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“Fechei meu coração para o mundo e só chorava”. As palavras de Marili Souza, 26, refletem o sentimento vivido pela paciente após a chegada do segundo filho. O menino, que nasceu com uma infecção grave, há oito dias apresenta problemas respiratórios. A notícia de que ele ficaria internado na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin), representou uma sentença de morte para a dona de casa.

O misto de dor e sofrimento só foi minimizado graças às psicoterapias realizadas diariamente na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, referência no Estado em gravidez de alto risco. “A ajuda de Deus e a dedicação dos profissionais me fortaleceram. Se não fosse assim, talvez não conseguisse sair dessa tristeza profunda”, desabafou Marili.

De acordo com a psiquiatra Ana Salmeiron, estreitar cada vez mais o vínculo com as parturientes não só oferece confiança no serviço, mas principalmente promove a chamada ‘redução de danos’, ou seja, impede o agravamento do quadro em que a nova mãe se encontra, evitando a temida depressão pós-parto.

“Ainda que a chegada de um bebê seja excitante e recompensadora, muitas vezes também pode ser difícil e estressante. Para muitas mulheres, depois do parto existe uma sensação de perda, de vazio, porque aquele ‘ser dependente’ já não se encontra mais na barriga. É como se houvesse uma regressão capaz de provocar insegurança e baixa autoestima”, informa Ana. 

Sintomas

Segundo os especialistas, além dos fatores psicológicos, alterações biológicas também podem provocar depressão pós-parto. Entre os agravantes estão: a grande variação nos níveis de hormônios sexuais (estrogênio e progesterona) circulantes, e uma alteração no metabolismo das catecolaminas, o que causa a alteração no humor e pode contribuir para a instalação do quadro depressivo.

Os sintomas incluem crises de choro sem razão, fadiga, irritabilidade, ansiedade, confusão e lapsos curtos de memória. Sentir-se muito ocupada com um novo bebê para cuidar e duvidar da sua capacidade de ser uma boa mãe também pode estimular essas alterações. 

“Estatísticas apontam que cerca de 80% das mulheres apresentam reações emocionais após o nascimento dos filhos. Com os novos papeis da mulher moderna, o fenômeno ‘super protetora’ também pode afetar o comportamento. A vontade de se tornar perfeita, com uma exigência acima da realidade, provoca confusão mental”, explica a psiquiatra.

Essa responsabilidade instantânea ainda atormenta Gláucia Moreira. A jovem de apenas 19 anos acaba de ter o primeiro bebê. Marinheira de primeira viagem, não esconde a preocupação. “Sei que ainda sou imatura, mas já que a gravidez aconteceu, tenho que aceitar e procurar fazer tudo corretamente, sem exageros. Quero que minha menina cresça saudável e feliz”, pontuou a jovem.

Tratamento

É importante saber que depressão pós-parto tem tratamento. O método adotado depende do quanto severa a doença se apresente. Um dos métodos utilizados para aliviar essa avalanche de sensações consiste em deixar a paciente verbalizar seus sentimentos, enfatizando a normalidade da sua alteração. Se a paciente não tiver tratamento adequado, os sintomas podem piorar e durar até um ano. Nesses casos, eles são tratados com medicação (antidepressivos) e psicoterapia.

“Uma de nossas pacientes chegou a apresentar crises freqüentes na enfermaria. Durante o período em que o bebê ficou na Utin ela passou a repetir o desejo de morte e até manifestou a vontade de trocar o próprio filho com os recém-nascidos das companheiras de quarto. Fizemos um acompanhamento intensivo, a parturiente foi medicada e há 15 dias recebeu alta médica. Hoje, está em casa cercada de carinho. Não é bom quando a gente chega a um final feliz?”, conclui a médica Ana Salmeiron.

 

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