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É ao lado da mãe, num leito de enfermaria, onde o estudante M.S. morador da cidade de Capela se recupera de um grande trauma. O adolescente de 13 anos estava diante de uma fogueira, quando o irmão decidiu colocar mais álcool na lenha para aumentar as chamas. “Foi um fogo só, momentos de desespero. Até agora, não acredito que meu filho está com 80% do corpo queimado”, desabafou a dona de casa Edneide da Silva, mãe do garoto.

Caso parecido aconteceu com a pequena K.M. de apenas quatro anos. Numa rápida distração dos familiares, a menina caiu dentro de uma fogueira na porta de casa, tendo os dois braços e perna direita queimados. “Eu estava na cozinha e a mãe dela tomava banho. Foram os vizinhos quem prestaram os primeiros socorros. Quando chegamos à calçada era tarde demais. Ficou apenas a lição de nunca deixar uma criança desacompanhada de um adulto”, contou a avó Eulina Cordelino.

Com essas duas ocorrências, sobe para quatro, o número de pacientes lesionados por acendimento e/ou queda em fogueira. As vítimas de fogos de artifício que deram entrada no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) no mês de junho chegam a 23. No total, o complexo hospitalar registrou 27 casos de queimaduras relacionadas aos festejos. Somadas aos acidentes ocasionados por líquidos superaquecidos, alimentos quentes e substâncias inflamáveis, a exemplo de gasolina, o índice alcança a marca de aproximadamente 300 atendimentos, média semelhante a do último ano.

Comparativo

Na análise dos números específicos, as estatísticas representam um aumento significativo em relação a 2009. Ano passado, durante o mês junino, foram internados na Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ), 10 pacientes vítimas de fogos de artifício.
 
Segundo a diretora clínica do Huse, além do novo índice, os casos chamam a atenção pela gravidade. “Mesmo com as nossas campanhas de conscientização, existe muito descuido. Quando as queimaduras são de menor porte, os profissionais realizam pequenos curativos no Pronto-Socorro e o paciente é liberado. Nesses últimos casos, notamos o comprometimento de mais de um membro, o que pode deixar sequelas no corpo por toda a vida”, explicou.
 
Para a cirurgiã plástica Madeleine Ramos, em 2010, alguns fatores sociais incrementaram o número de vítimas. “A euforia da Copa do Mundo e a cultura nordestina de soltar fogos para celebrar a festa popular se somaram e foram decisivas no total de atendimentos. Diante dessa demanda, tivemos que intensificar os procedimentos já realizados ao longo do ano”, informou a cirurgiã plástica.  
 
Recuperação
 
Na Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ) permanecem ainda Adriano Faustino, 17 anos, e Reginaldo Santos, 50, sobreviventes da trágica explosão de uma fábrica de fogos na cidade de Indiaroba. Ambos estão passando por sessões de fisioterapia preventiva. “Esse acompanhamento é fundamental para evitar retrações teciduais. Nosso foco é fazer com que o paciente não fique com os movimentos limitados”, relatou o fisioterapeuta Aristokley de Souza.
 
Um estudante do município de Estância, 12 anos, também não tem previsão de alta. No último dia 24, I.F. soltava fogos na rua com dois buscapés guardados no bolso. As faíscas atingiram os artefatos e a calça do menino entrou em chamas. Mobilizada, a população acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192 Sergipe) e o paciente deu entrada no Huse com queimaduras de terceiro grau.
 
“Graças a Deus, meu filho foi bem assistido pelos especialistas deste hospital. São médicos capazes e comprometidos com o que fazem. Agora torço para que ele se recupere logo e a gente possa ir pra casa. Sei que o município onde moro tem essa tradição forte, mas, como mãe, prometo que isso nunca mais vai se repetir”, concluiu a comerciante Érica Silva.

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