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Por Hádam Lima

No município de Tobias Barreto fica o povoado Agrovila. Terra de uma gente humilde, trabalhadora, que sobrevive do que semeia ou cria. Cada um com sua faixa de terra, cada qual com sua fonte de renda. Em comum, a dependência das águas do rio Jabiberi, que além de abastecer a zona urbana, ainda irriga o perímetro no campo. Entre as cercas e demarcações, sobressai a criação de gado: somente em 2009 foram produzidos 750 mil litros de leite e 55 mil quilos de queijo.

Na localidade reside o agricultor Geniraldo Severino dos Santos, 51, mais conhecido entre os vizinhos como ‘Tuca’. “Toda a vida morei aqui”, afirma. Em seu pedaço de terra, adquirido há mais de 20 anos, cria meia dúzia de vacas leiteiras. Com muito esforço, produz cerca de 50 litros por dia. “Hoje posso criar meu gado e vivo disso”, diz Tuca, lembrando que até pouco tempo atrás convivia com uma realidade bem diferente.

Sem condições financeiras suficientes para sustentar seus animais, o agricultor os alojava numa propriedade vizinha. “Tinha que pagar R$ 30 por mês. Era bem difícil pra mim”, comenta Gerinaldo, que no ano de 2008 viu esse cenário mudar completamente.

Num investimento de pouco mais de R$ 2,5 milhões, o Governo do Estado viabilizou uma melhoria que elevou a auto-estima do ‘Tuca’ e demais agricultores do perímetro irrigado Jabiberi. Os recursos foram aplicados em diversas frentes, a exemplo da recuperação dos 14 quilômetros de canais que levam a água do rio até as propriedades e a instalação de mais 18 quilômetros de rede elétrica, além da distribuição de 75 bombas e kits de irrigação, bem como a disponibilização de 55 kits de cerca elétrica.

“Foi um investimento muito bom, que deu certo”, exalta o agricultor José de Jesus Nascimento, 49, o Dudé, que também foi contemplado. Trabalhador do campo desde os cinco anos de idade, ele nasceu no Agrovila e diz nunca ter visto investimento semelhante do poder público estadual nas redondezas. “Estamos muito satisfeitos com tudo isso”, conclui Dudé.

Ao todo, 74 famílias foram beneficiadas com a melhoria. Juntas elas possuem atualmente 180 vacas leiteiras e produzem 1.080 litros diários de leite. “Ao final dos investimentos esperamos chegar a 300 vacas e mais de 3,5 mil litros de leite ao dia”, revela o diretor de Irrigação da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e de Irrigação de Sergipe (Cohidro), João Fonseca.

Sistema de irrigação

Mas o ponto chave da melhoria realizada pelo Governo no perímetro Jabiberi está na substituição do defasado sistema de irrigação por um mais moderno. “Foram implantados 112 hectares de irrigação localizada, onde antes o sistema era por infiltração, grande gastador de água e que já estava causando enormes problemas de salinização do solo”, destaca o secretário de Estado da Agricultura, Paulo Viana.

Tão providencial quanto útil, a ação solucionou a carência de água na região, fruto do desperdício do antigo método atrelado à retirada da água da barragem do rio Jabiberi para o consumo no município de Tobias Barreto. “O que se falava é que o perímetro iria acabar”, revela João Fonseca. “Este trabalho possibilitou resultados significativos como a redução do consumo da água usada na irrigação em 70% e uma redução correspondente no custo de energia elétrica usada para bombeamento”, complementa Paulo Viana.

Balde Cheio

Além de munir os agricultores dos instrumentos necessários para um bom desempenho, o Governo ainda implementou no perímetro Jabiberi o projeto Balde Cheio. Idealizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a novidade objetiva melhorar a renda do produtor ao adotar técnicas de manejo da pastagem do gado, de modo que haja uma maior produção de leite na menor área possível.

“Com o Balde Cheio a capacidade de suporte da área é melhorada e conseqüentemente a produção de leite também”, coloca o diretor de Irrigação da Cohidro, explicando que cada hectare e meio  de terra dos agricultores que aderiram ao projeto foi dividido em 24 piquetes (ou partes) com cerca elétrica.  Assim, os animais diariamente são deslocados para um novo piquete.

Denominado pastejo rotacionado, o método reduz os custos da produção com a utilização de pastagem na nutrição do gado. “O manejo e o poder vegetativo do capim são facilitados e ele vegeta com mais rapidez, produzindo folhagem de qualidade para os animais”, acrescenta João Fonseca, lembrando que antes os produtores criavam o gado em seus terrenos de forma dispersa, dificultando uma oferta constante do alimento.

E o primeiro produtor a aderir ao projeto no povoado Agrovila foi justamente o Dudé, que em pouco tempo viu sua produção diária de leite crescer de 30 para 50 litros. “Hoje tanto faz agora como no verão: o capim é uma coisa só, não falta”, comemora Dudé, que não podia criar mais do que quatro vacas, mas hoje já possui nove. “Estou pensando até em fazer um empréstimo pra comprar mais”, revela o agricultor. 

Perspectivas

De acordo como o secretário Paulo Viana, o exitoso trabalho desenvolvido pelo Governo no Jabiberi não deve parar por aí. Em breve, a ideia é que seja implantada também a automação dos sistemas irrigados. “Isto permitirá a mudança do turno de irrigação para o período da noite. Os custos com energia elétrica cairão drasticamente, porque a tarifa no período noturno (21h até as 6 h do dia seguinte) cai para 10% do normal”, conclui Viana.

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