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A primeira reunião para implantação em Sergipe do Plano de Ação Nacional sobre a Conservação do Patrimônio Espeleológico nas Áreas Cársticas, da Bacia do Rio São Francisco (PAN-Cavernas) foi realizada na tarde de quinta-feira, 30, no auditório da Codise, com o apoio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh).

Com uma iniciativa do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (Cecav), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o PAN-Cavernas visa garantir a conservação do patrimônio espeleológico da bacia do São Francisco, gerando conhecimento, incentivando o uso sustentável e reduzindo os impactos antrópicos.

De acordo com o coordenador do Cecav, Jocy Cruz, O PAN Cavernas do São Francisco abrange três áreas cársticas prioritárias, localizadas na bacia do Rio São Francisco e entorno. “Essas áreas são consideradas estratégicas para as ações de conservação e uso sustentável do patrimônio espeleológico”, afirma, enfatizando que a bacia do Velho Chico é a terceira maior do mundo e totalmente nacional, ocupando 8% do território brasileiro.

“O significativo número de cavernas, as expressivas paisagens cársticas (caracterizadas pela corrosão das rochas), as riquezas minerais, os recursos hídricos e os aspectos históricos, pré-históricos e culturais relacionados às cavernas, além da diversidade de fauna e flora, fizeram com que o Cecav elaborasse um Plano de Ação Nacional dedicado à conservação da região”, explicou.

“O Plano de Ação Nacional teve seu recorte por bacia hidrográfica, para tratar não somente o ambiente cavernícola propriamente dito, como também, a área de influência das cavernas, que inclui uma série de relações ambientais, sociais, culturais e econômicas”, destaca ainda o coordenador do Cecav/ICMBio.
Segundo o secretário do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Genival Nunes, o Governo de Sergipe tem sido um aliado das iniciativas ambientais do Governo Federal com relações as questões ambientais. “E esta é mais uma interação nossa, a qual estaremos canalizando esforços para desenvolver ações que venham proteger as cavidades no nosso Estado”, salientou Genival.

As reuniões do PAN Cavernas já ocorreram em Brasília, Salvador e Belo Horizonte, acontecendo em Sergipe a quarta reunião. Para o secretário, que recebeu das mãos do coordenador do PAN Cavernas um livro contendo os 14 objetivos e as 136 ações a serem desenvolvidas, o conhecimento e a divulgação sobre a importância do ecossistema das cavernas é uma grande iniciativa do ICMBio.

Quantidade de cavernas

Levantamento feito pelo Cecav/ICMBio em novembro de 2011 apontou a existência de 4.318 cavernas e 307 áreas protegidas (69 federais, 89 distritais, 85 estaduais e 64 municipais), na região da bacia do São Francisco. Após cruzarem os dados geoespaciais, os técnicos verificaram que apenas 1.542 cavernas (35,7%) estão localizadas dentro de 51 áreas protegidas, sendo 424 cavidades em unidades de proteção integral, 1.116 em unidades de uso sustentável e duas em terra indígena.

Em nível federal, 91% das cavernas existentes na região de abrangência do PAN se encontram dentro de unidades de conservação de categorias de uso sustentável (APA, Flona e Resex) e somente 9% em categorias de proteção integral (Parna e Esec).

Já o estado de Sergipe tem hoje um total de 24 cavernas registradas pela  Sociedade Brasileira de Espeleologia, sendo que 10  localizadas em Laranjeiras. As outras estão localizadas nos municípios de Maruim, Itabaiana, São Domingos, Simão Dias, Lagarto, Riachuelo, Divina Pastora, Japaratuba, Rosário do Catete e Macambira.
Dados da ONG Centro da Terra: Grupo Espeleológico de Sergipe, o menor Estado da federação também possui cavernas de pequenos desenvolvimentos, não ultrapassando os 250m. A sua maioria já é conhecida, a exemplo da “Toca da Raposa”, localizada no município de Simão Dias.

Segundo a bioespeleóloga, doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe, Christiane Donato, devido à formação geológica do estado apresentar formações rochosas com grande predisposição à formação de cavidades subterrâneas (calcário, dolomito, quartizito) esse número pode ser uma subestimativa do verdadeiro potencial espeleológico.

“Poucas pessoas têm conhecimento da existência de cavernas no Estado e menos ainda sabem da importância de conservá-las. Todas as cavernas são patrimônios da União, mesmo as que estão localizadas em terreno particular e há legislação específica para sua conservação. Necessita-se de investimentos para aumentar os estudos desse mundo subterrâneo, o qual se for destruído será como um novo planeta que sumiu sem nem se quer ser conhecido”, considera a pesquisadora, enfatizando a importância do PAN Carvernas.

Christiane explica que é a fauna específica, existente nessas cavidades, que a tornam tão importantes para a conservação da biodiversidade do Estado e mesmo do Brasil. “Os poucos estudos de caverna no estado de Sergipe se intensificaram a partir da década passada, os quais são feitos a custa de muito esforço e poucos recursos financeiros. Mesmo assim já se tem dados relevantes quanto à ampliação de distribuição de espécies de vertebrados e invertebrados a partir de pesquisas científicas nas cavernas sergipanas”.

“Aranhas, morcegos, sapos, rãs, pererecas, lagartos e cobras compõem a fauna de vertebrados das cavernas do estado. Para muitos desses animais (os anfíbios principalmente) as cavernas servem de abrigo principalmente na época seca, aproveitando-se da temperatura menor e umidade maior que encontram nesses ambientes em oposição ao ambiente externo”.

Algumas cavernas também servem para nidificação de algumas aves, assim elas põem seus ovos e seus filhotes ficam alojados por um tempo nesse ambiente mais protegido. Na caverna da Gruta da Janela essa prática é feita pelo Urubu da Cabeça Preta (Coragyps atratus) e na Toca da Raposa, pela coruja rasga mortalha (Tito alba).

Turismo

As cavernas também possuem importância histórica e podem ser manejadas para o turismo ecológico e histórico, o qual tende a ser mais sustentável e a conservar melhor as características naturais das cavidades onde ocorrer.

“Em Laranjeiras temos a Gruta Pedra Furada e Gruta da Matriana. As cavernas possuem lendas e histórias que povoam o imaginário da população do município”, conta a bioespeleóloga”, enfatizando o popularismo das cavernas sergipanas entre os moradores da região.

Participações

Além do secretário Genival Nunes, participaram da reunião de implantação em Sergipe do Plano de Ação Nacional sobre a Conservação do Patrimônio Espeleológico nas Áreas Cársticas da Bacia do Rio São Francisco o promotor público Eduardo Matos; Luis Carlos presidente da Bacia do Rio São Francisco; Valdineide Santana, superintendente da Semarh; Paulo Maier, ICMBIO da Apa Araripe; Antonagelo Augusto, do Ibama do Estado de Pernanbuco; José Thiago, do ICMBIO da Bahia; além de integrantes do Pagea; do Grupo Espeleológico Centro da Terra de Sergipe, do  GMSE da Bahia; estudantes da UFS;  da UFRGS;  e instituições públicas e privadas, a exemplo da Fapese; Petrobras, Codise, Sociedade Civil e do Ibama/Se.

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