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 O Programa de História Oral do Instituto Marcelo Déda (PHO-IMD) prevê complementar o projeto institucional de conservação dinâmica do Arquivo Marcelo Déda Chagas e resgatar a memória de sua trajetória política, profissional e pessoal por meio de depoimentos de personalidades que participaram de forma direta ou indireta da vida de Marcelo Déda.

 A implantação do PHO está baseada nas orientações conceituais e metodológicas propostas pelo CPDOC da Fundação Getúlio Vargas, por constituírem um conjunto de práticas e procedimentos arquivísticos e historiográficos já consolidados na coleta de depoimentos da elite política brasileira.

 A documentação resultante será disposta conforme o Plano de Classificação de Documentos e integrada ao acervo do IMD. Os documentos (audiovisuais, textuais e sonoros) serão descritos na plataforma ICA-AtoM do IMD – baseado nas normas internacionais, ISAD(G) e nacionais, NOBRADE.

 Outros instrumentos de pesquisa deverão ser elaborados, como índices onomásticos ou temáticos. Contudo, esta elaboração deverá ocorrer de modo simultâneo  ou posterior à descrição integral na plataforma ICA-AtoM – a qual permite um melhor controle do acervo nos mais diversos aspectos, garantindo a integridade das unidades documentais e os contextos informacionais, seu rápido e correto acesso, além de proporcionar o intercâmbio de informações.

Atividades

 •         Gravação e edição de entrevistas em formato digital;

•         Organização, identificação e adequação física do acervo;

•         Arquivamento físico das mídias originais e cópias conforme classificação adotada;

•         Elaboração de Relatório Técnico contendo informações referentes às atividades desenvolvidas.

•         Descrição dos documentos na plataforma ICA-AtoM

·         Elaboração dos índices onomásticos e temáticos

·         Inclusão de amostragem do acervo do PHO-IMD no site institucional

Âmbito da Atividade

 A atividade de organização do acervo refere-se, especificamente, ao tratamento arquivístico da documentação audiovisual, textual e sonora, abrangendo a inclusão das informações, metadados etc. na plataforma ICA-AtoM. A gravação se refere às 13 personalidades que serão entrevistadas para um primeiro “lote”.

Cronograma | entre 08 e 10 meses

Atividade

Início

Final

Gravação e edição das entrevistas.

Mês 2

Mês 5

Levantamento documental, histórico e bibliográfico.

Mês 1

Mês 5

Classificação, ordenação e arquivamento.

Mês 2

Mês 5

Execução da atividade descritiva

Mês 5

Mês 8

Elaboração dos índices onomásticos e temáticos

Mês 5

Mês 8

Inclusão de amostragem do acervo do PHO-IMD no site institucional

Mês 2

Mês 8

Metodologia

 1.    Escolha dos depoentes.

2.    Entrevistas prévias e elaboração dos guias de perguntas.

3.    Coleta de depoimentos/entrevistas.

4.    Captação e edição do material gravado.

5.    Arquivamento do material original e das cópias originais.

6.    Descrição da documentação armazenada – de acordo com os padrões arquivísticos.

7.    Elaboração de instrumentos de pesquisa.

Os procedimentos padrão do PHO serão divididos em oito etapas distintas

           • preparação da entrevista;

           • agendamento da entrevista;

           • entrevista;

           • transcrição/degravação;

           • textualização;

           • revisão do entrevistado;

           • arquivamento;

           • levantamento historiográfico.

A implantação do programa deverá obedecer a construção de um marco metodológico, ou seja, todos os membros da equipe deverão estar familiarizados com a bibliografia corrente sobre História Oral e sobre o objeto a fim de que se garanta uma unidade e clareza conceitual ao programa; também devem ter conhecimento prévio de outras experiências que com sucesso tenham implementado projetos de memória institucional e programas de história oral – matéria amplamente divulgada no site do CPDOC da FGV. Com esta base de conhecimento conceitual sedimentada é possível estabelecer a definição do marco-metodológico, balizado pelas seguintes questões:

 Quais os objetivos gerais e específicos a serem alcançados pelo PHO?
Como o PHO pode contribuir para os objetivos e finalidades do IMD?
Quais são os procedimentos padrão utilizado em cada etapa de implementação do PHO?

 Para evitar a confusão de objetivos – tanto no campo epistemológico quanto no de gestão estratégica – entre o PHO e o Projeto de constituição do acervo do IMD, como também evitar a falta de articulação e de comunicação entre ambos, fica estabelecido que o PHO não tem um fim em si mesmo, sendo compreendido como um dos instrumentos que permite a construção do conhecimento histórico, que possibilita a reflexão historiográfica, tanto no que se refere ao conteúdo factual como na elaboração teórica decorrente de interpretação historiográfica e prática de pesquisa.

 Entendendo-se que o PHO é parte de um programa mais amplo, isto é, o de constituição do acervo do IMD e tratamento arquivístico do Arquivo Marcelo Déda Chagas, para o PHO ser constituído devem estar bem delineados os problemas teóricos que sinalizam a reflexão institucional que ele integra: com objetivos gerais bem definidos e coerentes passamos a nos afastar do modelo de entrevista que privilegia excessivamente as chamadas “histórias de vida” e nos aproximamos do modelo que enfatiza questões temáticas de interesse do IMD.

 A rede de depoentes, além do critério de profundo e longo envolvimento com a trajetória de vida de Marcelo Déda, pode ter o critério de relevância temática em consonância com as necessidades de pesquisas do IMD. Isto quer dizer que além dos notórios ajudantes da trajetória de Marcelo Déda pode-se colher os depoimentos daqueles personagens que de alguma forma participaram de fases críticas e relevantes – ao lado e ao longo da história de Marcelo Déda.

 O plano do Programa buscará assumir uma posição estratégica a fim de oferecer um meio de produção documental capaz de possibilitar o alcance de resultados práticos com relativa agilidade; operar valorizando a experiência pessoal e a perspectiva dos entrevistados; possibilitar a captação de acervo documental para o arquivo, além de permitir a abordagem de temas e eventos sob uma perspectiva mais subjetiva que nem sempre se encontra reproduzida na documentação impressa, sonora ou imagética.

Breves considerações sobre cada fase do PHO

 a) Preparação das entrevistas

 Buscar sempre a coerência e recorrer não apenas aos dados biográficos dos depoentes, mas também às informações que possibilitem melhor contextualizar a experiência do entrevistado com o objeto (trajetória de vida de Marcelo Déda).

 Na fase preparatória utilizaremos uma ficha de entrevista com os dados pessoais do depoente, sua trajetória profissional, além de dados técnicos como o roteiro da entrevista e um espaço para observações. Esta ficha acompanha todas as etapas do processo de construção do documento e é arquivada junto com a versão final da entrevista. A ficha tem importância fundamental não apenas à organização e funcionamento do programa – ao auxiliar pontualmente as etapas, de construção à degravação e posterior restituição da informação, mas também para o correto arquivamento da entrevista.

 b) Agendamento

 A tarefa de agendamento da entrevista, em geral será feita por um representante do IMD que deverá ter conhecimento das diretrizes conceituais do Programa e alguma forma de proximidade com o depoente. Com certa frequência os depoentes resistem à entrevistas e esta resistência relaciona-se à insegurança quanto ao mérito e ao eventual interesse de suas vivências pessoais ou ainda aos usos possíveis de seu depoimento por parte do Programa; portanto, nesses casos, um profissional bem capacitado pelo Programa terá condições, em linhas gerais, de falar sobre o objetivo da entrevista, como também saber valorizar a experiência do depoente.

 c)    Entrevista

 A entrevista deverá ser gravada em um espaço “neutro” e exclusivo. Em geral as entrevistas devem ser conduzidas por duas pessoas: o condutor e o assistente: o condutor realizando a maior parte das perguntas e o assistente assumindo o controle do preenchimento do caderno de campo que redundará na ficha da entrevista. Em alguns casos, uma terceira pessoa e/ou membro do IMD poderá acompanhar a entrevista e tornar-se interlocutor. Existem inúmeros aspectos que poderiam ser abordados nesta etapa, porém é importante salientar a postura do condutor: ele deve sempre procurar o equilíbrio entre conhecimento geral -fazendo perguntas pertinentes- porém evidenciar desconhecimento sobre os assuntos abordados pelo depoente a fim de deixá-lo à vontade. Outras experiências sugerem nunca exibir conhecimentos factuais já que isto pode inibir o entrevistado.

 d)    Transcrição/Degravação

 Começa aqui uma nova etapa do PHO, a que chamamos genericamente de “processamento da entrevista”. Será responsável uma pessoa da equipe que possua um bom domínio gramatical e agilidade de digitação. Em geral, cada hora de gravação corresponde a seis/sete horas de trabalho. As fitas devem chegar às mãos do degravador acompanhada da ficha da entrevista elaborada pelo auxiliar. Nesta etapa orienta-se que o transcritor ouça toda entrevista antes que inicie a degravação, reproduzindo integralmente o que foi dito na entrevista.

 e)    Textualização

 Este é um dos temas mais debatidos em programas de história oral. Há dúvidas em torno da adoção ou não desse procedimento; optamos sim pela textualização, especialmente porque ao adotarmos um modelo de publicação do PHO onde se publicam as entrevistas na íntegra ou parcialmente, torna-se necessário a eliminação de vícios de linguagem ou eventuais incorreções gramaticais – fatos corriqueiros independente do grau de instrução do depoente.

 Em geral quem faz a textualização é um dos participantes da entrevista, evidentemente, com capacidade técnica para tal. O que se prima nesta etapa é a não alteração do conteúdo da entrevista – mesmo procedendo a revisão gramatical e estilística, quando for necessário. Com exceções procedemos a algumas alterações de conteúdo, especialmente quando o depoente for portador de alguma deficiência, quando o depoimento pode ser confuso do ponto de vista de datas, fatos históricos e nomes das pessoas citadas. Ou mesmo quando o depoente for traído por sua memória e incorra em algum erro factual, de nomes ou datas, procura-se negociar uma correção no corpo do texto ou inserir uma nota de rodapé na transcrição quando a primeira opção não for possível. Obviamente estes procedimentos requerem muita discrição e tato para não constranger o depoente. No entanto, é bom lembrar que ficam arquivadas as diferentes versões do documento, não apenas a que se tornará pública.

 f)        Revisão

 O processo de revisão tem etapas diferenciadas: depois da textualização optamos pelo envio ao depoente da sua entrevista, onde anexaremos uma carta de cessão para que ele autorize o IMD a sua publicação na íntegra ou em partes, caso o depoente opte por deixar alguns trechos da entrevista – ou mesmo a íntegra da entrevista fechada, não acessível ao grande público. A outra etapa consiste no retorno da entrevista devidamente autorizada pelo depoente, onde se procede as revisões técnicas, de digitação, gramatical, etc., e a devida formatação da entrevista para ser arquivada.

 g)    Arquivamento

 A descrição na plataforma ICA-AtoM e os usos historiográficos do depoimento não podem ser confundidos. Nem todo o depoimento colhido será publicado, entretanto, todo o depoimento será convenientemente arquivado. Os documentos no AtoM serão organizados para atender a toda sociedade, não apenas a comunidade profissional, pesquisadores, estudantes ou membros do IMD. Neste meta-arquivo “público” estará disponível a versão autorizada da entrevista e a sua ficha de entrevista com todo o histórico do processamento do documento. As demais versões que serão devidamente arquivadas estarão disponíveis somente para a consulta interna ou arquivadas com classificação de sigilo e temporalidade para acesso, conforme o caso.

 O arquivamento dos suportes originais (cartão) estarão sob orientação técnica do IMD, assim como a indexação dos documentos, a criação dos elementos indexadores na base de dados e a orientação para descrição e manutenção do acervo.

 Salienta-se que as entrevistas fechadas, conforme o desejo do autor, não estarão disponíveis para consulta pública e a consulta interna ocorrerá sob firma de termo de responsabilidade e autorização dos dirigentes do IMD.

 h)    Aproveitamento historiográfico

 Em primeiro lugar as entrevistas reunidas no Arquivo servirão para enriquecer as pesquisas do projeto de constituição do acervo do IMD e Arquivo Marcelo Déda Chagas – pois sem pesquisa não se explora convenientemente as possibilidades de memória institucional. Além disso, os depoimentos podem ser publicados na íntegra (impressos ou em DVD), sob o formato de coletâneas, ou mesmo parcialmente, na condição de catálogos que serão estruturados com base na indexação temática das entrevistas. Trechos de entrevistas também podem ser utilizados para enriquecer exposições históricas ou institucionais. Especialmente nas coletâneas, torna-se imprescindível uma apresentação técnica que não apenas explicite e discuta as opções metodológicas do programa de história oral, como ainda introduza o conteúdo das entrevistas, com base no trabalho de indexação, a fim de orientar o leitor.

Recursos Humanos / Equipe

Assessoria/Débora Santos

Jornalista/Itamar Garcez

Arquivista/José Cláudio Teixeira Jr.

Conselheiro IMD/José de Oliveira Jr.

 Historiógrafo/

 Operador de Câmera/

Recursos Materiais

 *1 Computador (Configuração atualizada) com editor de texto, planilha eletrônica, etc.

*1 Impressora jato tinta

*1 Scanner para fotos

*1 Câmera digital HD

*Tripé

*Microfone de lapela

*01 Monitor

*1 Ilha não linear – PC com software (Adobe Premier-Pró) com captura fireware

*Aventais de trabalho

*Máscaras e luvas assépticas

*02 Spots de Luz

*Rebatedor

*Cartões Micro SD ou análogos

*Acesso à internet

*Estantes e Mobiliários de Arquivo (Adequação física do acervo)

*Material de Escritório necessário para o desenvolvimento das atividades

*Etiquetas adesivas para identificação de caixas de arquivo (cores)

*Outros materiais de consumo necessários para o desenvolvimento das atividades

Espaço Físico

 Será necessário a disponibilização de espaço físico para o desenvolvimento das atividades administrativas e armazenamento provisório do acervo, de acordo com as definições estabelecidas por parte da coordenação do projeto e o responsável designado pelo IMD. Caso seja necessária a transferência provisória do acervo a outro espaço físico para fins de organização, a Instituição fornecerá os meios necessários para o desenvolvimento desta atividade.

Prazos

O Prazo estipulado para o desenvolvimento da presente proposta é de oito meses a partir do inicio das atividades.

Observações: O prazo referido poderá ser estendido

Referências:

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________. Tratamento das entrevistas de história oral pelo CPDOC. Rio de Janeiro: CPDOC, 2005.

________. Ouvir contar: textos em história oral. Rio de Janeiro: FGV, 2004.

________. Manual de história oral. Porto Alegre: Movimento, 2002

________. O acervo de história oral do CPDOC: trajetória de sua constituição. Rio de Janeiro: CPDOC, 1998.

BUSATTO, Cézar. Responsabilidade social: revolução do nosso tempo. Porto Alegre: CORAG, 2001.

FÉLIX, Loiva Otero. Historia e memória: a problemática da pesquisa. Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo, 1998.

CHACON, Vamireh. História dos partidos brasileiros. Brasília: Universidade de Brasília, 1998.

FERREIRA, Marieta (org.). Entre-vistas: abordagens e usos da história oral. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1994.

________, AMADO, Janaina (orgs). Usos e abusos da História Oral. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.

HEREDIA, Vania B. M., CASARA, Miriam B. Tempos vividos. Identidade, memória e cultura do idoso. Caxias do Sul: EdUCS, 2000.

MEDINA, Cremilda. Entrevista. O diálogo possível. São Paulo: Ática,1986.

MEIHY, José Carlos Bom. Manual de História Oral. São Paulo: Loyola, 1996.

THOMPSON, Paul. A voz do passado. História Oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

VIDAL, Diana G. De Heródoto ao gravador: histórias da História Oral. In: Resgate. Centro da Memória. Campinas: EdUNICAMP, vol. 1, 1990, p. 77-82.