[vc_row][vc_column width=”2/3″][vc_column_text]Sentado frente à sua mesa repleta de revistas, jornais e papéis, tendo em volta diversos livros dos mais variados assuntos, Célio Nunes, jornalista e escritor sergipano, recorda seus tempos de militância enquanto organiza recortes de jornais para enviar à sua irmã Laíde Nunes, nos Estados Unidos. Entre os livros, muitos da literatura russa, sergipana e baiana, guardando a esta, admiração especial por Jorge Amado.

Um dos personagens a ser condecorado com a medalha da Ordem do Mérito Cultural Ignácio Barbosa, Célio Nunes agradece a Prefeitura de Aracaju por homenagear não só ele como outros companheiros e verdadeiros heróis anônimos, valorizando todos que contribuíram de alguma forma para cultura do estado. “Estou lisonjeado com a homenagem”, afirma. A entrega da medalha ocorrerá durante solenidade no dia 19, às 17 horas, no auditório da Sociedade Semear e integra a programação alusiva ao 149º aniversário de Aracaju.

“Célio Nunes pertence a uma privilegiada irmandade: esta constituída de escrevedores–pensadores, que quando deitam a lançar frases sobre o papel o fazem com tal elegância, firmeza e zelo, que é de pensar o branco da folha manifestando-se infinitamente grato por tornar-se o suporte de tão extraordinário talento”, declara Léo Antônio Mittaraquis, critico literário que teve o privilégio de escrever a orelha do livro Réquiem para José Eleutério, editado pela Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esportes (Funcaju).

Vida e obra

Correndo nas veias o sangue de José Nunes da Silva, operário gráfico e líder sindical entre as décadas de 20 e 50 e início da década de 60, e da professora Júlia Canna Brasil e Silva, Célio Nunes nasce num ambiente de militância política acariciado pelo universo das letras.

Na adolescência, estudante do Atheneu Sergipense, ingressa na União da Juventude Comunista, tornando-se na década de 50 dirigente do Partido Comunista Brasileiro, o Partidão. “Na fase da adolescência firmei o desejo, a aspiração der ser jornalista, escritor. É o que fui, e continuei sendo e vou morrer sendo, exercendo principalmente o jornalismo, profissão que adotei e sobrevivi com ela”, diz Célio.

Durante o período de 13 anos viveu na Bahia, onde trabalhou no jornal Tribuna da Bahia, Salvador, além de outros da região, mantendo sua vida de militância política e cultural junto com o irmão jornalista Hélio Nunes. Em Itabuna, tinha um grupo de teatro e literatura que irradiava cultura a sociedade, quando em 64 foi preso e seu irmão perdeu a gráfica, desestruturando toda a família. “Não sofri tortura física, apenas psicológica, traumática até certo ponto, mas já estava preparado”, diz.

“Em Itabuna publiquei meus primeiros livros, e minha vocação desde o início era ser ficcionista, tanto que a área que gosto mais e pratico é a ficção através do conto, histórias curtas”, ressalta o escritor que não se prende a estilos e busca, nas reminiscências da infância os personagens de seus contos.

De volta a Aracaju, dá continuidade às suas atividades essenciais e prazerosas: política, sindicalismo, fundando nesse período o Sindicato dos Jornalistas, do qual foi presidente por duas vezes. Junto com José Eugênio de Jesus começou a exigir a regulamentação da profissão, a incentivar o curso de jornalismo e registrar pessoas que já praticavam a profissão. “Gerou muita polêmica, mas dei a minha contribuição ao sindicalismo. Também fui diretor da Federação Nacional de Jornalistas e presidente da Associação Sergipana de Imprensa”, ressalta Célio Nunes.

Na Gazeta de Sergipe foi redator, no Jornal da Cidade redator e editor, e no Jornal da Manhã atuou nas três funções: redator, editor e diretor. Editando o caderno de cultura Arte e Palavra, no JM durante três anos, marcou história e hoje serve de fonte de pesquisa cultural, segundo suas próprias palavras, deixando transparecer saudosismo do tempo em que o suplemento cultural era direcionado aos meios intelectuais de todo o Brasil. “Foi uma das realizações mais gratificantes que o jornalismo me proporcionou e pelo qual me responsabilizei”, declara.

Hoje o homenageado pela PMA atua como colaborador do jornal Cinform, não retornando à atividade diária das redações, permanecendo em casa praticando suas preferidas atividades: ler e escrever contos. “Nesse tempo de recolhimento, fico escrevendo e lendo, pois são as coisas que mais gosto de fazer. Tenho três livros escritos, inéditos, um de crônica e dois de ficção”, declara, passando o olhar sobre O Diário de J. W. e outras histórias, no qual, em um dos contos deixa que o leitor escolha o seu final, disponibilizando cinco alternativas à imaginação e conclusão de cada um.[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]

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