Agricultor reduz agrotóxicos na lavoura com uso de tela especial
Uma técnica inovadora de produção agrícola está sendo utilizada no perímetro irrigado Piauí, administrado no município de Lagarto pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro). Trata-se de uma área de 6.000 m² de plantação de tomate cultivada sob um telado vermelho, cujos benefícios chamaram a atenção do pequeno produtor rural Gidelson Gonçalves dos Santos durante visita a uma exposição na cidade de Holambra, interior de São Paulo.
Gidelson já era adepto do cultivo protegido, que consiste em criar uma grande barreira contra as pragas ao envolver a lavoura com uma tela de proteção. O agricultor havia feito uso da tecnologia em uma pequena plantação de tomate. Como resultado, obteve plantas de quase dois metros de altura, que desenvolveram talos fortes e frutos vistosos, de cor verde-escura. E o mais importante: utilizando um fertilizante natural à base de algas marinhas e pouco agrotóxico. O material reduziu o ataque de traças e da mosca-minadora, insetos que costumam fazer estragos nas plantações.
Instalada há pouco mais de dois meses, a tela importada de Israel levou cerca de uma semana para ser montada. Gidelson contou com a ajuda do filho e de mais quatro funcionários na preparação de toda a estrutura, que inclui postes de sustentação para o telado e varais para os tomateiros, que direcionam a planta a um crescimento vertical e possibilitam melhor aproveitamento.
Sob a estrutura são cultivadas três variedades de tomates. A primeira colheita está prevista para o final de fevereiro e a planta continua produzindo até o mês de maio, quando a cultura será retirada e substituída por outra. “Após esta safra, pretendo dedicar o lote ao cultivo da pimenta jalapeno, uma cultura que eu já planto em outra área. Ela é usada na preparação da famosa pimenta Gota”, afirma Gidelson, que comercializa diretamente com uma grande empresa do ramo alimentício.
Benefícios
De acordo com o gerente do perímetro Piauí, Marcos Emílio, a cor vermelha da tela oferece inúmeras vantagens – dentre elas, favorece o desenvolvimento da planta. “Trata-se de um material resistente que diminui a luminosidade dentro da lavoura, elimina o ataque de insetos e reduz o impacto da chuva nas plantas. Essa tela filtra o espectro de luz vermelha, favorece a presença de cloroplastos que melhoram a fotossíntese da planta, desenvolvendo bem as raízes e os frutos”, explica.
Para o agricultor, o investimento representa a realização de um sonho. “Eu sonhava há mais de 20 anos com alguma coisa parecida com isso aqui, mas ainda não sabia o que era. Conheci essa técnica em Holambra, no ano passado, e fiquei encantado. Hoje, outros produtores do perímetro e de fora do estado já vieram conhecer e mostraram interesse, mas estão esperando os meus resultados para depois implantar em seus lotes. Estou sendo uma cobaia”, brinca o pequeno produtor.
E os resultados já começam a aparecer. Segundo o gerente do perímetro, a plantação tem mostrado bom desenvolvimento. “É possível observar pelo tamanho das folhas e o espaçamento entre elas, bem como pela beleza dos frutos e a altura das plantas, que o desenvolvimento está a contento. A produção está vingando e não há dúvidas de que o telado proporcionou isso”, observa Marcos.
Menos agrotóxico
Para Gidelson, um dos pontos satisfatórios é a redução no uso de agrotóxicos. “Esse telado foi uma saída que encontrei para defender a plantação da mariposa, que gera a broca do tomate e faz uma miséria no fruto. Como eu não esterilizei o solo antes do plantio, alguns focos da praga permaneceram. Por isso ainda preciso utilizar o agrotóxico, hoje 80% menos do que antes”, ressalta.
O gerente Marcos reforça ainda: “são muitas as dificuldades em produzir o alimento orgânico a céu aberto. A tela de proteção é uma solução para o agricultor que quer plantar sem prejuízo. Mesmo se utilizada na agricultura convencional, o uso de agrotóxicos é reduzido em 80%. Quem vê a lavoura de Gidelson pensa que ele faz uso de muito agrotóxico, mas não é verdade. Ele é pioneiro nesta tecnologia no estado, e espero que se torne um incentivo para os demais produtores”.
Plasticultura e fertirrigação
A plasticultura é outra técnica empregada no auxílio à produção agrícola e, neste caso, complementa os resultados na lavoura de Gidelson. “O solo é coberto com um filme de PVC, que resulta em menos perda de água por evaporação e evita o aparecimento de mato e erva – daninha. Já a fertirrigação é uma técnica que utiliza a água da irrigação para levar o nutriente à planta. Nós injetamos o adubo na mangueira junto com a água. É um método mais eficaz e econômico de adubação”, explica o pequeno produtor, que usa a irrigação localizada subterrânea por gotejamento.
A plasticultura foi mais uma inovação conhecida na cidade de Holambra, mas, neste caso, quem trouxe a novidade do interior de São Paulo foi o gerente Marcos Emílio. “Nesta viagem conheci algumas novas tecnologias, e a plasticultura foi uma delas. Procurei Gidelson, que sempre se mostrou interessado, e propus que criássemos uma unidade demonstrativa da plasticultura em seu lote. Deu certo. Ele reduziu a mão de obra, o consumo de água e adubos químicos, e viu sua produtividade crescer pelo menos 50%”, assegura Marcos.
Como explica o gerente, o tipo de filme de PVC utilizado por Gidelson oferece mais vantagens do que o material da cor preta, usado com mais freqüência. “O PVC branco reflete a luz do sol, diminui a temperatura do solo plantado, tem maior durabilidade, podendo ser utilizado durante 3 ou 4 plantios. Passado esse período, ele ainda pode ser reciclado”, aponta Marcos.
Para os colegas agricultores, Gidelson estimula a busca por novidades. “O investimento em novas tecnologias vale muito à pena, pois o retorno é garantido”, incentiva o produtor.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Agricultor reduz agrotóxicos na lavoura com uso de tela especial – Fotos: Ascom/Cohidro