Silva explica como foram feitas as recomendações para os tratos culturais nas áreas que agora recebem as mudas. “Na adubação de fundação está sendo aplicado um composto de fósforo com potássio e para a adubação de cobertura, aplicada 20 dias após esse plantio, será usado adubo com base de nitrogênio e o esterco de gado”, disse o técnico, que também acompanha o plantio das outras 500 mudas de caqui no lote do irrigante João de Souza.
 
João de Souza, também conhecido como “Bosco”, sempre atuou sob a assistência da Cohidro na produção de hortaliças no Pepia. Já preparou sua área, também de meio hectare, que agora recebe as mudas de caqui. Entusiasmado, ele conta como está sendo a experiência de participar do projeto da Embrapa. “Fiquei animado com o cultivo do caqui, a visita foi muito proveitosa. Nosso solo é melhor que o do Sertão e temos mais chuva do que lá. Acho que temos condição de nos sairmos até melhor do que eles”, arrisca, confiante de que a produtividade dessas novas frutas em Lagarto, possa superar os bons resultados obtidos no experimento em Petrolina, devido às condições climáticas mais favoráveis à agricultura, no Centro-Sul Sergipano.
 
A gerente do Pepia, Gilvanete Teixeira, esclarece como foi feita a seleção dos produtores escolhidos para abrigar esses campos experimentais das variedades frutíferas. ”Eles foram selecionados pela equipe do Perímetro Piauí, levando em consideração a atuação deles em projetos anteriores aplicados pela Cohidro. Foram avaliadas características como a assimilação das tecnologias e a capacidade de retransmitir aos demais agricultores tudo aquilo que aprenderam nas instruções práticas desenvolvidas pela Companhia”, resume. Além de João Pacheco e Bosco, os também irrigantes Jânio Gonçalves dos Santos e Marcos Melo vão receber 500 mudas de pera cada, já Gidelson Gonçalves vai receber 1000 mudas de maçã.
 
Embrapa

Acompanhando todo processo de plantio das mudas de caqui, nas duas propriedades do Pepia, estava o técnico agrícola da Embrapa José Liberalino. Ele vem trabalhando com as três variedades frutíferas, experimentadas em Petrolina, desde o início do Projeto e presta esclarecimentos de como lidar e de que maneira se comportam os caquizeiros. “Por serem híbridas, modificadas geneticamente para uma produção precoce, os caquis vão começar a produzir em 3 anos de vida, mas só aos 4 terá a produção definitiva. Mas é importante ir retirando os primeiros frutos logo que forem nascendo, ainda verdes, para a planta poder se desenvolver”, explica, adiantando que em torno de 15 dias, chegarão as mudas de pera e maçã ao Pepia.
 
O presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano, expõe que o convênio com a Embrapa é uma excelente oportunidade para o Governo do Estado dinamizar a atividade rural, atrelada à avançadas técnicas de cultivo e ciência agrícola. “A emenda do senador Valadares ampliou o projeto pioneiro da Embrapa, desenvolvido em Pernambuco, para Sergipe e entregou a nós a incumbência de pôr em prática este experimento, que lá já demostra excelentes resultados. Sempre é louvável a iniciativa de aumentar a variedade de alimentos na mesa da população e dispor, cada vez mais, de novas alternativas de geração de renda ao homem do campo”.