SES alerta importância da vacinação contra a Paralisia Infantil
Mesmo com um bom desempenho apresentado do dia 08 de junho até o momento, período em que ocorre a campanha de vacinação contra a Paralisia Infantil, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) alerta pais e responsáveis sobre a importância de imunizar as crianças.O médico infectologista da SES, Marco Aurélio Góes, esclarece que, mesmo já erradicada no país, a doença é infectocontagiosa e conta um pouco da história dela em Sergipe. Ele reforça que a vacinação é a única maneira de prevenir a doença, uma vez que ela ainda se encontra presente em alguns países do mundo.
Ascom SES – O que é a Poliomielite e como ela é transmitida?
Marco Aurélio Góes – A poliomielite, também conhecida como “Paralisia Infantil”, é uma doença infectocontagiosa causada pelo Poliovírus. A principal manifestação é um quadro de paralisia que ocorre de maneira súbita. O único reservatório do Poliovírus é o homem. A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato direto de pessoa a pessoa, seja pela via oral-fecal (objetos, alimentos e água contaminada com fezes de doentes) ou pela via oral-oral (contato com secreções ao falar, tossir ou espirrar).
Ascom SES – Quais são os principais sintomas da Paralisia Infantil?
MAG – O principal sintoma é o aparecimento do déficit motor de forma repentina, principalmente nos membros inferiores, nas pernas. Ela está associada à febre, podendo deixar sequelas motoras no indivíduo.
Ascom SES – Como foi a estratégia de erradicação da doença no Brasil? Há quanto tempo está erradicada?
MAG – O principal ponto da estratégia de erradicação da poliomielite no país foi o grande envolvimento de gestores, profissionais e da comunidade em manter altas taxas de cobertura da vacinação nas diversas regiões do país, eliminando a transmissão. A Paralisia Infantil encontra-se erradicada no Brasil desde o início da década de 1990. O Brasil possuía, até a primeira metade da década de 1980, uma alta incidência de poliomielite, o que levava a um alto número de sequelas físicas. Em 1994, a OMS (Organização Mundial de Saúde) certificou a erradicação da transmissão do poliovírus nas Américas. Os últimos casos no Brasil ocorreram em 1989.
Ascom SES – Há relatos sobre a presença da Poliomielite em Sergipe?
MAG – Os primeiros casos de Poliomielite em Sergipe são de 1946. Na década de 50, o número de notificações não correspondia à realidade, ocorrendo expressiva subnotificação. Na década de 60, o trabalho conjunto da Vigilância Epidemiológica da SES, da Fundação SESP e do Centro de Reabilitação “Ninota Garcia” resultou em aumento do número de casos notificados e no significante relato de 69 registros de poliomelite, forma paralítica, publicado em 1967. A partir de 1968 é que se implanta em Sergipe o Sistema Nacional de Notificação Semanal (FSESP-MS)13. Nesta década, inicia-se também o controle da poliomielite com a introdução da vacina oral Sabin, em 1962, sob a forma de campanhas massivas de imunização. Na primeira campanha, foram aplicadas 30.050 doses em crianças de Aracaju e de algumas cidades do interior, repetindo-se em 1964 e 1965. Já em 1965, inicia-se a intensificação da vacinação de rotina, aumentando a cobertura vacinal nos anos de 1966 e 1967. Devido ao aumento de casos, a vacinação de rotina foi ampliada também para o interior. Com estes dados, pode-se afirmar que o esforço de técnicos da SES na década de 60 permitiu que o Estado de Sergipe se antecipasse ao Plano Nacional de Controle da Poliomielite, criado em 1971, e ao Plano Ampliado de Imunização, iniciado em 1973. Ao tornar-se obrigatória por força da lei, em 1969, a vacinação contra a Paralisia Infantil no primeiro ano de vida, Sergipe já acumulava experiências, seja de vacinação de rotina ou de campanhas massivas, desenvolvidas a partir de 1980, quando são instituídos os dias nacionais de vacinação. Apesar dessas medidas de controle, a doença continuou ocorrendo no Estado de forma endêmica (1986) ou em pequenos surtos (1984), acompanhando as tendências observadas para a região nordestina na década de 80. A partir de 1987 apresenta importante declínio, sendo que, em 1989, foi registrado o último caso confirmado de poliomielite em Sergipe.
Ascom SES – Se está erradicada, porque devemos manter a vacinação?
MAG – Sem a vacinação, todas as pessoas correm o risco da infecção e de adoecer. Apesar de termos a doença erradicada desde a década de 1990, ela ainda está presente em algumas áreas do mundo, levando a um risco real da reintrodução do vírus nos países que já tinham erradicado. Por esse motivo, além de manter altas coberturas vacinais, todos os casos de paralisias flácidas em menores de 15 anos devem ser notificados e investigados, garantindo que o sistema de saúde está alerta para identificar uma possível reintrodução da doença no nosso território.