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No dia do voluntariado, 28 de agosto, um belo trabalho teve início no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP). Os internos tiveram o primeiro contato com aulas de musicalização, ministradas pelos músicos da banda Reação, Tonico de Ogum e Junior Moziah, este também agente penitenciário do sistema prisional sergipano. O poder terapêutico da música e a sua eficácia na reintegração social de pessoas já são conhecidos e comprovados cientificamente. Assim, são inúmeras as contribuições trazidas por esse tipo de atividade ao comportamento e à ressocialização dos internos com transtornos mentais ou causados pelo uso de álcool e drogas. E é justamente esse o objetivo da Secretaria de Estado de Justiça e Defesa ao Consumidor (Sejuc) ao inserir atividades de ressocialização na rotina das unidades.

O projeto partiu de uma ideia antiga da direção da unidade, que, anteriormente, chegou a viabilizar seis meses de aula através de um acordo de cooperação técnica assinado com a Secretaria de Estado da Cultura (Secult). De acordo com o diretor do HCTP, Thiago Rodrigues, desta vez, são os músicos voluntários que darão essa valiosa contribuição aos internos do HCTP. “Há um tempo, nós vínhamos conversando com o Júnior, que é um dos nossos agentes e trabalha com musicalização. Agora ele veio trabalhar conosco no HCTP e vai me ajudar a tocar a parte cultural da unidade. A ideia é que os internos se sintam úteis, produtivos. Queremos mostrar que o fato de possuírem transtornos não significa que não sejam capazes de desenvolver atividades diversas. Eles são capazes, sim, e precisam disso para se recuperar”, enfatizou Thiago Rodrigues.

Os próprios internos revelam a alegria de poder participar do grupo. “Eu estou gostando muito te tocar e acho que me saí bem. É interessante esse projeto, porque a gente fica sem fazer nada, às vezes, e a música é sempre algo bom. Quero aprender de verdade. Toda vez que eles vierem, eu quero vir também”, afirmou o interno J.S.S, de 20 anos. Já o interno AP tem verdadeira paixão pelo aprendizado. “O meu orgulho é sempre aprender as coisas. Eu gosto de ouvir música e tenho guardado isso no meu coração desde criança. Hoje me identifiquei com o pandeiro e quero poder fazer mais coisas com ele. Essas aulas nos ajudam muito porque a gente fica com a mente meio fora do lugar. Se pudesse, todo dia aprendia”, contou o jovem.

E os sorrisos foram muitos durante as atividades, que foram destinadas, inicialmente, a identificar aptidões e familiarizar os internos com os instrumentos. É o que explicou o percussionista Tonico de Ogum que, experiente em atividades de musicalização, há sete anos desenvolve trabalhos como esse, inclusive junto a comunidades Quilombolas. “Eu, como músico, participei de projetos, então, o que eu aprendi ao longo da vida, tento ensinar. Faço parte da Banda Reação e tenho muita aptidão pela valorização da cultura popular, folclórica. Participo de Samba de Coco e tenho a maior satisfação em repassar valores rítmicos do nosso Estado, pouco divulgados, como Samba de Pareia, Cacumbi, Taieira, São Gonçalo, etc. Aqui no presídio é uma nova experiência, com essa galera que às vezes pensa que não tem mais jeito. Queremos mostrar pra eles que há, sim e a música tem essa liberdade da expressão, para que eles se entreguem. Está sendo massa”, contou Tonico.

Junior Moziah também demonstra empolgação com o Projeto. “É uma oportunidade maravilhosa trabalhar com o que me faz viver: a música, que é o meu ar, a minha comida. Se eu não viver música eu não existo. E quando estou trabalhando com música, eu me elevo, transcendo”, revelou o músico, que pretende transmitir a sua paixão pela arte para os internos. “A música é uma terapia subjetiva. É algo que vai ao intrínseco do ser humano. Não tem uma fórmula ou equação. É algo com que todos nascemos e, infelizmente, a sociedade está ficando cada vez mais fria e perdendo a arte, a música, a dança, que trazem a nossa personalidade esquecida, a face abnegada”, afirmou Moziah, que prevê bons frutos para o projeto. “Já nesse primeiro encontro, deu para ver o sorriso no rosto do pessoal, a interação. Imagine daqui a um tempo, quando esse trabalho estiver mais maduro”, concluiu.

Uma terapia poderosa

Na avaliação da psicóloga Orleane Reis, esse tipo de atividade estimula e desenvolve diversas aptidões nos internos, em áreas como a comportamental, a da criatividade, da expressão corporal, a motricidade e cognição, sobretudo no que se refere à atenção, concentração, percepção, aprendizagem e reprodução dos sons. “Há também a parte do trabalho em conjunto, que está sendo bastante enfatizada, através da ideia de que não se faz música sozinho. O grupo tem que estar entrosado, e isso vai trazer-lhes um ânimo maior nas atividades terapêuticas”, avaliou.

Ainda segundo ela, a ideia é associar as atividades musicais à pratica de outras atividades pelos internos, a título de estímulo. “A música é muito atrativa e, por isso, pretendemos atrelá-las a outras atividades, por exemplo, estabelecendo o estudo como condição para estar no grupo de música. Tenho certeza que muitos vão querer participar. É um caminho. A música sempre traz algo bom para a pessoa. Mesmo que eles não trabalhem diretamente com música, importa muito usá-la de maneira produtiva, como uma referência positiva que desperte o lado humano, sentimental do indivíduo, levando-o a até, quem sabe, não querer mais se envolver com drogas ou praticar crimes”, defendeu Orleane.

 

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