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“A utopia está no horizonte. Me aproximo há dois passos. Ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe jamais a alcançarei. Para que serve então a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe jamais de caminhar” Eduardo Galeano.

Excelentíssimo senhor deputado Antônio Passos, presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Sergipe; excelentíssima senhora desembargadora Marilza Maynard Salgado de Carvalho, presidente do Tribunal de Justiça do estado de Sergipe, em nome de quem eu cumprimento todos os desembargadores e demais magistrados que nos prestigiam com as suas presenças; excelentíssimo senhor Edvaldo Nogueira, querido companheiro e amigo, prefeito de Aracaju; excelentíssima senhora desembargadora Josefa Paixão, presidente do TRE, a quem me atrevo descumprindo o protocolo cumprimentar pelo sucesso do pleito, pela presidência correta que vossa excelência dirigiu essas eleições; excelentíssima senhora Maria Cristina da Gama e Silva Foz Mendonça, procuradora-geral de Justiça do Estado de Sergipe as gentis palavras dirigidas a minha pessoa e a minha trajetória; excelentíssimo senhor deputado e companheiro querido Francisco Gualberto, que aqui representou os partidos que nos apóiam e a quem agradeço a generosidade das palavras, mas peço que aquela segunda idéia tire dos meus ombros porque já há muito peso há carregar; excelentíssimo senhores e senhoras deputados estaduais do meu estado; senador da República doutor Antônio Carlos Valadares; excelentíssimos senhores deputados federais Jackson Barreto de Lima, querido companheiro, Heleno Silva, caro amigo em seu nome também cumprimento toda a família evangélica sergipana; excelentíssimo senhor deputado Bosco Costa, exemplo de dignidade cujo gesto fez história; caro amigo e companheiro deputado estadual Jorge Alberto; excelentíssimo senhor vereador Sérgio Góes, presidente da Câmara de Vereadores de Aracaju, em nome de quem cumprimento todos os senhores e senhoras vereadores que nos prestigiam com a sua presença; reverendíssimo senhor Dom Palmeira Lessa, arcebispo metropolitano de Aracaju, em nome de quem cumprimento o clero do meu estado; excelentíssimo governador João de Seixas Dória, com quem abraço com carinho e respeito; senhores secretários recentemente indicados aos quais cumprimento na pessoa do doutor Nilson Lima, que coordenou a nossa transição; excelentíssimos senhores ex-prefeitos de Aracaju João Augusto Gama e Viana de Assis; amigos e companheiros os quais cumprimento a todos nessa figura querida de amigo e irmão e companheiro de luta José Eduardo Dutra, orgulho da luta popular e social de Sergipe e do Brasil, senador que honrou o senado da República e presidente que gerou uma nova e inesquecível fase para Petrobras, patrimônio do nosso povo; meus queridos familiares; meus pais que foram à igreja não sei se vieram aqui também, Manuel e Zilda; minha querida Eliane; meus queridos filhos Marcela, Luisa, Yasmim e João Marcelo que não estou vendo por aqui mais; queridos irmãos Cláudio, Maria do Carmo, Selma e Aparecida; minha querida sogra Dona Raimunda; minha querida dona Sinhá; meus amigos e minhas amigas; demais autoridades civis e militares; lideranças políticas de meu estado; povo sergipano.

Longo foi o caminho, difícil a caminhada. Muitos andaram na frente desbravando caminhos. Jackson abrindo caminhos, afastando as pedras, alargando horizontes. Alguns desistiram no meio do caminho rotulando a tarefa de impossível, mas houve outros que deixaram as facilidades dos caminhos já abertos, não é Maria, Jorge Ulisses, e juntaram suas mãos aos que continuavam na difícil obra da travessia. Não foram poucos, eu me lembro de Paulista e de Omédice… Não foram poucos os que partiram dessa vida deixando a obra e o sonho inconcluso. Foi duro o caminho e árdua a jornada, mas nos chegamos.

Já podemos enxergar no horizonte sinais do tempo novo e anunciar ao nosso povo, à gente desta terra sergipana, o sonho de uma geração, a esperança que alimentou tanta luta e a fé que convocou tanta gente. E agora, diante desta data histórica, dessa nobre tribuna, da casa do povo sergipano que eu ocupei tantas vezes na condição de deputado estadual e líder de oposição, posso anunciar que a hora chegou como um coral que aguardou o momento de postasse na ribalta. A nossa geração pode hoje comemorar o fim da travessia com os versos fortes de Fernando Brant, eternizados na melodia de Milton Nascimento, já não sonho hoje, eu faço com meus braços o meu viver.

Senhor presidente, senhores e senhoras, deputados, povo de Sergipe, sei que hoje não sou aqui apenas um, nem me caibo na solidão do pronome eu, aqui e agora sou muitos. Já nos ensinava Paulo Freire que ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, todos nos libertamos juntos. Hoje pela minha voz falam os que, filhos da liberdade ergueram contra o arbítrio e empenharam um dos mais belos dos tempos: a juvenil primavera, onde vicejam os sonhos e afloram os amores para combater um arbítrio e derrotar um ditadura. Pela minha boca se pronunciam os que tiveram o corpo violado e alma ofendida, abatidos na tortura, condenados sem julgamento, mortos sem lágrima, covas sem nomes, tragados pela tortura de um regime que negou às mães, como Zuzu Angel, os últimos dos acalantos. Pelos meus gestos se expressam os heróis do povo, lutadores anônimos que não têm estátuas nas praças nem nomes nas ruas. Estes escreveram nas páginas da história a mais definitiva das justiças e lavraram nos campos dos templos a seara vermelha da igualdade.

Falo como governador eleito pelos sergipanos dentro de uma coligação de centro-esquerda liderada pelo Partido dos Trabalhadores de Sílvio Santos, Márcio Macêdo e Zé Eduardo Dutra; e composta do PSB dessa grande liderança que é Valadares, pelo PTB desse guerreiro que é Jackson Barreto, pelo PL do meu amigo Heleno e do pastor Mardoqueu, pelo PCdoB de Edvaldo Nogueira e Bosco Rollemberg, pelo PMDB de Jorge Alberto e Benedito Figueiredo, pelos dissidentes do PSDB de Bosco Costa e Ulisses Andrade e pelos dissidentes do PTB de Antônio Samarone e Fábio Henrique. É uma aliança ampla, é verdade, mas quero dizer aos senhores e as senhoras, mesmo levando em consideração limitações da conjuntura, as necessidades ditadas pelas correlações de força e as tarefas próprias do tempo presente, quem fala aqui hoje, não obstante os cabelos já brancos é um homem de esquerda, democrática e socialista. Um homem que, como Norberto Bobbio, continua a acreditar que a diferença entre esquerda e direita é ainda atual necessária neste início de século XXI.

A esquerda, desde os idos da revolução francesa, será sempre o campo dos que defendemos a igualdade e combatemos os privilégios, buscando ampliar os direitos das chamadas classes subalternas. Sou de uma geração que nasceu para vida pública no momento em que a vida pública já se esgotava, mas a democracia ainda tímida procurava forças para ergue-se. Junto com tantos companheiros, busquei no movimento estudantil as ferramentas da contestação e as lições de amor à liberdade. Vivemos as ameaças de retrocesso e convivemos com a censura que agredia o bom senso e esmaculava criação artística. Buscamos na alma do povo brasileiro e sergipano as razões para resistir. Recebemos lições de vida e exemplo de coragem que fizeram abraçar a política, não a fazendo instrumentos de ambições pessoais, mas ferramenta de libertação coletiva. Nós percebemos muitos anos antes de ler André Conte Pov, que não basta esperar a justiça, a paz, a liberdade, a prosperidade, é preciso agir para defendê-las, para aprimorá-las, o que só se pode fazer eficazmente e de forma coletiva e que, por isso mesmo, passa necessariamente pela política.

Sou filho de uma geração e, como representante dessa geração, eu sei o que devemos às outras que nos antecederam. Um filho cuja história, com paciência e tempo, tece a sua multifacetada tapeçaria que nos liga a outras eras e a muita gente. Nos liga, por exemplo, a tradição oligárquica de Fausto Cardoso, o grande herói urbano de Aracaju, o tribuno eterno de Sergipe que sacrificou a vida no altar das suas idéias e fez-se símbolo e exemplo para todos os que buscaram a modernização política, a justiça social a democracia e o fim dos conluios oligárquicos. Não deixa, pois, de me emocionar que justo em 2006, quando a revolta de Fausto Cardoso completou cem anos, um centro-esquerda com forte apelo antioligárquico e indiscutível perfil mudancista conseguisse levantar Sergipe numa revolução pelo voto produzindo a vitória que hoje me traz aqui. A presença de Vossa Excelência para em nome do povo sergipano assumir o governo do Estado trazendo no coração o compromisso democrático e popular e nas mãos as bandeiras das mudanças.

Meus irmãos e minhas irmãs de Sergipe, décadas de dominação oligárquicas cristalizaram na vida pública sergipana um conjunto de erros políticos, vícios administrativos e desvios éticos. A mesmice tornou-se matéria-prima das ações de governo e a incompetência administrativa muitas vezes lançou fora oportunidades históricas que poderiam ter melhorado a vida do nosso povo e avançado a marcha de Sergipe rumo ao desenvolvimento. A ausência de alternância de poder permitiu que, à sombra do aparato estatal, gerasse uma elite divorciada do povo, agindo como se fosse proprietária de Sergipe, estabelecendo vínculos oligárquicos, quando não hereditários de poder, e sobrevivendo graças a acordões, que transformando o adversário de ontem em aliado de sempre, buscavam impedir as mudanças, preservar privilégios, falsas prioridades ditadas por interesses politiqueiros, terminaram por lançar no interior do estado um grande abandono.

Diminuir a força da agricultura, limitar a política industrial e na prática colocar em risco o futuro da economia do nosso estado. As políticas públicas perderam o seu caráter universal, sufocada pelo clientelismo e pelo assistencialismo de matriz eleitoreira. A saúde pública foi entregue a soluções precárias que torturam e ofendem os sergipanos. Nossa infra-estrutura viária foi sucateada e a segurança pública está vivendo uma crise de proporções gigantesca e de difícil solução.

Os interesses de Sergipe foram sacrificados nos tempos da vaidade, do personalismo. O nosso estado foi usado como uma trincheira para atingir o presidente da República e os recursos repassados pelo governo foram escondidos da população, deixando que a União assumisse o papel de bode expiatório para frustração de algumas promessas. Mas eu e meu amigo companheiro e conterrâneo Belivaldo Chagas, vice-governador empossado, não estamos aqui para olhar para trás. Queremos enfrentar os desafios e construir junto com os poderes republicanos e a sociedade organizada os instrumentos modernos e contemporâneos que nos possibilite a superação dos graves problemas que nos esperam. E quando as lições do velho Marx no seu 18 de Brumário e de nosso genial conterrâneo Manuel Bomfim em sua obra “América Latina: os males da origem”, não permitiremos que o peso do passado oprima nosso cérebro, nem comprometam o nosso futuro. Que os mortos enterrem os seus mortos.

Voltemo-nos para ação fecunda, demo-nos à vida toda a nossa atividade e ela nos levará para o progresso e para a vitória, como leva a árvore para o alto e para a luz. Estamos olhando para frente e buscando desinterditar o por vir. Ao invés de ancorarmos o nosso coração no passado, queremos convocar o futuro. Para isso é preciso fazer do trabalho a nossa consigna da humildade, da nossa marca do amor a nosso povo o principal compromisso e a mudança, a nossa grande bandeira.

Mudança. Esta foi a palavra que sintetizou os sentimentos e traduziu os ideais abrigados no generoso coração da gente sergipana. A mudança transformou-se para os sergipanos em um instrumento de combate à mesmice e na oportunidade de superar o atraso e, construindo o progresso, dialogar com o futuro. Mudar não como um modismo passageiro, uma troca de rostos ou de nomes, mas como um câmbio de gerações, uma renovação de idéias, práticas e costumes, um gesto de fé e esperança. Mudar para ser feliz e viver melhor.

O que a campanha eleitoral possibilitou, de fato, foi agregar conteúdo e substância ao verbo mudar. O povo sergipano, com a sua luta e a força do seu voto, fez dessa palavra a tradução de um tempo novo marcado pelo desenvolvimento e pela inclusão. Os exatos termos de programa do nosso governo que foi elaborado a partir de dois grandes eixos: inclusão pelos direitos, através de oferta de políticas públicas de acesso universal de boa qualidade, e a inclusão pela renda através do investimento privado, das parcerias e do papel imolador do Estado, agora lastreado por uma política séria de planejamento, direcionando o desenvolvimento de modo que ele seja economicamente sustentado, regionalmente sustentado, descentralizado, socialmente justo e ambientalmente responsável. Eis porque mudar para nós, mais do que um desejo, é um compromisso alicerçado na força do povo que avalizou com o seu voto a sua adequada tradução política. Mudar, portanto, será produzir políticas públicas consistentes, realizar os investimentos necessários, buscar as parcerias possíveis e resgatar o espírito empreendedor do povo sergipano com um único objetivo: fazer de Sergipe um grande estado e do seu povo uma gente feliz.

Significa, a mudança, inverter as prioridades, dirigindo o investimento público para aqueles que mais precisam. Não podemos e não teremos vergonha de dizer que no nosso governo os pobres são a prioridade. Governaremos com todos e para todos, deixando claro, no entanto, que a atenção prioritária é para os que mais precisam: os desempregados, as juventudes das periferias, os sem-terra, os sem-teto, os idosos, as crianças e os adolescentes, enfim, aqueles que cabem nessa palavra tão dura, mas infelizmente tão real, os excluídos.

Mudar é modernizar a administração estadual e valorizar os seus servidores, ampliando a oferta de serviços públicos e qualificando esses serviços em benefício de toda uma sociedade. Mudar é fazer da educação instrumento indispensável à formação da cidadania e à elevação do padrão econômico desse estado, gerando benefícios para o conjunto da sua gente. Mudar é construir uma nova política de segurança pública que devolva a tranqüilidade para os lares sergipanos. Para isso, vamos nos empenhar na difícil e gigantesca tarefa de organizar uma nova polícia profissionalizada, sem a indevida interferência político-eleitoral.

Há 20 anos, nesta tribuna, travei o meu último debate como deputado estadual. Era meu ex adverso o deputado e inesquecível amigo Djenal Tavares de Queiroz. Ninguém mais diferente do que eu, um ex-líder estudantil, um homem de esquerda, um socialista e ele um general de reserva, conservador… Mas que grande amigo, que lições aprendi. Hoje assinei o termo, presidente, com a caneta que dona Maria, sua viúva, me presenteou. Uma homenagem à política como convivência, a política que exige combate porque não há política sem disputa, mas política que cobra respeito, porque não há democracia sem tolerância.

Pois bem, aqui travei meu último debate como deputado estadual. Eu defendendo a implementação da carreira de delegado e ele combatendo a tese que então era apresentada. Desde àquela época, eu estou convencido de que é um erro de nós políticos brigarmos para indicar um delegado de polícia. É, na prática, impedir que a segurança evolua, se profissionalize e ofereça uma tranqüilidade aos nossos munícipes, aos nossos liderados, às pessoas e às famílias que dependem da nossa ação política para ter um estado eficiente. Nós, e aqui eu falo para oposição e para a situação, nós precisamos encarnar essa realidade que o século XXI nos exige. Vejam o que está ocorrendo em São Paulo e no Rio. Nós não podemos permitir que aquilo se alastre pelo Brasil inteiro. Precisamos, nós os políticos, com tranqüilidade dizer “vamos entregar a segurança pública a quem entende dela: os policiais militares, os delegados, os técnicos” para que eles organizem de forma impessoal, sem perseguições políticas, uma força policial que dê paz a nossa gente. Porque nós queremos fazer uma polícia que seja equipada com a mais moderna tecnologia e educada nos respeitos aos direitos da pessoa humana. Uma polícia que não seja apenas reativa quando o crime ocorre, mas que seja preventiva e, possuindo bases comunitárias, desencoraje o crime antes da sua prática. Uma polícia, meus amigos, que desperte o respeito dos homens e das mulheres de bem e o temor dos bandidos e dos marginais.

Mudar é trabalhar de forma solidária e republicana com os municípios sem preconceito com político ou nem descriminação ideológica, olhando em primeiro lugar o cidadão sem perguntar qual é a opção partidária nem qual foi o voto do prefeito. É descentralizar o desenvolvimento, levando ao interior do estado a partir de uma política regionalizada vinculada às vocações locais, atraindo investimentos, estimulando os produtores e ampliando o acesso dos jovens interioranos à universidade e ao ensino técnico.

Mudar é recuperar a nossa infra-estrutura viária, ampliar os investimentos em saneamento básico e buscar a preservação e a melhoria da qualidade ambiental dos nossos rios e de toda a natureza sergipana. Mudar é assumir diante de Deus, desta Assembléia e do meu povo o compromisso sagrado de recuperar a credibilidade do poder público, combater a corrupção e o desperdício, racionalizar as despesas, otimizar os investimentos. Enfim, dar qualidade ao gasto público que, em última análise, sai dos bolsos de trabalhadores e empresários, sai do suor e do trabalho da nossa sociedade. Mudar é combater os preconceitos contra os índios, os negros, as mulheres e os que têm opção sexual diferenciada. É combater preconceitos, meus senhores e minhas senhoras, é apoiar e produzir políticas afirmativas que libertem a igualdade do terreno pantanoso e minado da retórica e a transforme em conquista social cotidianamente exercida.

Mudar é resgatar a auto-estima dos sergipanos, elevando a nossa voz e falando para que o Brasil nos ouça e nos respeite. Não temos o direito de nos encabular diante da nossa condição de sergipanos. Precisamos recuperar o saudável orgulho de olhar para o mundo sem arrogância, mas com firmeza, batendo a mão no peito e dizendo: muito prazer, eu sou brasileiro, sou nordestino, sou sergipano.

Não acredito em determinismo geográfico. Sergipe é o estado de menor dimensão territorial do país, mas as fronteiras do mapa jamais serão aceitas como demarcatórias da grandeza da nossa alma, da dimensão da nossa brasilidade, nem da grandeza do nosso talento.

Ao longo dos séculos, honramos a nossa condição de brasileiros e oferecemos o nosso tributo à nação. O sangue dos nossos pracinhas, o suor dos nossos trabalhadores, as riquezas do nosso subsolo, a capacidade empreendedora dos nossos empresários, e o brilho da nossa inteligência deixaram a sua marca indelével no processo de formação do Brasil. Portanto, exigiremos respeito e nos faremos merecedores do carinho com que os nossos patrícios sempre nos brindaram.

Senhor presidente, senhores deputados, vivemos, tem razão o deputado Venâncio Fonseca, um momento ímpar para Sergipe. A reeleição do presidente Lula representou uma vitória política de repercussão internacional, consignando o apoio indiscutível do povo brasileiro ao maior líder popular da América Latina. O operário que se fez estadista e o estadista que se fez povo, traduzindo nas suas prioridades o compromisso histórico de redenção política e social da nossa gente.

Recente pesquisa aponta o presidente Lula como o mais popular desde a redemocratização do Brasil. Isso me dá condições de construir um novo governo, lastreado numa coalizão política que dê qualidade e estabilidade à sua base. Nos seus pronunciamentos, o presidente Lula tem reafirmado o seu compromisso prioritário com os mais pobres e com as políticas públicas que enfrentem o grande problema da desigualdade regional. Além disso, o desenvolvimento passou a ser a palavra de ordem desse segundo mandato. Tudo nos leva a crer que Sergipe tem condições de se inserir de modo ativo, como protagonista desse novo momento para o Brasil e para o Nordeste.

Como governador dos sergipanos e aliado do presidente, temos um programa articulado com os objetivos do Governo Federal e identificado com as suas prioridades. Buscaremos as parcerias e o protagonismo, levando ao governo da União as reivindicações de Sergipe, no sentido de atrair investimentos estruturantes, especialmente nas áreas dos recursos hídricos, do saneamento básico, infra-estrutura viária, turismo, segurança, saúde e educação. Pleitearemos nos fóruns nacionais um novo pacto federativo que equilibre financeira e economicamente os entes federados, dando-lhes as condições efetivas para que as autonomias federativas deixem de ser uma mera ficção constitucional.
A rápida reabertura da Sudene é indispensável para Sergipe e para o Nordeste e deverá ter o seu funcionamento garantido. Bem assim os recursos que viabilizarão o seu papel de agente do desenvolvimento nordestino.

Quero também reafirmar aqui a posição do estado de Sergipe e do seu governador contra o atual projeto de transposição do Rio São Francisco. Continuarei manifestando a nossa posição de priorizar a revitalização e lutarei com o apoio da nossa bancada para aprovar a emenda Valadares, que garante recursos vinculados aos projetos revitalizadores da bacia.

Meus queridos companheiros, contemplo daqui a face hierática desse grande sergipano e brasileiro que é João de Seixas Dória. Brasileiro cuja valentia cívica e devoção democrática ofereceu a matéria-prima com que a história já lhe ergueu um monumento, antecipando-se ao bronze. Em fevereiro, Seixas Dória comemora 90 anos de vida. Um ex- governador eleito em 1962, apoiou João Gullar e as reformas de base. Réu sem crime, teve atropelado o seu mandato pela violência da ditadura militar, cassados os seus direitos políticos e foi aprisionado em Fernando de Noronha ao lado do inesquecível líder popular de Pernambuco Miguel Arraes.

Olhando agora, querido governador Seixas Dória, tenho a exata dimensão do momento histórico que estamos vivendo. Eis outra vez a sutil estatura do grande tapeceiro que inclino à musa da história. Há quarenta e quatro anos que esse Estado não empossava um governo de centro-esquerda. Nunca um governador foi eleito por um partido de esquerda como o Partido dos Trabalhadores. Diante da história, tenho a exata noção do peso que estou recebendo por sobre os meus ombros, mas creio que a gigantesca tarefa das mudanças precisam ser encaradas na exata medida. Não se constitui em objetivo fácil, mas também não pode ser vista como uma missão impraticável. Max Weber nos ensinava naquele opúsculo genial intitulado “A Política como Vocação” que a política consiste num esforço lento e enérgico para atravessar um material compacto. Isso exige o sentido das proporções e da paixão. A experiência histórica confirma que o homem jamais atingiria o possível se não lutasse pelo impossível.

Este primeiro ano será muito difícil. Será o ano da reconstrução, das reformas administrativas, da superação dos obstáculos criados com uma série de novas leis desde o último mês de outubro. Será o ano de adequar a máquina e o seu funcionamento às novas políticas de governo. Será a hora de formalizar projetos, buscar parcerias e atrair investimentos. Estou certo de que conseguiremos realizar os nossos propósitos, mas para isso será indispensável o apoio popular e participação decidida da sociedade. Eu sou o resultado da luta política do meu povo. Sei que sem ele nenhum poder se sustenta, nenhuma legitimidade se constrói, nem o sucesso se edifica.

Será imprescindível também a parceria responsável, qualificada e republicana entre o executivo e essa casa de leis, presidente, onde cumpri o meu primeiro mandato popular e de cujas lições ainda sou devedor. Acredito na instituição parlamentar e temo sempre quando alguns, a título de purificá-la, tentam erodir o seu prestígio. Não sobrevive o regime democrático sem o alicerce da representação da qual o parlamento é pedra principal e angular. As relações que pretendo manter com essa casa jamais dispensarão o respeito à sua independência e aos predicamentos dos os dignos membros. Independência e harmonia, eis os princípios mediadores, presidenta Marilza… Independência e harmonia, eis aí os princípios mediadores da relação entre executivo, legislativo e judiciário. Esta receita foi a própria constituição que avivou e esta fórmula será permanentemente buscada pelo governo que neste momento se inicia.

Minhas senhoras, meus senhores, peço-lhes agora a permissão de lhes abrir o meu coração e deixar que um pouco da emoção, que quase me sufoca, possa fugir do meu peito, quem sabe, chegar à minha boca habitar na arquitetura das minhas palavras. Meus amigos, minhas amigas, quem hoje toma posse é um sergipano de Simão Dias, terra que comigo completa quatro governadores e com Belivaldo chega ao terceiro vice-governador. Antes de mim o desembargador Gervásio Prata, de forma interina Celso de Carvalho e atual senador Antônio Carlos Valadares tiveram a honra de assumir a suprema magistratura deste Estado.

Tenho quarenta e seis anos, sou neto por parte de mãe de José de Carvalho Déda, Zeca Déda, autodidata, rábula, deputado estadual constituinte em quarenta e sete, deputados estadual por três mandatos, jornalista e folclorista.. Era, no prosear roseano do grande mineiro, de uma raça de homens que o senhor mais não vê, mas eu vi ainda. Ele tinha conspeito, esse neologismo belíssimo criado pelo Guimarães Rosa. Conspeito, consideração e peito, ele tinha um conspeito tão forte que perto dele até o doutor, o padre e o rico se compunham. Dele carrego o legado ou o carma da minha vocação política.

Por parte de pai, descendo de um camponês de Paripiranga na Bahia, Sertanejo Xisto Chagas. Minhas avós foram Maria Arciole de Oliveira, mãe Sazinha, e Josefa Celestina Chagas. Meu pai Emanuel estava na igreja ao lado da minha mãe Zilda. Meu pai Emanuel está aqui ao lado da minha mãe Zilda. Isso por si só atesta a generosa presença de Deus em minha existência. Chego ao topo da minha vida pública sob os olhos e as preces dos que me doaram a luz da vida e suportaram o sacrifício que viabilizaram a minha formação como homem e como cidadão. Agradeço-lhes por tudo pedindo respeitosamente a benção e lhes prometo, não renegarei o nome que me legaram e é a mais rica das minhas heranças.

Aqui também estão os meus filhos, de quem a política tantas vezes me afastou, impedindo que eu pudesse estar mais perto em tantos momentos belos e difíceis das suas vidas. Marcela, com o namorado Segundinho, Yasmim, com o namorado Lucas, Luisa que não tem namorado ainda, espero, e João Marcelo, o caçula. Vocês são a minha fortuna, vocês são o discurso da vida se impondo diante do tempo, eternizando em suas faces alguns de meus traços e espero em seus carateres a minhas reduzidas virtudes. Ao abençoar–lhes agradeço o amor e o apoio e prometo lhes legarei um nome limpo que possa ser ostentado pelos seus filhos e pelos filhos de seus filhos com orgulho e gratidão.

Aqui esta Eliane, o amor que me surpreendeu maduro e que renovou minha vida, devolvendo-me paixão, emprestando a solidariedade militante e construindo, no aconchego dos seus braços, o doce porto onde esse marujo cansado encontra alento e busca coragem para continuar navegando. Guimarães Rosa, que sabia tudo pela boca de Riobaldo nos dizia, que por amor também é que a coragem se faz. Obrigado meu amor.
O meu muito obrigado à militância do Partido dos Trabalhadores, cuja coragem e fé fez dele uma das mais belas construções da luta coletiva do povo brasileiro. Os gravíssimos erros que sob o PT se abateram devem ser enfrentados sem qualquer concessão ou desculpa. Os resultados eleitorais, os resultados de votação que reelegeram Lula e elegeram cinco governadores, além de deputados federais e estaduais, não podem ser lido como anistia para os erros, mas como oportunidade histórica de começar de novo, refazendo do PT o que ele sempre foi: um exemplo na vida pública da República brasileira.

Para todos os dirigentes e líderes interioranos e da capital, a todos os militantes e dirigentes aliados que conosco se somaram nessa luta histórica, a minha gratidão e o meu compromisso de estar ao lado de vocês nos novos embates que a democracia e vida nos reservam.
Senhor presidente, senhoras e senhores deputados, aqui e lá fora estão os pais e as mães, os filhos e as filhas do povo de Sergipe, os responsáveis, cheio de amor, de confiança, de amizade e de respeito. Hoje sou governador pela graça de Deus e pela vontade do povo. Chego ao governo do Estado com o voto, a esperança e as preces dos vaqueiros, dos pescadores, dos operários, dos estudantes, das rendeiras, dos empresários, dos poetas, dos desempregados, dos motoristas, dos policiais, dos marchantes, dos servidores públicos, dos alfaiates, dos padres e dos pastores, das empregadas domésticas, dos sapateiros, dos pequenos proprietários, dos profissionais liberais, dos roceiros, dos sem-terra, dos bancários, dos jovens e ancião, dos músicos e artesãos, de homens e mulheres, enfim, dos sergipanos de todos os lugares, de todas as cores, de todas as profissões e classes sociais.

Lhes peço que fiscalizem o meu governo e cobrem do governador. Se eu errar, corrigiam-me. Eu não tenho compromisso com o erro, não lhes peço paciência. Vocês já tiveram tanta paciência, peço-lhes apenas compreensão. O tempo do meu mandato é quatro anos. Lembre-se do ecleciaste: há tempo para tudo sob o sol, antes de colher é preciso deixar que a semente germine, que a planta se fortaleça e que o fruto naturalmente desabroche.

Meus irmãos sergipanos, chega ao fim esta oração. “Não nos dispersemos”, pedia Tancredo. O atraso ronda sorrateiro, lança pedras sobre o nosso caminho e tentará perturbar a nossa caminhada. Lembrem-se de Drummond: “no meio do caminho havia uma pedra”. São muitos os obstáculos que precisamos remover e removeremos juntos, povo e governo. Podemos hoje, sergipanos de um novo tempo e de um novo século, assumir o desafio de retirar as pedras do caminho e abrir novas estradas para o progresso, a paz, a prosperidade e a felicidade, usando a simplicidade dos mais sábios com o mais singelo dos instrumentos que o criador nos dotou, com as palavras de Drummond: “duas mãos e um sentimento do mundo”.

Sergipanos e sergipanas, peço as suas orações ao Deus de Israel, o Deus dos nossos pais e dos pais de nossos pais, que me dê a sabedoria e humildade para que eu possa honrar o mandato que eu recebo. Que Deus proteja Sergipe e abençoe a todos os sergipanos. Vencemos e venceremos. Viva a Sergipe!

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