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O fotógrafo Alejandro Zambrana inaugura no próximo dia 6 de janeiro, às 19h, na Sala Cândido Aragonez, do Bureau de Informação Turística da cidade de Laranjeiras, em Sergipe, a exposição ‘Taiê’. A mostra traz um recorte da documentação fotográfica que ele vem realizando há seis anos sobre as Taieiras de Laranjeiras – grupo de forte expressão social e cultural que todo mês de janeiro ritualiza uma cerimônia sincrética de louvação aos ancestrais por meio das figuras de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, os padroeiros negros do Brasil.

A exposição será composta por cerca de 20 fotografias divididas em cinco séries que se relacionam com expressões do universo simbólico das Taieiras: pureza, caminho, missão, elo e sagrado. O conjunto elabora uma poética que dialoga com as nuances da expressão cultural e ressalta a singularidade ritualística das Taieiras dentro da cultura brasileira. Alejandro Zambrana desenvolve uma perspectiva bastante particular do rito, que vai além do registro das suas etapas e atividades, propondo ao expectador uma reflexão sobre as vivências, elementos, cenários e a intensa organização do grupo para o cerimonial tão esperado por moradores e visitantes da cidade.

Outra singularidade é que o fotógrafo sempre inicia exposições pelas cidades de origem dos festejos e rituais que fotografa, porque a intenção primeira é trazer um retorno tanto para quem o recebeu quanto para a própria cidade que abriga as expressões culturais que dialogam com o seu trabalho. Por isso, os primeiros a ver a exposição Taiê serão os laranjeirenses e o público participante do 34º Encontro Cultural de Laranjeiras, que abriga a mostra em sua programação. Depois, a exposição deve seguir para as cidades de Lagarto, São Cristóvão e Aracaju. A entrada é gratuita e a mostra pode ser vista pelo público até o dia 30 de janeiro, durante o horário comercial.

Para realizar o último ano do projeto e a exposição, o fotógrafo teve o patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), por meio da aprovação no edital 2010/2011. A exposição também tem o apoio da Prefeitura Municipal de Laranjeiras, por meio da Secretaria de Cultura, e do Governo do Estado de Sergipe, por meio do Edital de Apoio à Formação, Produção e Circulação Cultural Interna da Secretaria de Estado da Cultura (Secult).

A produção executiva da exposição é de Alejandro Zambrana e Aline de Aragão. A curadoria foi feita pela fotógrafa e pesquisadora Ana Lira, integrante do Trotamundos Coletivo e do blog 7, que também trabalhou no projeto expográfico da mostra junto com o arquiteto e fotógrafo Cristiano Borba. A montagem e assessoria de imprensa é do Trotamundos Coletivo.

Sobre as Taieiras de Laranjeiras

As Taieiras é um grupo composto predominantemente de mulheres, lideradas pelas representantes da Irmandade de Santa Bárbara Virgem. Elas são responsáveis pela organização completa das atividades que culminam com a homenagem a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, os santos negros do Brasil. Ensinam os cantos, danças e o respeito às orientações da cultura nagô, que foi incorporada ao cerimonial das Taieiras de Laranjeiras por Umbelina Araújo, uma de suas mais importantes representantes, que liderou o grupo por mais de 50 anos até falecer em meados da década de 1970.

O principal cortejo das Taieiras de Laranjeiras ocorre no final de semana em torno do dia 6 janeiro, quando é celebrada a Festa de Reis. Pelas ruas de Laranjeiras elas saem dançando e entoam cantos que trazem louvores, falam do cotidiano político e social da cidade durante a escravidão e contam algumas histórias de pessoas importantes que passaram pelo grupo, como a própria Umbelina Araújo. Se escutar com cuidado, o ouvinte pode perceber que passados quase um século e meio, alguns cantos falam de situações que não mudaram no contexto social, o que leva o visitante a vivenciar um ritual que não é esvaziado de significado.

As Taieiras agregam pessoas ao longo da caminhada até a Igreja de São Benedito, onde todos assistem à missa. Após a cerimônia, elas realizam homenagem aos santos negros, cujo ápice é a coroação da Rainha das Taieiras. O Padre retira a coroa de Nossa Senhora, pousa na cabeça da Rainha e as Taieiras fazem o ritual de louvação. Encerrado o louvor, elas saem cantando sem dar as costas para o altar e seguem pela cidade a visitar as casas onde são convidadas para fazer apresentações. A homenagem delas termina no final da tarde, quando após uma pausa para descanso, elas se unem à grande procissão que sai da Igreja de São Benedito.

Outra data importante para o grupo é a festa de Bom Jesus dos Navegantes, realizada na segunda quinzena do mês de janeiro, data que varia de acordo com as marés altas de modo que permita o deslocamento dos barcos na procissão fluvial que sai do Vale do Cotinguiba até próximo do rio São Francisco. Todas essas apresentações, no mês de janeiro, são precedidas por ensaios iniciados a partir do mês de outubro. O número de ensaios varia de ano para ano,  mas os que ocorrem em 24 de dezembro e 01 de janeiro são preservados pela tradição. Os rituais das Taieiras e importância dos elementos e organização de sua comunidade feminina têm sido foco de trabalhos documentais, jornalísticos, artísticos e de estudos publicados no Brasil.

Sobre o Fotógrafo

Alejandro Zambrana é fotógrafo profissional desde 2007 e trabalha atualmente na Prefeitura Municipal de Aracaju. Formado em Rádio e TV pela Universidade de Pernambuco, ele vem realizando trabalhos como freelancer para as revistas Continente, Carta Capital, Veja, Raiz e para instituições como o Instituto Ayrton Senna. Também trabalhou em várias assessorias de imprensa de Sergipe e foi estagiário do Diário de Pernambuco.

A fotografia documental, contudo, é a grande paixão do fotógrafo. Nos últimos dez anos, ele já realizou trabalhos que enfocaram o circuito das romarias do Juazeiro do Norte, o ritual dos festejos de Lambe Sujos Caboclinhos, que encenam a ocupação das terras indígenas do Vale do Cotinguiba em Sergipe por povos de etnias negras e o cerimonial das Taieiras. Além da cultura popular, o fotógrafo também esteve documentando os vestígios da extinta Casa de Detenção de Sergipe, que foi desativada em 2007.

Seus trabalhos já foram expostos nas cidades do Rio de Janeiro, Recife, Juiz de Fora, Santa Maria e Aracaju. Participou de diversas mostras coletivas, como a Olhavê-Perspectiva, realizada em setembro de 2011, no Paraty em Foco. Neste mesmo ano, no primeiro semestre, realizou uma primeira exposição on line do trabalho Lambe Sujo e Caboclinhos, hospedada pelo blog 28mm, do fotógrafo Henrique Manreza.

Zambrana foi menção honrosa na categoria cor no 8º Concurso Leica Fotografe (2011), no 31º Concurso Fotográfico da Cidade de Santa Maria (2011) e finalista dos concursos Prix Photo Web 2011, Leica-Consigo Fotografe (2007) e Leica-Agfa Fotografe (2005 e 2004). Foi finalista ainda do 8º Salão Nacional de Fotografia “Pérsio Galembeck” e do I Salão de Fotografia de Aracaju. Tem trabalhos publicados no site Perspectiva, dos editores Alexandre Belém e Geórgia Quintas, na coletânea Linguagens 2008, lançada em Recife com curadoria de Juarez Cavalcanti, além de portfólios destacados nas revistas Continente e Aracaju Magazine.

Alejandro Zambrana também é um dos integrantes do Trotamundos Coletivo. Pesquisa o uso da cor no discurso fotográfico, em especial por meio do uso de filmes positivos (slides). A maior parte de seu trabalho de documentação é desenvolvida em filme, embora a fotografia digital também apareça como suporte de seus trabalhos e no cotidiano de repórter fotográfico. Recentemente, vem se dedicando ao estudo da fotografia em ambiente multimídia e às possibilidades de convergência para a elaboração de narrativas visuais.

Serviço

O quê: Exposição Taiê
Alejandro Zambrana
Local: Sala Cândido Aragonez – Bureaux de Informações Turísticas – Laranjeiras – Sergipe
Abertura: 06 de janeiro de 2012, às 19h.
Visitação: 06 a 30 de janeiro, em horário comercial. Entrada Franca

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