Gislene Reis, historiadora e membro da coordenação estadual do MST

Gislene Reis, historiadora e membro da coordenação estadual do MST

A realização dos sonhos de 201 famílias assentadas na Fazenda Tingui. Assim pode ser considerado o ato ocorrido na tarde desta segunda-feira, dia 23, para o sorteio de lotes da área de 1.986 hectares localizada entre os municípios de Malhador, Riachuelo e Santa Rosa de Lima, na região Central de Sergipe. A área é considerada emblemática por ter sido palco de diversos conflitos agrários e ter a resistência das famílias como sua marca principal.

Cada família recebeu uma área com 6 hectares, sendo excluídas dos terrenos demarcados para o sorteio aquelas tipificadas como de preservação ambiental, de uso para atividades coletivas e estradas.  O assentamento possui boa capacidade de produção, com solo considerado fértil e com um considerável acesso à água, já que possui 35 nascentes, é cortada pelo rio Donga e está localizada perto da barragem Jacarecica II.

 “A primeira ocupação da Fazenda Tingui ocorreu em 1989, mas os camponeses foram despejados. Sendo que alguns de seus coordenadores foram, inclusives. Torturados na época. A segunda ocupação da Fazenda ocorreu em 1997 e, a partir de então, começamos a contar os anos de luta ininterrupta para chegarmos até esse momento.

Iraci Reis, primeira moradora do assentamento

Iraci Reis, primeira moradora do assentamento

 Aqui temos a simbologia da resistência. Durante a gestão estadual que antecedeu o Governo de Marcelo Déda enfrentamos um dos períodos mais repressivos para o MST na história de Sergipe. A sua chegada ao Governo mudou o panorama da reforma agrária no estado”, explicou Gisleine dos Santos, historiadora e membro da coordenação estadual do MST.

É o que confirma a senhora Iraci dos Santos Reis, membro da coordenação estadual do MST e primeira moradora da localidade que, antes do processo de reforma agrária, chamava-se Acampamento Zumbi dos Palmares. “Nós sofríamos muito antes de Déda ser governador. Sofríamos o medo de sermos despejados. Com ele no Governo não sofremos, porque ele sempre dialogou com a gente. Com Déda, a reforma agrária em Sergipe passou a ser respeitada.

O ato foi marcado por muita emoção e diversos registros de respeito e apreço ao empenho do ex-governador para que a consolidação do processo de reforma agrária naquela área fosse possível. “Este é um dia de festa. Um dia

Presidente do IMD, Eliane Aquino

Presidente do IMD, Eliane Aquino

esperado por todas aquelas famílias que se levantam diariamente para lutar por um pedaço de chão, pelo sonho da terra, pelo sonho de poder plantar. E plantar não só alimento, mas plantar vida. A vida em que plantamos a existência nossa, plantamos cultura, plantamos um sonho de continuar vivendo no campo. E dias como esse só podem ser feitos com aqueles que aprenderam a plantar sonhos. Esse assentamento aqui leva o nome de um homem que aprendeu a plantar sonhos, que aprendeu a plantar vida para o povo de Sergipe”, ressaltou o diretor nacional do MST por Sergipe, Gileno Damascena, ao se referir ao fato do Assentamento ter recebido o nome de Déda.

A presidente do Instituto Marcelo Déda, Eliane Aquino, conversou com diversas famílias sobre a importância dessa conquista e ressaltou: “Isso aqui não é somente um loteamento de casas. Esse assentamento aqui representa uma história de vida, de lutas e de sonhos de pessoas que batalharam muito para estar aqui. Ter o nome de Marcelo Déda aqui, para mim, é muito mais importante do que estar em prédios e pontes porque o

Superintendente regional do INCRA, André Bomfim

Superintendente regional do INCRA, André Bomfim

sorriso que ele falou que estaria colhendo quando não estivesse mais aqui não está na casa que irão construir, não está no terreno que vocês receberão. O sorriso está no coração de cada um, está na história de luta de cada um de vocês.”

O superintendente regional do Incra, André Luiz Bomfim, explicou que esse é o primeiro de muitos passos para atender aos pedidos dos assentados quanto à melhoria da qualidade de vida e da garantia dos seus direitos. “A divisão desses lotes nesta tarde já é o atendimento dos pedidos realizados por vocês. Reconhecemos a importância dessa demanda e já adianto que retornaremos em breve, possivelmente no próximo dia 02 de dezembro, com o anúncio de novas medidas”.

O deputado federal João Daniel (PT), histórico militante do MST em Sergipe, também prestigiou o ato e fez questão de ressaltar a importância do novo cenário do Governo de Sergipe para a chegada desse momento. “O governador Jackson Barreto sempre teve um papel importante de apoio. O ex-governador Marcelo Déda foi

Deputado Federal João Daniel

Deputado Federal João Daniel

‘advogado’ de defesa de dessa causa. É muito importante que todos os homens e mulheres aqui presentes compreendam que esse assentamento aqui representa a história de vocês. Peço que valorizem esse espaço e se especializem para cuidar da sua terra”.

Para o Secretario de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca de Sergipe, Esmeraldo Leal, esse é um momento de festejar, mas também de manter viva na memória a lembrança dos tempos difíceis. “Não podemos esquecer as lutas do acampamento Zumbi dos Palmares. Os despejos sofridos e as baionetas que foram apontadas para aqueles que não queriam abandonar a área durante a gestão que antecedeu o Governo de Marcelo Déda. Não podemos deixar essa história passar em branco. Hoje, Marcelo Déda não está aqui com seu nome em uma paredes de uma grande obra, mas na vida de 201 famílias que se libertaram”.

*Imagens gentilmente cedidas pelo fotógrafo Victor Ribeiro

Secretário da SEAGRI, Esmeraldo Leal

Secretário da SEAGRI, Esmeraldo Leal

 

 

 




 





 

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