Sergipe envia ajuda do SUS para reforçar atendimento aos haitianos
Sergipe, mais uma vez, mostra o seu potencial médico e assistencial atuando em missões humanitárias realizadas pela Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS). Agora, uma equipe composta pela médica Ione Correia de Araújo, pelo enfermeiro Marcos Fonseca e pela técnica de enfermagem Genailda Santos embarcará para a cidade acreana de Brasileia, onde estão cerca de 1350 refugiados haitianos em situação precária.
Na manhã desta sexta-feira, 19, a secretária de Estado da Saúde, Joélia Silva, e o diretor operacional da Fundação Hospitalar de Saúde (FHS), Wagner Andrade, fizeram a entrega dos kits que os profissionais sergipanos usarão durante os 10 dias de missão. Segundo informações do Ministério da Saúde, existe uma média de 70 pessoas/dia imigrando do Haiti para o Brasil, sendo alojadas em campos ou até estádios de futebol. Além dos abalos psicológicos e diante das condições sub-humanas em que vivem, alguns haitianos possuem algumas doenças como tétano, difteria, hepatite, febre amarela e até doenças sexualmente transmissíveis.
Para Joélia Silva, dentre as 14 missões já realizadas pela Força Nacional do SUS, essa no Acre possui um ponto de vista especial. “A equipe de Sergipe foi solicitada de acordo com o diagnóstico feito diante do grau do comprometimento assistencial dos próprios haitianos. O Haiti é um país com uma realidade sanitária bem preocupante, sendo que muitos dos seus moradores vieram com problemas respiratórios, doenças de pele, gastrointestinais e, principalmente, doenças sexualmente transmissíveis, que precisam ser cuidados”, explica a secretária.
Ainda segundo a gestora, o fato de Sergipe ser acionado pelo perfil de qualificação profissional que possui, é um grande reconhecimento. “Atuar nessa missão faz com que os profissionais tenham uma nova e rica experiência na área de atuação. Isso nos fortalece. Caso nossa região tenha algum problema, seja do ponto de vista de catástrofes ou acidentes naturais, ou na realização de grandes eventos, eles estão sempre preparados. Sinto-me feliz em poder fortalecer essa parceria com o SUS e o Ministério da Saúde. É muito bom o reconhecimento porque a nossa gente tem qualidade para atuar em vários frentes”, comemora.
Atenção especial
A coordenadora da Força Nacional do SUS, Conceição Mendonça, explica que se trata de um programa do Governo Federal, monitorado pela Presidência da República e Ministério da Saúde. Nessas 14 missões já realizadas, Sergipe já participou de 70% delas.
“Sempre disponibilizamos profissionais de Sergipe, por ter um potencial assistencial, técnico, de gestão e de articulação política. A Força, quando chega a um determinado lugar, sempre dá um grande apoio ao Estado ou Município em questão”, explica.
Essa será a segunda equipe que está a caminho de Brasileia e terá a capacidade de fazer um diagnóstico in loco para ver se há necessidade de encaminhar mais um grupo ao reforço. A Missão da Força é feita em 10 dias, no máximo. A equipe sergipana sairá de Aracaju amanhã, 20, direto para a cidade de Rio Branco. De lá, seguirá até Brasileia no avião da Força Aérea Brasileira.
Após uma ação humanitária, os profissionais chegarão com grandes lições aprendidas para fortalecer o SUS local, através do Samu e da rede hospitalar. Para a médica, Ione Correia Araujo, atuar em missão é muito significante.
“O aprendizado adquirido vai além dos conhecimentos da universidade e da nossa vivência em anos de experiência. É muito prazeroso poder ajudar e até auxiliar na cura de algumas doenças. Chegando lá, muitas vezes, não é somente para fazer a parte médica. Vai muito além. Ouvimos as pessoas, conversamos. É um crescimento muito grande”, garante.
O enfermeiro Marcos Fonseca participará pela segunda vez da missão. “Minha primeira experiência foi também no Acre, auxiliando vítimas das enchentes. É importante contribuir para a população haitiana que deve ter chegado em uma situação delicada e crítica de saúde. A partir do momento que saímos da nossa zona de conforto, percebemos que a atuação de saúde é muito mais ampla e diferenciada. Estou feliz com esse trabalho”, afirma.
Para o diretor operacional da FHS, Wagner Andrade, “é uma alegria para Sergipe colaborar com a Força Nacional do SUS e isso nos traz de retorno o conhecimento dos profissionais que vão viver uma situação de calamidade, de assistência humanitária que, no futuro, será de grande proveito para nosso Estado, em quaisquer situações”, comemora.
Atuação no Acre
Sergipe chega para somar. A Força Nacional do SUS já concluiu a análise dos refugiados haitianos que estão em Brasileia. Segundo o Ministério da Saúde, já foram imunizados 919 haitianos com a administração de 2.225 doses das vacinas contra tétano, difteria, hepatite e febre amarela.
Algumas equipes já estão na cidade para prestar atendimento individualizado a imigrantes que necessitam de procedimentos especiais. O Governo Federal, por sua vez, também avançou na prevenção com obras para melhorar as condições sanitárias do local.