Trabalhadoras rurais do MST fazem doação ao Banco de Leite Humano
A trabalhadora rural Risoleta Alves dos Santos, mãe de um bebê de seis meses, foi uma das mulheres do Movimento Sem Terra (MST) a se cadastrar como doadora no Banco de Leite Humano Marly Sarney, na última quinta-feira, 11. Ela faz parte de um grupo de seis mães que doaram leite, dentro das ações desenvolvidas durante a mobilização das trabalhadoras rurais do MST, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.
Mãe de primeira viagem, Risoleta dos Santos, que também integra o Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos (Motu), destacou que o fato de doar leite é um ato de solidariedade que todas as mães deveriam seguir. “Vou ajudar o máximo que puder porque é muito bom a gente ajudar quem precisa. Tem tanta mãe que não consegue amamentar seu filho, por isso fui ao Banco de Leite e vou continuar sendo doadora”.
Maria Luciene Silva é outro exemplo de dedicação ao próximo. Mesmo morando longe da capital sergipana, ela faz questão de doar o leite amamentando as crianças do acampamento Waldir Mota, em Poço Redondo. “Tive 15 filhos e hoje dou leite para dois – um de quatro anos e outro de sete meses, mas não me canso de alimentar as crianças que precisam de leite para crescerem fortes e sadias”, disse orgulhosa.
A agricultora lembra de quando doou leite por dois anos a uma criança que precisava do alimento para se recuperar de uma doença rara. “Ajudei a salvar vidas com a doação do leite que tive e tenho demais. Faço isso porque também fui salva por causa de uma doação de sangue e até hoje sou doadora de sangue e de leite. Alimento a criança que precisar, seja em qualquer lugar por onde passo”, contou Maria Luciene.
Essa foi a primeira vez que o Movimento das Mulheres Sem Terra se envolveu com a doação de leite, apesar de já incentivar a doação de sangue, que este ano contou com a colaboração de 30 voluntárias. “Todo ano fazemos a campanha para doar sangue e agora resolvemos abordar a doação de leite por estar dentro do tema do evento que é a Luta contra o Agronegócio e a Violência”, explicou a coordenadora do evento, Gislene dos Santos Reis.
“Para nós não é só uma questão de sensibilização, mas também de abrir um debate quanto à questão da saúde e alimentação. Daí a importância de falar do aleitamento materno, por ser o principal alimento para o início de uma vida”, destacou, acrescentando que a preocupação maior da mobilização é a luta por uma agricultura familiar sustentável, mais saudável, que trabalhe com produtos orgânicos.
As cerca de 500 mulheres são representantes de áreas de assentamentos e acampamentos de todo o Estado de Sergipe e ficam acampadas até esta sexta-feira, 12, na praça Doutor Ranulfo Prata (antiga praça da Cruz Vermelha). Elas serão as multiplicadoras das informações repassadas durante o evento para as demais mulheres trabalhadoras rurais sem terra.