Roda de Leitura discute textos do concretista Mário Jorge Vieira
Em comemoração ao aniversário do escritor sergipano Mário Jorge, o Governo de Sergipe, através da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), realizou na manhã desta terça-feira, 22, no auditório da Biblioteca Pública Epifânio Dória (BPED), mais uma edição da Roda de Leitura. Se estivesse vivo, o poeta concretista estaria completando 65 anos de vida.
O projeto, que faz parte do Programa Nacional de Incentivo à Leitura (Proler), é sempre realizado na primeira semana, em que são abordados autores contemporâneos; e na terceira semana de cada mês, em que é discutida a produção literária em Sergipe. Um dos principais objetivos da Roda é aproximar autores e suas obras, de profissionais de diversas áreas. Além da discussão de textos do autor, o projeto traz para o público uma mostra sobre a sua vida, através de uma pequena exposição.
Nesta manhã, a discussão dos textos foi mediada pela mestra em Análise do Discurso e técnica do Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Roseneide de Santana, e contou com a participação do coordenador de Livro e Leitura da Secult, o escritor Gil Francisco. Além dos estudiosos, a roda teve a participação, também, da deputada estadual e professora Ana Lúcia, irmã de Mário Jorge.
Resgate
Segundo a diretora da BPED, Sônia Carvalho, é de fundamental importância para a Roda de Leitura que se resgate a memória de cada escritor em Sergipe. “Trata-se de uma literatura que foi produzia ate a década de 70, e que provavelmente está esquecida e cabe a nós o dever de resgatar essa memória. Como Mario Jorge, nós temos outros escritores em Sergipe que nós iremos fazer o resgate dessa memória”, diz a diretora.
Já o escritor Gil Francisco destaca as variadas fases na poesia pelas quais Mário Jorge passou. De acordo com Gil, se não tivesse morrido tão precocemente, Mário Jorge seria referência da literatura marginal brasileira.
“Apesar da obra de Mário Jorge não ser trabalhada nas universidades, ele ainda é respeitado e discutido nos corredores dessas instituições. Trata-se de um grande poeta, que se iniciou numa fase militante, política. Logo após, ele passou pelo concretismo com grande dosagem dos irmãos Campos em seus textos; e assim ele deságua na poesia visual. Nos anos 70, já estamos com a poesia marginal e com certeza, se não tivesse morrido tão cedo, ele seria um grande nome da poesia marginal brasileira”, explica Gil Francisco.
História de um poeta
Figura fundamental na execução desta Roda de Leitura, a deputada estadual Ana Lúcia participou do encontro e fez questão de lembrar o quão importante Mário Jorge foi em relação à sua formação. A deputada ajudou, também, na montagem da exposição em homenagem ao seu irmão.
“Enquanto irmãos, nós éramos muito unidos. Nossos pais eram pessoas extremante carinhosas e compreendiam esse tempo de Jorge. Minha formação, devo a ele e ao meu tio Osman Fontes. Jorge era uma pessoa apaixonada pela literatura. Com 16 anos, por exemplo, ele já discutia grandes obras com intelectuais da sociedade”, lembra Ana Lúcia.
Ainda de acordo com a deputada, é de extrema importância que haja esta homenagem ao seu irmão. “Todos os anos Jorge é lembrado e hoje ele ser lembrado por Roseneide e Gil Francisco só nos dá satisfação. Meu irmão foi uma pessoa muito além do seu tempo. Ele partiu aos 26 anos, mas deixou uma obra tão fantástica que avalio que ele viveu 80 anos”, diz.
Público
Como em todas as edições da Roda de Leitura, a platéia (formada por estudantes, profissionais da comunicação, literatura, magistério, entre outros) participou ativamente da discussão dos textos escolhidos. Um desses exemplos é o professor da rede pública de ensino, Aluísio Rosa. Participante assíduo do projeto, ele afirma que a iniciativa é responsável pelo incentivo à leitura.
“Este é um projeto em que o aproveitamento é de cerca de 99,9%. Aqui encontramos pessoas que não são da área da literatura e pessoas que são, e acabam levando essa experiência para sala de aula. Venho frequentemente às rodas e hoje estamos fazendo análise das obras de Mário Jorge – um poeta concretista, que foca no momento social vivido na época”, afirma Aluísio.
Biografia
Mário Jorge de Menezes Vieira nasceu em Aracaju, a 23 de novembro de 1946. Líder estudantil, ele foi membro atuante do Grêmio Cultural Clodomir Silva do tradicional Atheneu Sergipense de onde foi expulso, em 1964. Em 1966, entrou na Faculdade de Direito de Sergipe, no ano seguinte começou a fazer Ciências Sociais em São Paulo. Em julho de 1968, foi lançado em Aracaju seu primeiro livro (envelope) Revolição, foi o único livro publicado pelo poeta.
Publicações: Poemas de Mário Jorge (1982), Gráfica J. Andrade; Cuidado, Silêncios Sôltos: Prosa-Poesia de Mário Jorge (1983), Gráfica J. Andrade, Subsecretaria de Cultura e Arte e Família de Mário Jorge; Cuidado, Silêncios Soltos (1993, 2ª Ed.), Editora da Unicamp; de repente, há urgência…(1997), J. Andrade; A noite que nos habita (2003), Funcaju.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Roda de Leitura discute textos do concretista Mário Jorge Vieira – Fotos: Ascom/Secult